domingo, 23 de dezembro de 2018

Somos filhos da Igreja


As televisões transmitem discursos do ditador assassino que controla a Coreia do Norte e todos acham normal.

As televisões informam o comentário da acéfala Fernanda Câncio acerca de “Até amanhã se Deus quiser”, e as pessoas, pelo menos, sorriem.

As televisões transmitem programação de conteúdo pornográfico e ofensivo, mas a indignação não vai além de alguns comentários de gente rapidamente catalogada como conservadora, católica ou retrógrada (em 1975 seriam contra-revolucionárias).

As televisões transmitem dias incontáveis de comentários acerca de Bruno de Carvalho, e-mails do Benfica, e ninguém pede o seu encerramento.

As televisões concedem tempo de antena a pessoas que a opinião pública considera criminosas e aos seus advogados, mas não há turbulência alguma no país.

Todos os partidos têm direito a transmissão em directo dos seus congressos. E clubes de futebol. E sorteios de futebol.

Finalmente a RTP 1 passa todos os limites e agenda a transmissão em directo de uma mensagem natalícia, logo de paz, do Patriarca de Lisboa. De quem? Do dirigente máximo da religião com maior número de seguidores em Portugal. Não se trata de uma contagem de sócios ou simpatizantes, como fazem os clubes de futebol, ou de votantes como fazem os partidos políticos. É algo tão real que dispensa contagem.

Então, surge uma macabra Associação República e Laicidade (Que é laicidade? A associação está devidamente registada?...) que é mentirosa ao afirmar que a RTP está obrigada a respeitar a laicidade do Estado; que se acha no direito de ditar como deve ser a programação da RTP e como deve estar organizada a grelha de programas. Não são mais que um grupo de frustrados incapazes de se enquadrar na sociedade e que têm de dar nas vistas e atacar a Igreja. Talvez contratarem mulheres para irem para a Sé Catedral nuas com inscrições no peito contra o Patriarca e Deus Nosso Senhor.

Que tristeza!

Senhor Patriarca, os fiéis católicos, mas não só, estão sempre esperando a habitual palavra de “Santo Natal”. Não somos a maioria silenciosa, nem a ruidosa, somos a Igreja onde está filiada a maioria dos portugueses, pelo santo baptismo.

Não se trata apenas da Igreja de Lisboa a seguir o seu Bispo, mas da Igreja de Portugal a seguir o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Oremos, neste Natal, por todos os que não são bafejados pela sorte ou pela graça de se sentirem personagens do Presépio.



Orlando de Carvalho

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