sexta-feira, 6 de junho de 2014

12 Violações por dia só num estado da União Indiana


As mãos do pai de Murti e tio de Pushpa mostram as fotos das meninas violadas, queimadas e enforcadas





Existe um estado na União Indiana chamado Madhya Pradesh onde acontecem 12 violações de mulheres por dia. A capital de Madhya Pradesh é a tristemente conhecida cidade de Bhopal, onde em 3 de Dezembro de 1984 meio milhão de pessoas foram expostos ao maior desastre químico até hoje em todo o mundo. O número de milhares de mortos nunca chegou a ser conhecido. O estado é altamente povoado com 60 milhões de habitantes. É um dos lugares do mundo onde as mulheres estão mais desprotegidas: 12 violações por dia! É obra!
No dia 2 de Junho deste ano de 2014, o ministro do Interior de Madhya Pradesh, um indivíduo que dá pelo nome de Babulal Gaur celebrou os 84 anos. Provavelmente já devia ter descoberto que fazia melhor serviço à humanidade reformando-se, mas vai insistindo. Como outros políticos, em Portugal, que não entendem que já estão em adiantado estado de demência ou ninguém os avisa e vão fazendo tristes figuras que todos sabemos.  
No dia seguinte, a 3 de Junho, Babulal Gaur esteve numa acção de propaganda nas ruas, distribuindo caramelos aos condutores de veículos de duas rodas que usavam capacete de protecção. Gesto que certamente seria muito apreciado e fecundo como prémio às crianças bem comportadas num jardim infantil.


 O ministro que devia estar calado, Babulal Gaur


Na terça-feira 27 de Maio, Murti e Pushpa, de 14 e 15 anos, primas e residentes na aldeia de Katra, no estado indiano de Madhya Pradesh desapareceram ao final do dia. Os familiares procuraram-nas, sem sucesso,
Ao final do dia, as meninas foram raptadas pelo já chamado bando de Badaun (o distrito onde se localiza a aldeia de Katra), os irmãos Avadesh, Urvesh e Pappu Yadav, e durante a noite foram vítimas de violação em grupo. Depois de se servirem, aqueles selvagens despejaram ácido pela boca abaixo das meninas, conforme resultado da autópsia, e enforcaram-nas. De manhã, finalmente, elas foram encontradas suspensas numa mangueira, uma árvore de grande porte abundante na região.



  Mangoeiro onde as meninas foram enforcadas


No sistema social indiano, a família das meninas é da casta dos intocáveis, a mais baixa escala social a que não são reconhecidos quaisquer direitos, pelo menos nalguns estados. Embora a população se mostrasse indignada com o sucedido, as individualidades políticas e policiais não pareceram muito afectadas com o sucedido.
Na União Indiana, a civilização parece não ter ordem de entrada. Uns têm direitos, outros não. Uns são gente, outros são animais. Os bandos de assassinos selvagens magoam meninas e mulheres e ameaçam-nas e às famílias com represálias de morte se ousarem denunciar os crimes de que são vítimas.
Voltamos ao já citado ministro que superintende a polícia, o indivíduo Babulal Gaur. Questionado pela imprensa acerca deste crime fez questão de notar que era preciso distinguir duas espécies de violação: as que eram erradas e as que eram certas. Nalguns casos, diz aquela pessoa (?), as violações são merecidas. Ele tem a ousadia de afirmar que nenhum homem premedita uma violação, logo, deduz a inteligência das inteligências, se ele sente um impulso para violar a que não pode resistir, isso não pode ser considerado crime. Contesta sim a pena de morte para os violadores porque acha que não se deve destruir a possibilidade de uma vida. Poderia parecer que ele falava da possibilidade da vida das meninas violadas, mas o velho ministro que, pelas suas palavras, deve saber bem o que é violar, refere-se à vida dos violadores que forem violados. As mulheres não têm valor, para ele. E infelizmente para outros indianos bem colocados na estrutura social do país.
O pai de uma das meninas e tio da outra tentou apresentar queixa do crime na polícia. Começaram por lhe perguntar a que casta social pertencia. Ao descobrirem que era dos mais pobres, riram-se-lhe na cara e negaram-se a receber a queixa.



Populares e jornalistas juntos à residência


Os populares que se manifestaram foram dispersos por ordem do chefe da polícia Akhilesh Yadav, que se opõe fortemente à recente alteração legislativa que possibilita a condenação à morte dos violadores. Ele alega que se a comunicação social se calasse, as autoridades locais e os violadores não seriam tão incomodados por fazerem o que também se faz em todo o restante país.

Orlando de Carvalho




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