segunda-feira, 10 de abril de 2017

Caridade para com as famílias



Jesus morreu para nos ensinar a amar.

Recordai-vos: em Israel, no tempo de Jesus, uma mulher viúva, tinha a protecção do cunhado que devia desposá-la, ainda que já fosse casado, como modo de segurança social, que não existia. A protecção à mulher, à viúva, ao órfão, ao emigrante, ao refugiado, ao devedor, ao servo, ao escravo, estão consignadas já no Antigo Testamento.

Uma mulher hoje é abandonada pelo marido que a troca por uma qualquer e a deixa com os filhos para criar. Os cristãos caridosos até podem rezar por ela, e elogiá-la se conseguir vencer os entraves que vai encontrar na vida, mas dinheiro para a mão dela, para criar os filhos e seguir com a vida dela... Mas se ela arranjar um homem bom que case com ela e a ajude a seguir na vida e a cuidar dos filhos: ela está em pecado mortal, vai para o Inferno e é impedida de se chegar a Jesus Pão na Eucaristia. O mesmo, ao contrário, quando a mulher deixa o marido com os filhos.

Foi essa a caridade que Jesus veio pregar? Foi para tratar assim as gentes, o próximo, os nossos irmãos em Cristo, em Maria e em Deus Pai que Cristo passou a Cruz? Ele sofreu a tortura e a morte na Cruz para nós caridosamente dizermos aos nossos irmãos: sofre que foi para aprenderes a sofrer que Jesus morreu na Cruz?

Apontamos o dedo à mulher ou ao homem que recasa, sem querermos saber a sua situação pessoal, mas apertamos a mão às pessoas de bem, àquelas que vestem bem, que até dão esmola, que são gente séria, fina, enfim, que vive à custa do que rouba aos empregados e de outros modos. Esses podem conti

nuar a roubar e a comungar. Responder-me-ão: é com a consciência deles. Caramba: então os esposos e as esposas cruelmente traídos e abandonados já não é problema da consciência deles? É preciso andar toda a Igreja de dedo estendido a apontá-los?

Acreditais mesmo, irmãos em Cristo, que Deus está mais preocupado com o sexo que com os ladrões? Se acreditais, talvez não tenhamos a mesma fé. Eu acredito que o caminho que Jesus ensinou é inequívoco. Também acredito que Acusador é um dos nomes do demónio, não serpente, mas acusador.

Orlando de Carvalho

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