Não podemos vender a misericórdia de Deus
Circula nas redes sociais e na comunicação muita propaganda acerca do Conclave e dos cardeais que o compõem, em que comentadores, jornalistas, fiéis católicos e padres vão expressando a sua opinião sobre o cardeal que deveria ser eleito Papa e os que não deviam sê-lo. Mas também não católicos se sentem no direito de opinar, utilizando argumentos que não são católicos nem de acordo com o Evangelho.
Desprezando a inspiração do Espírito Santo e o bom senso dos cardeais, que foram escolhidos pelos anteriores papas, chegámos já ao ponto de as casas de jogo aceitarem apostas nos cardeais, como se fossem cavalos de corrida. É uma forma de ganhar dinheiro como tantas outras.
Quanto às barbaridades que são escritas ou ditas na comunicação social, estão dentro do nível de cultura e profissionalismo a que estes órgãos nos têm habituado. Infelizmente.
A fotografia de um dos cardeais tem sido profusamente partilhada nas redes, aliás vários cardeais, mas um em especial, com frases rebatendo tudo o que o Papa Francisco ensinou, chamam-lhe comunista, devasso, instrumento do diabo e outros nomes igualmente desagradáveis.
Vou restringir-me a uma das frases divulgada com a fotografia de um Cardeal africano que é, mais ou menos, o seguinte:
“Não iluda as pessoas com a palavra "misericórdia". Deus perdoa os pecados se nos arrependermos deles.”
Este é um grande disparate. Deus é amor, Deus é misericordioso. As fontes são muitas, mas estão nomeadamente em São João e em Bento XVI. Basta procurar um pouco quem não souber de cor.
Utilizo apenas um episódio da Sagrada Escritura, mas todo o Evangelho se compõe praticamente de gestos da divina misericórdia, sempre gratuita, sempre, sempre, para todos, todos, todos.
Jesus abençoa dez leprosos que, de longe, Lhe imploraram misericórdia. E manda-os irem mostrar-se aos sacerdotes. E eles assim fazem, mas no caminho notam que tinham ficado curados da lepra. Um deles regressa ao encontro de Jesus, precisamente o que não era judeu, e vem dar graças a Deus e a Jesus, pelo milagre operado.
Jesus questiona:
- Não foram dez os que ficaram limpos? Não houve quem voltasse para glorificar a Deus, a não ser um estrangeiro?
Enfim, a misericórdia de Deus é para todos, não como escrevem o tal Cardeal e padres, bispos e cónegos, portugueses e estrangeiros, nas redes e noutros meios de comunicação. Estarão à espera que os cardeais os vão ler, nalgum telefone que levaram escondido para o Conclave? Estarão apenas a causar confusão (Ai dos escandalosos!) junto do povo de Deus? Ou querem estipular um preço para a misericórdia de Deus?
Não se sobrecarreguem os filhos de Deus com pesos, fardos ou multas, porque Deus tem um único preço para tudo o que nos dá, incluindo a sua misericórdia: de graça! Misericórdia ilimitada. Saiba cada um de nós seduzir os irmãos, de modo geral o próximo, para a conversão ao Evangelho, sem estipularmos mais-valias, alcavalas, taxas, para a misericórdia que Deus distribui abundantemente.
Papa Francisco: Santo Subito!
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