Todos os que negam a existência de Deus fazem-no por razões lógicas elementares. Uma pessoa não pode acreditar naquilo que não consegue sentir (ver, cheirar, tocar, ouvir, saborear) ou para a qual não tem uma explicação lógica. Acreditam no vento porque o sentem e o escutam. Acreditam nas células ou nas moléculas porque conseguem visualizá-las, ainda que através de instrumentos científicos, como a lupa ou o microscópio, ou entendem a sua existência por causa dos seus efeitos demonstrados por meios científicos, como sejam as doenças provocados por seres unicelulares ou a luz eléctrica formada por fotões.
Também há aquelas pessoas que nem acreditam nem negam, ignoram o assunto, por não o considerarem importante, ou por não terem aptidão intelectual para debater uma questão de natureza tão abrangente e complexa. Desprezam-no por falta de tempo, estão ocupadas com coisas mais importantes, segundo o seu entendimento.
Pode pensar-se que cada pessoa tem o direito a ter a sua opinião sobre a existência de Deus. Creio que esta afirmação enferma de erro. Uma pessoa tem a liberdade de ter a sua própria opinião sobre a existência de Deus, mas isso não constitui de absolutamente um direito. Ter liberdade para fazer algo não é o mesmo que ter direito a fazê-lo. Uma comunidade humana pode optar por adoptar a pena de morte. Nesse contexto, o juiz tem liberdade para a aplicar nos casos previstos. Mas não tem o direito, como pessoa – ele é pessoa antes de ser juiz – de condenar à morte. Mesmo que o faça nos termos da lei em vigor.
Podemos mais à frente, ou mais tarde, analisar as fontes do direito e as fontes das liberdades, por agora ficamos com este exemplo que nos parece bem ilustrativo.
Os negacionistas de Deus, podem manter uma discussão o tempo que desejarem, mas acabarão sempre por ficar sem resposta se confrontados com o facto de estarem a defender a teoria da Geração Espontânea.
Pode parecer que estamos a reassumir as teorias que provam a existência de Deus por necessidade de explicar a vida, o Universo, tudo que há, e que foram claramente expostas por Agostinho de Hipona, Anselmo de Cantuária, ou Tomás de Aquino. É como o “porquê” sequencial das crianças que tanto irrita alguns adultos e porque induz no sentido da causa primeira, que ninguém consegue atingir.
Não podemos assumir que tudo existiu desde sempre porque nos colocaríamos numa recta, sem princípio, que não faz sentido porque continuaria a não responder à causa primeira, ou num círculo contínuo, o que ainda faria menos sentido, porque a noção de vida se resumiria a um poço com uma nora, perpetuamente a tirar água e despejá-la de seguida para dentro do poço.
Poder-se-ia argumentar que a existência de Deus se confunde com a geração espontânea, uma vez que não havia Deus e depois espontaneamente começou a haver. Mas a ideia de Deus é diferente. A geração espontânea tem um princípio e Deus não. O tempo da existência de Deus, em termos matemáticos, será a tal recta que não tem começo nem fim. Não é de fácil acesso à razão humana algo que não tem começo nem términus. De facto a inteligência humana não pode, nem por comparação, imaginar uma coisa sem princípio. Logo, existindo algo que não tenha princípio, estará para além da compreensão humana. Só essa entidade que existe mas que não teve início, que não nasceu, que não foi criada, tem sabedoria para se entender a si mesma. E dessa entidade resulta necessariamente tudo que existe.
Como animais da mesma espécie identificam os seus semelhantes sem nunca se terem visto ao espelho, sem saberem como são? Como e por que razão os castores constroem diques? Como sabem os salmões onde desovar, bem como todos os animais aquáticos que migram? Como descobrem as aves migratórias o local onde nasceram, depois de se terem afastado dele milhares de quilómetros, e lá voltam para nidificar? Quem estabeleceu a ordem que existe na Natureza no nosso planeta? A inteligência não nos permite aceitar que essa ordenação seja de caracter espontâneo. Algo a controla, que é quem a estabeleceu. E o controlo faz parte da criação, porque as coisas foram criadas com características que estão em relação com o funcionamento que se prevê para essas coisas.
Aqui questionamos também a Teoria da Evolução. Não no seu aspecto prático, porque tal não faria sentido. Os fenómenos não acontecem ao acaso nem são predeterminados. A Evolução não acontece ao ritmo de acontecimentos imprevisíveis, mas de acordo com as leis da Natureza, leis físicas, químicas, biológicas, que são inerentes ao próprio momento da primeira criação, isto é, da criação do primeiro ente criado. A essas temos de juntar leis de outra espécie que são as da matemática e talvez, talvez, da lógica.
As leis da Matemática não foram criadas pelos seres humanos, elas existem desde sempre, e existem ainda muitas outras que ainda não foram descobertas. Mas estão lá. Lá onde? Inerentes ao próprio ordenamento do universo. Se os europeus não tivessem chegado aos novos continentes, Austrália ou América, eles não existiriam na mesma?
De onde vem o conhecimento com que as andorinhas tecem os seus ninhos?
(Este texto tem continuação)
Há uma guerra ou um acidente e as pessoas perguntam-se: Onde estava Deus? Vejo este vídeo e declaro: Eu sei onde está Deus!
Orlando de Carvalho
