domingo, 6 de setembro de 2015

Não maltratar a Palavra de Deus



Salmo 145
Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
Ó minha alma, louva o Senhor.

Este é o salmo que a Igreja cantou em todo o mundo neste 23º Domingo do Tempo Comum, dia 6 de Setembro.
É lindo.
E serve muito bem para chamar a atenção dos agentes envolvidos na liturgia e na evangelização para erros que se cometem, muitas vezes inadvertidamente, mas com graves consequências para os fiéis.
Se o salmista canta muito bem, um perfeito espectáculo musical, mas a Assembleia não entende as palavras cantadas, perde-se este lindo hino. Se o salmista não sabe ler ou não leu antecipadamente e ‘gagueja’, pede-se o salmo. Se alguém tosse, às vezes logo na primeira linha do salmo cantado ou recitado, as outras pessoas que participam na celebração perdem as palavras, perdem o contexto das palavras seguintes e o tempo que dura esta bela oração e meditação é perdido. Mais, atrás da tosse de alguém vem sempre a tosse de mais uns quantos. Se a instalação de som faz um ruído estranho, é preferível interromper e recomeçar a leitura de princípio.
Hoje, durante um concerto de música, uma pessoa sentiu-se mal. O concerto foi interrompido, enquanto houve movimentação de telefones, pessoas, pessoal de emergência e retomado depois. Já assisti a muitas indisposições durante celebrações litúrgicas que prosseguem com o argumento que considero falso de louvor a Deus ou respeito por Deus. Não é a recitação de textos que interessa a Deus ou à sua Igreja, nós, mas as relações entre as pessoas e das pessoas com Ele.
É preciso que as leituras cumpram a sua missão. A Palavra é semente lançada à terra que somos cada um de nós. Se a semente não chega a cada um de nós… perde-se, não dá fruto. Há que pôr todo o empenho em que isto não suceda. Empenho do leitor, de quem tem a responsabilidade de que o leitor esteja bem preparado, de quem está a escutar (e não apenas a ouvir ou a fazer corpo de presença) e de quem presidir.
Isto requer uma revolução se olharmos ao que se passa num grande número de comunidades onde se celebra a missa. Revolução que não tem que ser feita ruidosamente, nem precisa, nem sei se deverá. Revolução que deve ser feita por cada um dos intervenientes neste processo, empenhando-se e levando os outros a empenharem-se.

Orlando de Carvalho

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