Salmo 145
Ó minha alma, louva o Senhor.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
Ó minha alma, louva o Senhor.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
Ó minha alma, louva o Senhor.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
Ó minha alma, louva o Senhor.
O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
Ó minha alma, louva o Senhor.
Este é o salmo que a Igreja cantou em todo o mundo neste 23º
Domingo do Tempo Comum, dia 6 de Setembro.
É lindo.
E serve muito bem para chamar a atenção dos agentes
envolvidos na liturgia e na evangelização para erros que se cometem, muitas
vezes inadvertidamente, mas com graves consequências para os fiéis.
Se o salmista canta muito bem, um perfeito espectáculo
musical, mas a Assembleia não entende as palavras cantadas, perde-se este lindo
hino. Se o salmista não sabe ler ou não leu antecipadamente e ‘gagueja’,
pede-se o salmo. Se alguém tosse, às vezes logo na primeira linha do salmo
cantado ou recitado, as outras pessoas que participam na celebração perdem as
palavras, perdem o contexto das palavras seguintes e o tempo que dura esta bela
oração e meditação é perdido. Mais, atrás da tosse de alguém vem sempre a tosse
de mais uns quantos. Se a instalação de som faz um ruído estranho, é preferível
interromper e recomeçar a leitura de princípio.
Hoje, durante um concerto de música, uma pessoa sentiu-se
mal. O concerto foi interrompido, enquanto houve movimentação de telefones,
pessoas, pessoal de emergência e retomado depois. Já assisti a muitas
indisposições durante celebrações litúrgicas que prosseguem com o argumento que
considero falso de louvor a Deus ou respeito por Deus. Não é a recitação de
textos que interessa a Deus ou à sua Igreja, nós, mas as relações entre as
pessoas e das pessoas com Ele.
É preciso que as leituras cumpram a sua missão. A Palavra é
semente lançada à terra que somos cada um de nós. Se a semente não chega a cada
um de nós… perde-se, não dá fruto. Há que pôr todo o empenho em que isto não
suceda. Empenho do leitor, de quem tem a responsabilidade de que o leitor
esteja bem preparado, de quem está a escutar (e não apenas a ouvir ou a fazer
corpo de presença) e de quem presidir.
Isto requer uma revolução se olharmos ao que se passa num
grande número de comunidades onde se celebra a missa. Revolução que não tem que
ser feita ruidosamente, nem precisa, nem sei se deverá. Revolução que deve ser
feita por cada um dos intervenientes neste processo, empenhando-se e levando os
outros a empenharem-se.
Orlando de Carvalho
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