quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Celebração de Todos-os-Santos na Catequese




Ao longo de cada ano, a Igreja celebra os momentos do Evangelho que os fiéis consideram mais importantes para a sua vida espiritual. E outros que são transportados pela tradição ao longo dos séculos. A Encarnação do Salvador e a Redenção que Ele operou na cruz, a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, datas relacionadas com a Mãe de Deus e com os santos e beatos que a Igreja declara como tal.
No primeiro dia de Novembro, são solenemente celebradas todas as pessoas que já estão na presença de Deus a desfrutar do bem eterno. Logo no dia seguinte, e em estreita ligação, são comemorados todos os defuntos que estão já a viver na glória de Deus ou que ainda aguardam tal.
Neste dia celebramos missa a que ninguém deve faltar por três razões. Primeiro porque a Igreja declara “Dia Santo de Guarda” o 1º de Novembro. Em segundo lugar porque, ao participar na missa, os fiéis estarão implicitamente a invocar todos os santos, alguns seus antepassados, outros que talvez tenham conhecido e finalmente porque as leituras que escutamos na missa desta grande festa são muito belas e enchem-nos a alma de grandes conhecimentos acerca do Céu e da vida eterna.

São estas as leituras.

2016-11-01
TERÇA-FEIRA da semana XXXI
TODOS OS SANTOS – SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade.


LEITURA I Ap 7, 2-4.9-14

Leitura do Apocalipse de São João
Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente,
trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus».
E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão.
E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro».
Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Amen! A bênção e a glória, a sabedoria e a acção de graças,
a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amen!».
Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?».
Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis».
Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 23 (24), 1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)

Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
o que não invocou o seu nome em vão.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face de Deus.


LEITURA II 1 Jo 3, 1-3

Leitura da Primeira Epístola de São João
Caríssimos:
Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus.
E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro.
Palavra do Senhor.


EVANGELHO Mt 5, 1-12a

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-no os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Palavra da salvação.


Como podemos enriquecer esta solenidade da Igreja, realizando o ministério de catequistas, para com as crianças e adolescentes e mesmo para com as suas famílias?
Ficam algumas sugestões.

Pão por Deus


Imagem da Internet


O Pão-por-Deus é uma antiga tradição portuguesa e mais que relatar a sua história, interessa-nos tirar dela proveito para o ministério evangelizador.
Convidar as crianças (com a colaboração das suas famílias) a comparecerem em local combinado, centro de catequese, centro paroquial…, devendo cada uma levar um saco, que não precisa de ser tão cuidado como o da fotografia, mas até que pode ser, se os pais ou algum familiar quiserem caprichar.
Previamente podem ter-se distribuído cartazes ou mensagens, por qualquer meio, a informar que as crianças e adolescentes da catequese iriam pedir o Pão-por-Deus. Depois, orientados pelos catequistas, eventualmente com a colaboração dos pais ou outras pessoas, consoante as características do lugar em que residirem, é partir a bater de porta em porta e a pedir “Pão-por-Deus”. Se não for ou não tiver sido habitual este ritual nessa zona, as pessoas aprenderão e no ano seguinte estarão mais receptivas. Normalmente as pessoas dão frutos secos, rebuçados, bolos e bolachas. Costumamos ir a uma farmácia em que a doutora nos dá, muitas vezes, esferográficas publicitárias para as crianças e adolescentes e rebuçados para a tosse para os catequistas, também há quem ofereça cafezinho aos catequistas, embora estes vão essencialmente como guias e orientadores. Onde não é ainda hábito, é mais fácil começar pelos estabelecimentos comerciais, se existirem. Também há pessoas e estabelecimentos que entregam valores em dinheiro que muito úteis são, por vezes, para o fundo da catequese. Não esquecer contudo que o valor da iniciativa não é nunca a angariação de fundos, ou seja do que for, mas um meio de estabelecer ou aprofundar o contacto e a relação da igreja, da paróquia, da comunidade catequética, com a realidade local, isto é, a evangelização da comunidade, seja de modo mais directo ou mais subtil. Tanto quanto possível, à maneira de Jesus, como relata o Evangelho. Tudo o que for recebido será junto e dividido fraternalmente por todos.

Almoço de Santos

Esta é uma data tradicionalmente marcada na gastronomia portuguesa. Carne de porco, de todas as formas. Cozido à portuguesa. Carnes fritas. Enchidos. Feijoadas. Carnes grelhadas nas brasas. Talvez ainda exista a matança do porco nalgumas terras.
Com bastante antecedência devem contactar-se as famílias para combinar este almoço. Todos devem colaborar, quanto possível. Deve evitar-se que uns paguem o almoço e outros cozinhem. A catequese não vive de angariações de fundos, nem para angariações de fundos. Claro que pode estabelecer-se um valor para as pessoas pagarem, se o objectivo for pagar um passeio no final do ano. Mas um passeio em termos catequéticos: não uma viagem às Canárias ou à Terra Santa. Uma coisa em que qualquer família com menos recursos económicos possa participar e se alguma família em situação de crise, ou com menos recursos, tiver dificuldade, existe a obrigação – sim, obrigação! – de a ajudar, de modo anónimo e sem humilhação, porque a Casa de Deus tem sempre a porta aberta a todos e quando ela se fechar para alguns ou algum, talvez deixe então de ser casa de Deus.
Então, logo muito cedo, catequistas e catequizandos partem a pedir o Pão-por-Deus e famílias juntam-se e começam a preparar o almoço para todos. Os pais ficam normalmente gratos por um dia assim, em que podem ficar à vontade a conversar com os pais dos colegas dos seus filhos. Uns serão vizinhos, conhecidos, familiares ou amigos. Outros perfeitos desconhecidos. O resultado tem sido sempre fantástico. Aqueles que só participaram uma vez, anos depois ainda recordam esse dia.

O programa deste dia é feito por catequistas, de preferência catequistas com alguma experiência de vida. Os pais podem colaborar, os mais jovens também, mas tem que existir quem guie e cuide de o objectivo evangelizador se mantenha, o que nem sempre é fácil. O pároco colabore quanto possível, co-responsabilizando-se com os catequistas, mas sem tentar organizar o dia à sua imagem; deve ser subtil.

Jogos

Devem ser preparados jogos tradicionais para as crianças e adultos para se realizarem de acordo com o horário e programa que for estabelecido para este dia.

Missa

A missa, sem se dar por isso, de começo, será o local e tempo central deste dia.
Não será logo de manhã cedo para não inviabilizar o Pão-por-Deus. Deve ser a meio da manhã ou a terminar esta jornada, ao meio ou fim da tarde. E sem esquecer que deve existir o tal espaço para jogos tradicionais, torneios, ou outro, que reúna filhos, pais e catequistas.
Este ano estamos a viver o Jubileu da Misericórdia e o Evangelho é precisamente sobre as Obras de Misericórdia, que são uma sistematização que resulta das Bem-aventuranças e de outros trechos evangélicos.
A preparação da missa é feita pela catequese!
As leituras podem ser encenadas. Podem ser proclamadas em diálogo. Podem ser feitos cartazes com frases significativas ou escolhidas pelos catequizandos da Leitura I e Leitura II. Podem ser feitos cartazes com as bem-aventuranças e, ou, com as Obras de Misericórdia. Podem usar-se citações do papa Francisco acerca da Misericórdia.

Misericórdia e fraternidade

Em torno da misericórdia, do tema do Pão-por-Deus, das bem-aventuranças e da preparação que a catequese faz das crianças e dos adolescentes para a vida cristã, pode realizar-se uma recolha de fundos para algum objectivo concreto, que não sejam os próprios membros da catequese.
Pensamos em colocar alguns dias antes cestos para recolha de produtos específicos em estabelecimentos da região da paróquia e depois entregues às entidades previamente definidas, que pode ser algum centro de acolhimento de pessoas frágeis, crianças, idosos, doentes… Não para a paróquia, nem mesmo para os seus pobres, mas para entregar a alguém que seja de conhecimento público. Num tempo em que a corrupção domina os meios de comunicação social e as preocupações das pessoas, os cristãos devem dar o exemplo, sendo e parecendo pessoas de bem.




Exemplo de cestos colocados em minimercados de bairro, para recolha de bens para entregar a entidades de acolhimento de pessoas fragilizadas.

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