quarta-feira, 26 de junho de 2019

Praedicate Evangelium


Finalmente o Papa Francisco poderá marcar definitivamente a precedência do Evangelho sobre a burocracia, da Pregação sobre a Doutrina, dos ensinamentos de Jesus sobre as conclusões tiradas pela igreja.
O Conselho C9, formado por nove cardeais escolhidos pelo Papa Francisco para o auxiliar nesta tarefa está reduzido apenas a 6 deles, depois de três deles terem sido aliviados desta função, alguns deles já em prisão.
Está já em apreciação em todas as dioceses do mundo o novo documento Praedicate Evangelium que propõe a criação de um novo “ministério” na administração da Igreja, que, no Vaticano, terá a primazia entre todos os outros, incluindo o ex-Santo Ofício, ou Inquisição, actualmente denominado Congregação para a Doutrina da Fé.
Mas o Papa não quer que os fiéis vivam vergados à Doutrina, mas livres para viver o Evangelho anunciado por Jesus e dedicados a viver e a anunciar esse mesmo Evangelho.
Enquanto os inimigos da Fé e de Francisco reúnem esforços para manter a Doutrina com a primazia dentro da Igreja, o que é falso, o Papa com o seu conselho especial C6, composto pelos cardeais, Óscar Maradiaga, Reinhard Marx, Patrick O’Malley, Giuseppe Bertello, Osvald Gracias e Pietro Parolin, prepara o reinado da Nova Evangelização guiada fundamentalmente pelos ensinamentos evangélicos, pelo testemunho e pela caridade.
Oremos pelo Papa Francisco e pelo sucesso desta iniciativa que se propõe renovar o modo de pensar em Igreja e imbui-la da tarefa profética e do Espírito Santo. E a redução da Doutrina e dos ritualismos da Doutrina ao seu devido lugar. A Congregação para a Doutrina da Fé deixará de comandar, nem o poderá tentar, as situações de comunhão ou não com a Igreja, a perseguição, pelo menos, abrandará, será dado espaço ao Espírito Santo. Os novos fariseus terão de se converter ou assumir-se como fariseus.

Orlando de Carvalho

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Definir catolicismo


Alguns católicos acreditam que pecado se resume questões sexuais. Muitos católicos acreditam que fé e comportamento sexual são matérias completamente separadas.
É preciso reflectir o assunto ou passar informação?

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domingo, 2 de junho de 2019

Santos canonizados não são Deus


Todos os cristãos adoram o mesmo Deus, único e trino. Ser cristão é precisamente ter esta fé. Uma pessoa torna-se cristã pelo sacramento do Baptismo que consiste na aceitação formal desta verdade.
Os cristãos adoram o mesmo Deus que já antes adoravam os judeus, embora estes vivessem numa ignorância maior por ainda não conhecerem algumas verdades sobre a intimidade de Deus, que só viriam a ser reveladas por Jesus, isto é, a Trindade que existe em Deus. Jesus veio completar o conhecimento acerca do Senhor e ensinar a purificação da religião, colocando no seu devido lugar muitas práticas que eram tidas como essenciais para estar na graça de Deus: eram mais de 600 essas práticas, imaginadas pelos homens, e que os fariseus cumpriam e tentavam fazer com que todos cumprissem, razão pela qual se consideravam santos ou puros. Jesus reduziu todos os rituais a uma única atitude: a prática da caridade em plenitude.
Entre os judeus não havia canonização de pessoas, mas havia uma dignidade semelhante para algumas figuras históricas, como sejam os casos de Abraão, Moisés, Elias e vários outros, que se considerava que, depois da morte, tinham recebido a graça de viverem junto de Deus e serem merecedores de uma certa reverência. Não como Deus, mas como pessoas boas, justas, honestas e agraciadas por Deus.
A Igreja, desde o seu início, manteve esta prática. O diácono Estêvão foi apedrejado até à morte como castigo por dar testemunho da sua fé em Jesus. Inicialmente, aqueles que morriam por causa da sua fé eram chamados mártires, também beatos ou bem-aventurados e santos. A designação de mártires manteve-se para os que morriam por causa da fé, mas outras pessoas foram chamadas beatas e santas pelo seu testemunho de vida honesta e pura. Com receio de errar a considerar como estando já na presença de Deus pessoas falecidas que poderiam ter pecado em vida e não merecessem tal graça, a Igreja restringiu muito tais denominações, atribuindo-as de preferência a padres, bispos, papas, frades, freiras mas também a reis e rainhas, como reflexo de alguma promiscuidade com o poder político.
Os santos da cristandade, em grande parte, eram pessoas envoltas em grande misticismo: o padre João Maria Vianney, a guerreira Joana d’Arc, São Martinho. Foram também estabelecidas devoções em paralelo, como o Sagrado Coração de Jesus, as Chagas de Nosso Senhor, o Imaculado Coração de Maria, Nossa Senhora do Cabo Espichel.
Entre estes, um santo protector dos sapateiros, outro dos médicos, outro das costureiras, um das doenças da garganta, trazendo muitas vezes à memória o olimpo dos gregos ou outros politeísmos.
Com o passar do tempo, as confissões reformadas chamaram idólatras aos católicos, que se defendiam explicando que veneravam os santos e adoravam apenas a Deus. Mas como cada santo surgia envolto em grande misticismo, muitas vezes, coisa do passado, e a santidade como quase só para os antigos e praticamente inacessível aos fiéis contemporâneos, esta situação, para um observador externo, podia parecer dúbia.
Surge então o Papa João Paulo II, hoje também ele canonizado e em tempo recorde, que redefiniu santidade e canonização, regressando aos tempos antigos.
Ensinou que a santidade é para todos, que todos fomos criados para sermos santos e que está ao alcance de todos. E explicou esta teoria com a prática. Ele elevou aos altares beatos e santos, de todos os extractos sociais e de todas as culturas. Democratizou a canonização. E mostrou que não é necessário fazer uma opção de vida religiosa para ser contemplado com o Paraíso. Ele purificou a ideia da Igreja acerca deste assunto.
Ensinou que devemos ser mais comedidos na veneração dos santos. Por outro lado, aceitamos hoje com maior facilidade que um vizinho, pobre e desgraçado, que morreu, tenha a mesma probabilidade de estar no Céu que um Papa. Aliás Jesus já tinha explicado bem esta matéria. Hoje dispensamos, ou estamos em via de dispensar, os dourados e a estética das imagens para venerar um falecido. A iconografia cede lugar à prática da caridade. Hoje ofende-nos mais uma imagem de Maria cheia de dourados e rendas que uma outra em que é apresentada de saia e chinelas.
Devemos louvar o Senhor pela graça do Papa João Paulo II que veio da parte de Deus, distribuir a santidade por todos, ensinar que Deus exige que sejamos santos e nos espera de braços abertos. E regenerar e purificar a prática religiosa.

Orlando de Carvalho