As televisões transmitem discursos do ditador assassino que
controla a Coreia do Norte e todos acham normal.
As televisões informam o comentário da acéfala Fernanda
Câncio acerca de “Até amanhã se Deus quiser”, e as pessoas, pelo menos,
sorriem.
As televisões transmitem programação de conteúdo
pornográfico e ofensivo, mas a indignação não vai além de alguns comentários de
gente rapidamente catalogada como conservadora, católica ou retrógrada (em 1975
seriam contra-revolucionárias).
As televisões transmitem dias incontáveis de comentários
acerca de Bruno de Carvalho, e-mails do Benfica, e ninguém pede o seu
encerramento.
As televisões concedem tempo de antena a pessoas que a
opinião pública considera criminosas e aos seus advogados, mas não há
turbulência alguma no país.
Todos os partidos têm direito a transmissão em directo dos
seus congressos. E clubes de futebol. E sorteios de futebol.
Finalmente a RTP 1 passa todos os limites e agenda a
transmissão em directo de uma mensagem natalícia, logo de paz, do Patriarca de
Lisboa. De quem? Do dirigente máximo da religião com maior número de seguidores
em Portugal. Não se trata de uma contagem de sócios ou simpatizantes, como
fazem os clubes de futebol, ou de votantes como fazem os partidos políticos. É algo
tão real que dispensa contagem.
Então, surge uma macabra Associação República e Laicidade (Que
é laicidade? A associação está devidamente registada?...) que é mentirosa ao
afirmar que a RTP está obrigada a respeitar a laicidade do Estado; que se acha
no direito de ditar como deve ser a programação da RTP e como deve estar
organizada a grelha de programas. Não são mais que um grupo de frustrados
incapazes de se enquadrar na sociedade e que têm de dar nas vistas e atacar a
Igreja. Talvez contratarem mulheres para irem para a Sé Catedral nuas com
inscrições no peito contra o Patriarca e Deus Nosso Senhor.
Que tristeza!
Senhor Patriarca, os fiéis católicos, mas não só, estão
sempre esperando a habitual palavra de “Santo Natal”. Não somos a maioria
silenciosa, nem a ruidosa, somos a Igreja onde está filiada a maioria dos
portugueses, pelo santo baptismo.
Não se trata apenas da Igreja de Lisboa a seguir o seu Bispo,
mas da Igreja de Portugal a seguir o Presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa.
Oremos, neste Natal, por todos os que não são bafejados pela
sorte ou pela graça de se sentirem personagens do Presépio.
Deus te cure, que bem precisas.
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