terça-feira, 23 de outubro de 2018

Aproveitar-se das vítimas dos furacões


Hoje foi a vez de “A Linha da Frente” gozar à custa das vítimas do furacão.
As televisões são cada vez mais desumanas e desumanizam cada vez mais as pessoas. Pior que desumanizar, incentivam as pessoas a comportar-se como bestas.
Na realidade, somos todos iguais, somos todos irmãos, somos todos filhos do mesmo Deus, e temos a obrigação de nos ajudarmos mutuamente.
Recordo a “Operação Pirâmide” desenvolvida pelo Raul Solnado e o Fialho Gouveia que movimentou a sociedade portuguesa de uma maneira como não se tinha visto antes para prestar apoio solidário a quem necessitava. E as pessoas deram. E foi uma festa.
Nestes dias que são os nossos, as pessoas ligam para o 760… e mais não sei quantos números, ajudando deste modo os cofres das televisões e demais entidades envolvidas na esperança ilusória de ganharem carros e milhares de euros.
Como os cineastas portugueses são completamente incapazes de atingir o coração dos espectadores, as televisões produzem verdadeiras obras de arte e “trazer por casa” mas bastante apelativas aos corações das gentes.
Perante uma casa destruída, perguntam a quem lá habitava:
- Que sentiu quando a coisa se deu?
E as pessoas, na sua ingenuidade, ou porque estão na frente das câmaras de televisão, disparam aquelas interjeições em que se expõem e não acrescentam nada.
- Foi horrível!
- Nem sei o que pensei!
- Nunca senti um arrepio tão grande!
- Pensei que era o fim do mundo!
Choram, fazem as caras próprias de quem evoca momentos tão horríveis.
E as televisões mostram.
Mostram a desgraça das pessoas e conquistam audiências para conquistar anunciantes.
Não ajudam – este é o ponto essencial.
Mostram a ira das pessoas que foram vítimas e quando não há ira, estimulam as pessoas a irarem-se. Contra a Natureza? Contra Deus? Contra quem estiver nessa altura no governo? Contra a sorte ou a desventura?
Estas televisões não prestam. Não ajudam.
E nem questionamos para onde vai ajuda angariada quando se propõem fazê-lo.
As pessoas precisam de ser consoladas, não incitadas ao ódio.
Precisam que lhes dêem o que precisam ou que as ajudem, não que as incitem a lamentar-se e a reclamar o que precisam como se um furacão fosse culpa de alguém.
Anda muita coisa ao contrário, mas só enquanto nós quisermos. Comportemo-nos como filhos de Deus, como criaturas criadas à imagem de Deus e não nos deixemos seduzir pelos tentadores que vivem do incitamento ao ódio.

Orlando de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário