sábado, 3 de maio de 2025

Não podemos vender a misericórdia de Deus (sobre o Conclave)


 

Não podemos vender a misericórdia de Deus

 

Circula nas redes sociais e na comunicação muita propaganda acerca do Conclave e dos cardeais que o compõem, em que comentadores, jornalistas, fiéis católicos e padres vão expressando a sua opinião sobre o cardeal que deveria ser eleito Papa e os que não deviam sê-lo. Mas também não católicos se sentem no direito de opinar, utilizando argumentos que não são católicos nem de acordo com o Evangelho.

Desprezando a inspiração do Espírito Santo e o bom senso dos cardeais, que foram escolhidos pelos anteriores papas, chegámos já ao ponto de as casas de jogo aceitarem apostas nos cardeais, como se fossem cavalos de corrida. É uma forma de ganhar dinheiro como tantas outras.

Quanto às barbaridades que são escritas ou ditas na comunicação social, estão dentro do nível de cultura e profissionalismo a que estes órgãos nos têm habituado. Infelizmente.

A fotografia de um dos cardeais tem sido profusamente partilhada nas redes, aliás vários cardeais, mas um em especial, com frases rebatendo tudo o que o Papa Francisco ensinou, chamam-lhe comunista, devasso, instrumento do diabo e outros nomes igualmente desagradáveis.

Vou restringir-me a uma das frases divulgada com a fotografia de um Cardeal africano que é, mais ou menos, o seguinte:

 “Não iluda as pessoas com a palavra "misericórdia". Deus perdoa os pecados se nos arrependermos deles.”

Este é um grande disparate. Deus é amor, Deus é misericordioso. As fontes são muitas, mas estão nomeadamente em São João e em Bento XVI. Basta procurar um pouco quem não souber de cor.

Utilizo apenas um episódio da Sagrada Escritura, mas todo o Evangelho se compõe praticamente de gestos da divina misericórdia, sempre gratuita, sempre, sempre, para todos, todos, todos.

Jesus abençoa dez leprosos que, de longe, Lhe imploraram misericórdia. E manda-os irem mostrar-se aos sacerdotes. E eles assim fazem, mas no caminho notam que tinham ficado curados da lepra. Um deles regressa ao encontro de Jesus, precisamente o que não era judeu, e vem dar graças a Deus e a Jesus, pelo milagre operado.

Jesus questiona:

- Não foram dez os que ficaram limpos? Não houve quem voltasse para glorificar a Deus, a não ser um estrangeiro?

Enfim, a misericórdia de Deus é para todos, não como escrevem o tal Cardeal e padres, bispos e cónegos, portugueses e estrangeiros, nas redes e noutros meios de comunicação. Estarão à espera que os cardeais os vão ler, nalgum telefone que levaram escondido para o Conclave? Estarão apenas a causar confusão (Ai dos escandalosos!) junto do povo de Deus? Ou querem estipular um preço para a misericórdia de Deus?

Não se sobrecarreguem os filhos de Deus com pesos, fardos ou multas, porque Deus tem um único preço para tudo o que nos dá, incluindo a sua misericórdia: de graça! Misericórdia ilimitada. Saiba cada um de nós seduzir os irmãos, de modo geral o próximo, para a conversão ao Evangelho, sem estipularmos mais-valias, alcavalas, taxas, para a misericórdia que Deus distribui abundantemente.

 

Papa Francisco: Santo Subito!

 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Celebrar com as crianças o Domingo 4 de Maio (III da Páscoa)


 

2025-05-04

DOMINGO III DA Páscoa

 

 

Oração coleta

Senhor nosso Deus,

alegra os nossos corações neste tempo de Páscoa

e enche-nos de esperança na nossa própria ressurreição

e na vida eterna.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


Cf. Atos 5, 27b-32.40b-41

Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, o sumo-sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo:

- Já proibimos totalmente que vocês ensinassem em nome de Jesus; mas vocês desobedecem e enchem Jerusalém com a vossa doutrina.

Pedro e os Apóstolos responderam:

- Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vocês mataram, pendurando-O no madeiro da cruz. Deus elevou Jesus pelo seu poder, como Chefe e Salvador, para nos dar o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem.

Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos com chicotes, e voltaram a mandar-lhes para não falarem no nome de Jesus, e depois soltaram-nos. Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem maltratados por causa do nome de Jesus.

 

Palavra do Senhor.

 



Salmo 29
Refrão: Eu vos louvarei, Senhor, porque me salvastes. Repete-se

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem
os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer à cova. Refrão

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria. Refrão

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente. Refrão


Cf. Jo 21, 1-19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro:

- Vou pescar.

Eles responderam-lhe:

- Nós vamos contigo.

Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus:

- Rapazes, tendes alguma coisa de comer?

Eles responderam:

- Não.

Disse-lhes Jesus:

- Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis.

Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo preferido de Jesus disse a Pedro:

- É o Senhor.

Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns cem metros da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus:

- Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora.

Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia com cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus:

- Vinde comer.

Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro:

- Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?

Ele respondeu-Lhe:

- Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.

Disse-lhe Jesus:

- Apascenta os meus cordeiros.

Voltou a perguntar-lhe segunda vez:

- Simão, filho de João, tu amas-Me?

Ele respondeu-Lhe:

- Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.

Disse-lhe Jesus:

- Apascenta as minhas ovelhas.

Perguntou-lhe pela terceira vez:

- Simão, filho de João, tu amas-Me?

Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe:

- Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo.

Disse-lhe Jesus:

- Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te vestias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te há-de vestir e te levará para onde não queres.

Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou:

- Segue-Me.

 

Palavra da salvação.        

 

 

Oração Universal

Irmãos e irmãs,

Vamos pensar em Jesus ressuscitado

e aqui presente junto de nós

e pedir-Lhe para dar coragem aos que trabalham pela Igreja

e aos que são maltratados por causa do nome de Jesus, dizendo com alegria:

 

Cristo ressuscitado, ouve-nos.

 

1. Pelos cardeais que vão escolher o próximo Papa,

para que abram os seus corações à voz do Espírito Santo

e para que o novo Papa e a Igreja escutem e cumpram o Evangelho,

oremos.

 

2. Pelos que anunciam a Palavra e lançam as redes,

os padres, os missionários, os catequistas,

os pais e as mães e os professores,

pelos que obedecem a Deus antes que aos homens

oremos.

 

3. Pela paz, neste tempo de Páscoa, neste mês de Maio,

porque precisamos de paz,

paz para as nações e dentro das famílias,

porque a guerra traz fome e sofrimento,

oremos.

 

4. Pelas pessoas que são presas por dizerem a verdade,

pelas que são torturadas por defenderem a justiça,

pelos que são maltratados por falarem de Jesus,

e pelos que perseguem, torturam e matam os amigos de Jesus,

oremos.

 

5. Pelas mães, para que amem e cuidem dos seus filhos e respeitem os seus maridos. Pelos filhos e filhas para que amem e cuidem e façam companhia às suas mães, mesmo quando elas já estiverem velhas, doentes e cansadas. Pelos pais, para que respeitem, amem e cuidem das suas esposas,

oremos.

 

6. Por nós aqui reunidos, para rezarmos com muita força

pela Igreja e não perdermos tempo a tentar adivinhar quem vaio ser

o Papa escolhido pelos cardeais e pelo Espírito Santo,

oremos.

 

CONCLUSÃO DO PRESIDENTE


Oração sobre as oblatas
Aceita, Senhor, os dons da tua Igreja em festa;
Tu, que nos deste a grande alegria da Páscoa,

guia-nos para a Páscoa eterna.

Por Cristo nosso Senhor.            

Oração depois da comunhão
Senhor, que és tão bom,

neste ano jubilar

enche-nos com a esperança da vida eterna.


Por Cristo nosso Senhor.


 

terça-feira, 29 de abril de 2025

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Olhando para a opção preferencial pelos pobres


 Imagem da Abadia de Ottobeuren

 

 

A Igreja recebeu de Jesus o mandamento da opção preferencial pelos pobres ao dar Ele mesmo esse testemunho. Disse que veio pelos pobres:

Deus ungiu-Me para anunciar a boa nova aos pobres; Ele enviou-Me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor (Cf. Lc 4). Em várias passagens do Evangelho lemos os avisos de Jesus aos ricos para que não deixem perder a vida eterna por causa da sua fortuna.

Esta opção está, porém, balizada por uma passagem do Levítico, sem contradição, mas apenas alertando para exageros pecaminosos.

Não cometerás injustiças nos julgamentos. Não favorecerás o pobre, nem serás complacente com o poderoso, julgarás o teu próximo com imparcialidade (Lv19,15).

Aliás, sobre o julgamento que fazemos do nosso próximo são muitas as recomendações que a Sagrada Escritura nos impõe, incluindo a de não o julgar e reservar para o Senhor o atributo de único juiz.

 

Orlando de Carvalho