A catekese baseia-se na
existência de uma relação entre dois pólos, o emissor e o receptor ou criação
dessa relação se ela não existir e depois no desenvolvimento da relação.
Esta relação exige conhecimento
mútuo porque só se realiza se existe confiança, de modo especial do receptor no
emissor, desenvolve-se em cumplicidade e encaminha-se para uma comunhão
centrada em Jesus e que inclui os dois.
Na primeira catekese, depois das
apresentações, mais ou menos alongadas, eu perguntei se já tinham ouvido falar
de Jesus, se já alguma vez tinham entrado numa igreja, se já tinham ido à
missa, se iam habitualmente, o que sabiam sobre Jesus. Desde modo descobri que
uma das crianças já tinha entrado numa igreja (acho que era uma igreja,
rectificou, …) quando foi o casamento da irmã mais velha, outra ia sempre à
missa com o avô, e outra com os pais, uma não sabia o que era Jesus, mas sabia
que Maria e José eram os pais do Menino Jesus, uma rezava todas as noites e por
isso tinha pedido aos pais para a deixarem ir à catekese.
Esta proposta de primeira catekese adapta-se às diversas circunstâncias
que se deparem: crianças, adultos, jovens, famílias.
Aludimos ao episódio de Jesus aos
doze anos. Interessa apenas a última frase:
«Jesus crescia em sabedoria, em
estatura e graça, diante de Deus e dos homens.»
(Lc 2, 52)
Assim, desenvolve-se mais ou
menos a narrativa do episódio. Aliás, não deve ser muito desenvolvido para não
desviar a atenção do que nos interessa essencialmente que, como referimos é o
versículo citado.
Jesus crescia em sabedoria,
estatura e graça. E nós?
Que é estatura? Nós crescemos em altura,
os ossos alargam, aumentamos de peso. Não confundir com as variações no corpo
que sucedem ao longo da vida, mesmo quando não estamos a crescer ou já não
estamos a crescer - emagrecer, engordar, crescimento de unhas ou cabelos. Mas se
for oportuno pode ser muito vantajoso referir as alterações que o corpo sofre
na puberdade porque evidenciam bem o crescimento em estatura.
Como e onde crescemos em
sabedoria? A resposta natural, se os visados forem crianças, é a Escola. Apoiamos
esta resposta, mas abrimos um leque vasto. Quem pratica algum desporto ou outra
actividade, quem pratica futebol, não está a aprender nos treinos? Quando
ajudamos os adultos, na cozinha, por exemplo, não estamos a aprender? A maior
parte das crianças deverá referir ajuda na confecção de bolos. Pode explicar-se
que, premeditado ou não, acaba por ser um método pedagógico. Em muitos casos é
mais fácil atrair para ajudar a fazer bolos (e provar) que sopas (e provar). Deve
referir-se que os conhecimentos que se aprendem na primeira infância são muito
superiores em número ou quantidade aos que se aprendem ao longo de toda a
restante vida - são, por exemplo, a distinção entre pessoas e coisas, a
identidade, o eu, a identificação das cores, mesmo sem saber os seus nomes, das
formas, dos odores, das distâncias e perspectivas, da noção das coisas que
provocam dor (um pico) e das alegrias.
Enquanto decorre a catekese as
crianças crescem em estatura, quantidades microscópicas, pois o crescimento é,
mais ou menos, contínuo.
Também crescem em sabedoria
porque aprendem episódios da Bíblia, da vida dos santos, orações, noções
morais. Porém, não se vem à catekese para crescer em sabedoria.
Vimos à catekese para crescer em
graça.
É provável que quando
inicialmente se perguntou o que sabiam acerca da palavra Jesus alguns tenham
referido situações em que tenham deixado transparecer amizade, amor, inclinação
por Jesus, tenham manifestado alguma ternura por Jesus. Se isso aconteceu, ir
agora buscar essas afirmações é um excelente meio para começar a falar da graça
e distingui-la da sabedoria.
Aprender de cor o Pai Nosso ou
outra oração é um acto de crescimento em sabedoria. Mas, ler ou recitar de cor
a oração não é rezar. Rezar é dialogar com Jesus (Deus). Pode recitar-se uma
fórmula que auxiliará o estabelecimento desse diálogo. Mas pode dialogar-se com
Jesus sem utilizar fórmulas. Quando aprendemos a rezar verdadeiramente, e
depois rezamos, estamos a crescer em graça e depois já a viver a graça.
Uma pessoa pode frequentar a
catekese e aprender muitas coisas (e convém que aprenda), mas não é para isso
que vai à catekese, em verdade, mas para crescer em graça, para identificar os
benefícios que recebe de Deus e para os usar convenientemente. A graça é o
sentir-se bem, gostar de fazer o bem aos outros, de rezar, de viver em paz e
harmonia com todas as pessoas.
Neste primeiro encontro de
catekese ficámos a saber o que viemos aqui fazer e o que viremos fazer nos
próximos encontros.
Antes de terminarmos, vamos
permanecer alguns momentos em silêncio a pensar nas coisas boas que temos na
vida, não o dinheiro, os jogos, mas a família, os amigos e vamos dizer
baixinho, repetir muitas vezes, este nome: JESUS. Deste modo recebemos a graça
do nome de Jesus. Cada um a sentirá para si, no seu coração.
No final, podemos concluir com um
refrão, de algum cântico conhecido ou fácil, relativo ao nome de Jesus.
O catekista pede a bênção para
todo o grupo.
Orlando de Carvalho
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