terça-feira, 1 de outubro de 2013

Primeira Catekese


A catekese baseia-se na existência de uma relação entre dois pólos, o emissor e o receptor ou criação dessa relação se ela não existir e depois no desenvolvimento da relação.
Esta relação exige conhecimento mútuo porque só se realiza se existe confiança, de modo especial do receptor no emissor, desenvolve-se em cumplicidade e encaminha-se para uma comunhão centrada em Jesus e que inclui os dois.

Na primeira catekese, depois das apresentações, mais ou menos alongadas, eu perguntei se já tinham ouvido falar de Jesus, se já alguma vez tinham entrado numa igreja, se já tinham ido à missa, se iam habitualmente, o que sabiam sobre Jesus. Desde modo descobri que uma das crianças já tinha entrado numa igreja (acho que era uma igreja, rectificou, …) quando foi o casamento da irmã mais velha, outra ia sempre à missa com o avô, e outra com os pais, uma não sabia o que era Jesus, mas sabia que Maria e José eram os pais do Menino Jesus, uma rezava todas as noites e por isso tinha pedido aos pais para a deixarem ir à catekese.

Esta proposta de primeira catekese adapta-se às diversas circunstâncias que se deparem: crianças, adultos, jovens, famílias.

Aludimos ao episódio de Jesus aos doze anos. Interessa apenas a última frase:
«Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens.»
(Lc 2, 52)
Assim, desenvolve-se mais ou menos a narrativa do episódio. Aliás, não deve ser muito desenvolvido para não desviar a atenção do que nos interessa essencialmente que, como referimos é o versículo citado.

Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça. E nós?

Que é estatura? Nós crescemos em altura, os ossos alargam, aumentamos de peso. Não confundir com as variações no corpo que sucedem ao longo da vida, mesmo quando não estamos a crescer ou já não estamos a crescer - emagrecer, engordar, crescimento de unhas ou cabelos. Mas se for oportuno pode ser muito vantajoso referir as alterações que o corpo sofre na puberdade porque evidenciam bem o crescimento em estatura.

Como e onde crescemos em sabedoria? A resposta natural, se os visados forem crianças, é a Escola. Apoiamos esta resposta, mas abrimos um leque vasto. Quem pratica algum desporto ou outra actividade, quem pratica futebol, não está a aprender nos treinos? Quando ajudamos os adultos, na cozinha, por exemplo, não estamos a aprender? A maior parte das crianças deverá referir ajuda na confecção de bolos. Pode explicar-se que, premeditado ou não, acaba por ser um método pedagógico. Em muitos casos é mais fácil atrair para ajudar a fazer bolos (e provar) que sopas (e provar). Deve referir-se que os conhecimentos que se aprendem na primeira infância são muito superiores em número ou quantidade aos que se aprendem ao longo de toda a restante vida - são, por exemplo, a distinção entre pessoas e coisas, a identidade, o eu, a identificação das cores, mesmo sem saber os seus nomes, das formas, dos odores, das distâncias e perspectivas, da noção das coisas que provocam dor (um pico) e das alegrias.

Enquanto decorre a catekese as crianças crescem em estatura, quantidades microscópicas, pois o crescimento é, mais ou menos, contínuo.
Também crescem em sabedoria porque aprendem episódios da Bíblia, da vida dos santos, orações, noções morais. Porém, não se vem à catekese para crescer em sabedoria.



Vimos à catekese para crescer em graça.
É provável que quando inicialmente se perguntou o que sabiam acerca da palavra Jesus alguns tenham referido situações em que tenham deixado transparecer amizade, amor, inclinação por Jesus, tenham manifestado alguma ternura por Jesus. Se isso aconteceu, ir agora buscar essas afirmações é um excelente meio para começar a falar da graça e distingui-la da sabedoria.
Aprender de cor o Pai Nosso ou outra oração é um acto de crescimento em sabedoria. Mas, ler ou recitar de cor a oração não é rezar. Rezar é dialogar com Jesus (Deus). Pode recitar-se uma fórmula que auxiliará o estabelecimento desse diálogo. Mas pode dialogar-se com Jesus sem utilizar fórmulas. Quando aprendemos a rezar verdadeiramente, e depois rezamos, estamos a crescer em graça e depois já a viver a graça.

Uma pessoa pode frequentar a catekese e aprender muitas coisas (e convém que aprenda), mas não é para isso que vai à catekese, em verdade, mas para crescer em graça, para identificar os benefícios que recebe de Deus e para os usar convenientemente. A graça é o sentir-se bem, gostar de fazer o bem aos outros, de rezar, de viver em paz e harmonia com todas as pessoas.

Neste primeiro encontro de catekese ficámos a saber o que viemos aqui fazer e o que viremos fazer nos próximos encontros.
Antes de terminarmos, vamos permanecer alguns momentos em silêncio a pensar nas coisas boas que temos na vida, não o dinheiro, os jogos, mas a família, os amigos e vamos dizer baixinho, repetir muitas vezes, este nome: JESUS. Deste modo recebemos a graça do nome de Jesus. Cada um a sentirá para si, no seu coração.

No final, podemos concluir com um refrão, de algum cântico conhecido ou fácil, relativo ao nome de Jesus.

O catekista pede a bênção para todo o grupo.



Orlando de Carvalho

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