Paráclito é uma palavra derivada do grego e que nunca vi
escrita ou ouvi dizer fora do contexto bíblico-teológico referindo-se ao
Espírito Santo. Não é, pois, uma palavra que seja usual no quotidiano das
pessoas. Provavelmente os não cristãos nunca ouviram a palavra e muitos
cristãos, mesmo os católicos assíduos à missa que escutam a palavra Paráclito todos
os anos algumas vezes, embora poucas, durante a Eucaristia, desconhecem o seu
significado.
Paráclito pode substituir-se por palavras ou expressões
sinónimas, como
·
Defensor
·
Advogado de defesa
·
Testemunha de defesa
·
Protector
·
Consolador
·
Intercessor
·
Auxiliador
E outras com o mesmo sentido.
Jesus prometeu aos discípulos que enviaria o Paráclito,
depois de chegar junto do Pai, para os consolar (da sua ausência material),
para os defender, para os proteger, para os fazer entender tudo o que Jesus
lhes tinha já dito, mas que nem sempre tinham compreendido.
Encontramos na Bíblia referências a um Acusador, também
designado por Satanás, Diabo, Pai da Mentira, Demónio, Adversário, Inimigo.
Temos assim um advogado de defesa, o Espírito Santo, por
isso chamado Paráclito, e um advogado de acusação, que nos acusa e é mentiroso.
Não de trata de um dualismo Bem/Mal, embora possamos ser
induzidos nessa perspectiva errada.
O Espírito Santo é Deus, é uma pessoa das três pessoas da
Santíssima Trindade. O Demónio ou Pai da Mentira é a ausência de Deus, pois
Deus exclui por definição, a mentira, Deus é a Verdade, e a Misericórdia.
O Pai da Mentira bem tenta acusar-nos diante de Deus, mas em
vão, porque Deus é misericordioso e nEle reside toda a Sabedoria, razão pela
qual não pode ser enganado pelas mentiras do Diabo.
Sendo Deus omnipresente, como poderemos entender a
existência de Satanás? Este é a ausência de Deus, de facto. Embora também seja
certa a omnipresença de Deus, no seu grande amor pelas suas criaturas, em
especial pelas pessoas, Deus ofereceu-nos a possibilidade de escolhermos o
caminho por onde queremos seguir. Deu-nos até a possibilidade de nos afastarmos
de Si, de O excluirmos da nossa vida. Se quando referimos a omnipresença de
Deus, o podemos compreender de um modo universal e também material, Deus está
em toda a parte, a questão é diferente quando tem a ver com a sua ausência,
decretada ou eleita por nós, das nossas vidas.
Deus está, sim, presente na minha vida e em todo o lugar
físico, espiritual ou imaginável. Acontece que me permite ignorá-lO e agir de
acordo com a Mentira quando eu opto por buscar algum tipo de prazer com
prejuízo e em detrimento da minha felicidade.
Só há felicidade em Deus. A felicidade é um estado de
comunhão com Deus. O prazer é um sentimento que satisfaz, não a minha essência,
a vida eterna de santidade a que fui predestinado, mas que produz em mim um
efeito “mentiroso”, falso, de realização pessoal por me fazer sentir capaz de
igualar ou suplantar Deus. A felicidade é um sentimento de mansidão e o prazer
é um sentimento de superação, de competição.
Prazer e felicidade confundem-se muito, tanto na linguagem
que usamos, porque não estamos atentos, enquanto conversamos comummente, ao
sentido teológico do que dizemos, ou por aquela ausência de Deus em nós, que
decretámos anteriormente, muitas vezes, creio, por ignorância.
Por isso precisamos tanto do espírito Santo Paráclito, para
nos auxiliar a entender a Verdade e sairmos da nossa ignorância. Não para
sermos tão sábios como Deus, mas para compreendermos a sabedoria de Deus e nos
fazermos dóceis como a ovelha é dócil ao pastor.