Todo o contexto do primeiro milagre de Jesus, em Canã da Galileia, aponta para uma nova manifestação de Jesus e para um novo convite à fé n’Ele, na totalidade do Seu ser e da Sua missão: “Jesus manifestou a Sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele” (Jo 2,11).
O milagre de Canã fecha, pois, o triângulo das primeiras grandes manifestações de Jesus, com a Vinda dos Magos e com o Baptismo, no rio Jordão. Jesus tem uma missão de universalidade humana, histórica e cósmica; o Seu ser é a união íntima e total de Deus como homem; e, pelo milagre Canã, a Sua união ao Pai estende-se à união à humanidade, em intimidade de amor fiel, centrado na Igreja Sua Esposa.
Este milagre, situado em festa de casamento, é um chamamento a voltar ao princípio de tudo, ao tempo da criação, ao sexto dia, quando Deus criou o homem e a mulher, à Sua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27). Então Deus criou a união mais íntima e profunda do amor humano, como dinamismo de Vida e de felicidade e como profecia e sinal da união misteriosa de Deus com a pessoa humana. No início da História da Salvação, Deus exprimiu o seu desígnio de união pela Aliança que contraiu com o Seu Povo eleito. A infidelidade do Povo, depois, levou ao exílio da Babilónia, mas a fidelidade de Deus renovou o encontro com a Terra e com a Cidade de Jerusalém, em termos de encontro nupcial, como anunciou Isaías: “Hão-de chamar-te “Predilecta”, ”Desposada”, porque serás a predilecta do Senhor e a tua terra terá um esposo” (Is 62, 4).
A Salvação que Jesus vai oferecer à humanidade está anunciada, em Canã, no seu primeiro milagre. É o sinal do que começa a acontecer e terá o seu fim na “Hora” última da Cruz, hora de amor supremo. Canã é o início do Caminho do Calvário, onde nascerá a nova Jerusalém, a Igreja Santa de Cristo. Em Canã, como no Calvário, manifesta-se o amor eterno de Deus, concretizado na pessoa que acredita, a começar pela mulher presente, a Mãe de Jesus. Ela é a primeira a acreditar e a primeira a ser salva. Deixemos que Ele nos tome pela mão e nos reúna aos discípulos de Jesus, no hoje da nossa vida.
Pe. Manuel Marques Gonçalves
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