Hoje li o comentário de um amigo acerca do sofrimento e da
dor:
Hoje a TV católica
falou muito sobre a importância dos nossos sacrifícios e sofrimentos como
essenciais para a nossa salvação... a ponto de
colocar como manchete, e exemplo a seguir, o cantor cego mais famoso do mundo
dando voltas de joelhos à capelinha de Fátima.
Refletindo sobre esse
“comando” dos guias espirituais católicos, fiquei tremendamente confuso porque
nunca vi o sofrimento e sacrifícios humanos por esse prisma. E também não vou
mudar depois de velho.
Quanto mais exaltamos e nos valemos dos nossos sofrimentos para a
nossa salvação, tanto menos valor damos ao sofrimento de Cristo que deu seu
sangue até a última gota para a salvação de todos os homens.
Por que não dizer a
essa gente, que se flagela e se arrasta pelo chão, que o sofrimento de Cristo foi mais que suficiente?
O que falta para a
nossa salvação são as nossas boas obras, o nosso perdão a quem nos ofende, o
nosso amor a Deus e aos outros como Cristo nos amou....
Derramar o nosso
sangue para perdoar nossos pecados não faz parte do catálogo das obras de misericórdia!
Sempre que eu me prego
na cruz estou dizendo ao mundo que a morte de
Cristo não valeu para mim ou foi insuficiente!
Dobrar o joelho frente
ao Cristo na Cruz nada tem a ver com arrastar os joelhos pelo chão! Dobrar o
joelho significa reconhecimento e gratidão; arrastar os joelhos significa falta
de confiança em Deus-Pai e desprezo pelo que
Cristo fez por cada um de nós.
A nossa missão é: Ide
por todo o mundo e levai a boa nova do evangelho a todos os homens.
Se continuarmos nesse
ritmo, de joelhos, não chegaremos muito
longe....como preguiças ambulantes, seremos deixados cada vez mais para trás
por movimentos mais inteligentes e mais velozes.... (Cónego Abílio De
Vasconcelos)
Concordei com partes do pensamento, mas parece-me que existe
uma perspectiva mais importante. Leia e comente.
Há outra perspectiva.
Acompanhar Jesus no
sofrimento da cruz, fazer-Lhe companhia nessa hora, vivendo eu nesta época.
Unir-me e comungar com Jesus. Não ao ponto de me suicidar ou de me infligir
golpes de sangue, mas de procurar o deserto sob diversos pontos de vista, na privação
do cómodo, na privação do lúdico, na privação do prazer, na medida em que me
sinta mais Um com Jesus e com tantos e tantos irmãos que sofrem hoje uma penosa
e longa via-sacra, eles também comungando a dor de Jesus, que lhes é imposta.
Nem sempre a felicidade vem acompanhada pela máquina de lavar roupa (Madre
Teresa de Calcutá), nem com o desfrute do banho de sol (vitamina D) na
esplanada do Santuário de Fátima. Mais que uma perspectiva diferente, lanço a
possibilidade dessa alternativa.
Orlando de Carvalho
*Fotografia de mediotejo.net
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