sexta-feira, 6 de novembro de 2020

LITURGIA APONTAMENTOS 21

 Ambão, Basílica da Santíssima Trindade, Santuário de Fátima

 

40 Sugestões para exercer bem o ministério de leitor

 

 

A) Conhecer e compreender o texto.

1. Quem fala no texto? A quem fala? Sobre quê? Com que finalidade?

2. De que género de texto se trata? Um relato? Uma exortação? Um diálogo? Uma oração? Uma censura?

3. O que sentem as personagens que aparecem no texto?

4. Há palavras difíceis de compreender? Que significam?

5. O texto é divisível em partes? Onde começa e acaba cada parte?

 

B) Preparar uma leitura expressiva.

6. Quais as palavras mais importantes e as expressões ou frases principais que importa sublinhar?

7. Onde fazer pausa, breve ou prolongada?

8. Onde evitar a pausa?

9. Qual o tom de voz (ou tons de voz) adequado ao texto?

10. Qual o ritmo (as acentuações, os encadeamentos) e o movimento (acelerado, rápido, espaçado, lento) que se deve usar, no texto ou nas partes?

11. Articular e pronunciar bem cada palavra e cada sílaba (não negligenciar as consoantes).

12. Não deixar cair demasiado o tom de voz, mesmo nos pontos finais (o verdadeiro ponto final está no fim do texto e que, em nosso entender, salvo poucas excepções, não tem muito lugar na proclamação litúrgica).

13. O leitor mais habilitado nunca descuida a preparação antecedente, com exercícios parcelares e com o texto completo, várias vezes e em voz alta.

 

C) Exprimir os sentimentos do autor e das personagens.

14. A celebração litúrgica actualiza a palavra. O texto escrito torna-se palavra viva hoje, naquele lugar e para aquela assembleia.

"Deus fala hoje ao seu povo".

15. Não se trata de dramatizar, ou melhor dito, de criar uma ilusão, mas de reproduzir ou tornar vivos um texto e um acontecimento. Não se trata de atrair a atenção para a pessoa do leitor, mas para a Palavra e Acção divinas.

16. O leitor tem a responsabilidade de, usando os seus dotes oratórios, a sua técnica refinada e a sua arte de dizer, promover o encontro vital e a comunhão entre Deus que fala e os ouvintes.


D) Examinar algumas minúcias antes da celebração.

17. O Leccionário está no ambão (não uma revista ou jornal, ou folhetos)? Está aberto na página própria?

18. O microfone está ligado? O volume, o tom e a altura estão correctos? (Evite-se o seu ajuste durante a celebração, mediante o sopro ou os dois toques de dedos da praxe, ou outros ruídos perturbadores).

19. A que distância deve estar a boca para que a voz seja audível e expressiva?

 

E) Saber deslocar-se pare o ambão.

20. Situar-se, desde o começo da celebração, num lugar não muito afastado do ambão.

21. Não avançar para o ambão antes de estar concluído o que precede cada leitura (oração, canto, admonição).

22. Caminhar com um passo normal, sem ostentação nem precipitação, sem rigidez nem displicência, mas com uma digna e ritmada naturalidade.

 

F) Postura

23. Pés bem assentes, levemente afastados e firmes. Não se balancear, nem cruzar os pés, nem estar apoiado apenas num pé, com pés cruzados ou um à frente e outro atrás.

24. Não debruçado sobre o ambão, nem com os braços cruzados ou as mãos nos bolsos. Os braços poderão manter-se pendentes ao longo do corpo ou dobrados para permitir um leve e discreto apoio das mãos, na orla central do ambão (evitando tocar o Leccionário a fim de não o danificar com a adiposidade corporal)

 

G) Apresentação

25. Não trajar algo que possa distrair ou ofender os presentes, seja por ostentação, seja por desleixo, pouco conveniente ou ridículo (camisetas de anúncios, vestuário desalinhado ou sujo, cabelo “espetado"...). Ter critério e apresentar-se como pessoa educada e normal.

 

H) Antes de começar.

26. Guardar uma breve pausa para olhar a assembleia, a fim de a registar na mente, pois é para ela que se dirige e também para estabelecer com ela contacto directo antes de iniciar a proclamação.

27. Respirar calma e profundamente.

28. Esperar que toda a assembleia esteja sentada e tranquila e se tenha criado um ambiente de silêncio e escuta.

 

I) Título.

29.Ler só o título bíblico. Nunca se leia 1ª ou 2ª leitura ou salmo responsorial ou a frase a vermelho que precede a Leitura.

30. Após, a leitura do título, faça-se uma pausa para destacar o texto que vai ser proclamado

 

 

J) Ler devagar.

31. O ouvinte não é um gravador, mas uma mente humana que requer tempo para sentir, reagir, ouvir, entender, coordenar e assimilar. Geralmente, lê-se depressa e não se fazem as pausas adequadas, como pede o texto lido (a pontuação oral nem sempre coincide com a pontuação escrita). A leitura rápida pode cortar o contacto com a assembleia.

 

K) Ler com a cabeça levantada.

32. A cabeça deve estar direita, no prolongamento do corpo. Com a cabeça levantada, a assembleia contacta um rosto e a própria voz ganha em clareza e volume e o leitor exprime um texto dirigido à assembleia e não devolvido ao livro.

33. Se o ambão é baixo será sempre melhor suster o livro nas mãos que baixar a cabeça.

34. O olhar deverá manter o contacto com a assembleia sem ser necessário os constantes e perturbantes exercícios de levantar e baixar a cabeça.

 

L) Concluir a leitura.

35.Fazer uma pausa após a última frase e antes de dizer "Palavra do Senhor".

36. Dizer só "Palavra do Senhor" e nada mais (p.e.: "Irmãos, esta é a Palavra do Senhor", ou outras expressões semelhantes). Trata-se de uma aclamação e não de uma explicação.

37. Seria mais expressivo que esta aclamação fosse cantada (pelo Leitor, primeiramente, ou, em caso de necessidade, por outrem). Não sendo cantada, deveria ser dita em tom de voz mais elevado (entenda-se, não necessariamente num volume mais forte).

38. Não abandonar o ambão antes da resposta da assembleia.

39. Deixar o Leccionário aberto na página do Salmo responsorial ou da 2ª Leitura, para que fique pronto para o leitor que se segue.

40. Regressar ao lugar com calma e naturalidade, em passo normal e firme.

 

Fonte: Voz Portucalense

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

LITURGIA APONTAMENTOS 20

 

Normas gerais para leituras bem proclamadas

 

O leitor é instituído para fazer as leituras da Sagrada Escritura, com excepção do Evangelho. Pode também propor as intenções da oração universal e ainda, na falta do salmista, recitar o salmo entre as leituras.

O leitor tem na celebração da Eucaristia uma função que lhe é própria e que deve exercer por si mesmo, mesmo que haja ministros de grau superior.

Para que a audição das leituras divinas desperte no coração dos fiéis aquele afecto vivo e suave pela Sagrada Escritura, é necessário que os leitores encarregados deste ofício, embora não tenham recebida a instituição, sejam realmente idóneos e cuidadosamente preparados. (Instrução Geral do Missal Romano, nº 66).

 

"No espaço da Igreja deve haver um lugar elevado, fixo, dotada de conveniente disposição e nobreza, que corresponda à dignidade da Palavra de Deus e ao mesmo tempo recorde com clareza aos fiéis que na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a mesa do Corpo de Cristo e, finalmente, os ajude, o melhor passível, a ouvir e a prestar atenção durante a liturgia da Palavra... Como o ambão é o lugar de onde os ministros anunciam a Palavra de Deus, deve reservar-se por sua própria natureza às leituras, ao salmo responsorial e ao precónio pascal... Para servir de maneira adequada às celebrações, o ambão deve ser amplo, dado que por vezes têm de estar nele vários ministros. Além disso, devem tomar-se providências para que os leitores disponham, no ambão, de iluminação suficiente para lerem o texto e possam eventualmente utilizar os instrumentos técnicos modernos para se fazerem ouvir facilmente pelos fiéis" (Ordenamento das Leituras da Missa, nºs 32, 33, 34).

 

A assembleia litúrgica precisa de leitores, embora não instituídos para esta função. Procure-se, portanto, que haja alguns leigos, dos mais idóneos, que estejam preparados para exercer este ministério. Se se dispuser de vários leitores e houver várias leituras a fazer, convém distribuí-las entre eles... Esta preparação deve ser principalmente espiritual, mas é necessária a chamada preparação técnica. A preparação espiritual pressupõe pelo menos a dupla formação, bíblica e litúrgica: a formação bíblica, para que possam os leitores compreender as leituras, no seu contexto próprio entender à luz da fé o núcleo da mensagem revelada; a formação litúrgica, para que as leitores possam perceber o sentido e a estrutura da liturgia da palavra e os motivos que explicam a conexão entre a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. A preparação técnica deve tornar os leitores cada vez mais aptos na arte de ler em público, quer de viva voz, quer com a ajuda dos modernos instrumentos de amplificação sonora.”

(Ordenamento das leituras da Missa, nºs 52, 55)

 

 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Kerigma


 

O Kerigma ou Primeiro Anúncio é o testemunho dado pelo evangelizador do seu próprio encontro com Jesus Cristo. É a proclamação do Evangelho e de Jesus como salvação oferecida a cada pessoa, como dom de graça e misericórdia de Deus, na forma de experienciação feita por aquele que anuncia. Esta partilha da vivência sentida difere da narração histórica ou doutrinal da fé.

Este Anúncio tem de ser ouvido, acolhido, assimilado e fizer nascer no que o está a receber uma adesão de coração a Jesus.

Providencie-se para que não aconteça que se dê catequese a quem ainda não recebeu o testemunho do Primeiro Anúncio.

É pois absolutamente necessário que os evangelizadores já tenham feito, eles mesmos, a experiência de acolher o Kerigma, para que o possam transmitir.

E os evangelizandos ou catequizandos, acolhendo o Kerigma, tornam-se eles próprios anunciadores da fé, evangelizadores.

 

Orlando de Carvalho