domingo, 9 de novembro de 2014

A porta da igreja



Desde que existe uma igreja presbiteriana perto de mim, há uma coisa que tem chamado a minha atenção de modo especial. Não são as manifestações musicais que ecoam pelas ruas, nem a quantidade de crianças. É a porta que tem chamado a minha atenção.
Há três reuniões por semana, conforme informação na porta de entrada. Nessas ocasiões, a porta está aberta. Melhor, a porta está semiaberta. No restante tempo, a porta está fechada. 
Lembrei-me então que se passa o mesmo com as diversas confissões e seitas que por aqui existem: a porta abre-se para as reuniões, normalmente abre-se meia-porta, deixando passar para o exterior uma imagem de espaço reservado aos do grupo.
Não é assim nas igrejas católicas (nalguns casos, teremos de dizer que não devia ser assim).
As portas escancaram-se e todos entram - quantas vezes bêbedos incómodos, sem abrigo esfarrapados, gente que leva motorista, meninas de pernas ao léu, senhoras de véu antigo, crianças ruidosas que não são separadas numa sala à parte com ama. 
Durante a semana, a maioria das igrejas abre a porta todos os dias. E pena é que assim não seja em todos os casos, porque mais parecem igrejas protestantes que católicas.
Não, não somos uma igreja de tristes e fechados, somos uma Igreja de gente alegre e colorida, de gente divina.
Que as portas das nossas igrejas católicas estejam sempre abertas e acolhedoras, que cada católico transporte dentro de si esta regra: abrir os braços, escancarar as portas, acolher a todos por igual.

Orlando de Carvalho

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