«Lamentação sobre o corpo de Cristo».
Autor: Frei Angélico
Guido Tosini nasceu em Castello di Vicchio, perto de Florença, em Itália, em 1387. O pai chamava-se Pedro e o pequeno foi inicialmente chamado de Guido de Pedro.
Em 1407 juntou-se aos dominicanos, no mosteiro de Fiesole, juntamente com o seu irmão Bento e recebe o nome de Angélico João. Os dois irmãos realizaram pequenas pinturas com muitos detalhes, à semelhança das iluminuras góticas.
Em 1409, Frei Angélico, bem como toda a sua comunidade, tomam partido, durante uma disputa do trono pontifício contra o Papa Alexandre V e são obrigados a refugiar-se em Foligno, na Umbria. Aí Frei Angélico terá conhecido e recebido influência de Giotto. Em 1414, devido à peste, os dois irmãos vão para Cartona e, passados quatro anos, regressam a Fiesole.
Cerca de 1434 Frei Angélico é convidado para decorar o convento de São Marco, em Florença, que tinha sido recentemente entregue aos dominicanos, trabalho este que tinha Cosme de Medici como patrono. Os seus mais considerados trabalhos artísticos foram aí pintados entre 1438 e 1445.
«Crucificação». Fresco de Frei Angélico.
Convidado para o Vaticano, pinta para o Papa Eugénio IV e depois para Nicolau V, os frescos da Capela do Sacramento, em Roma, mais tarde mandados destruir por Paulo III, e da Capela de Nossa Senhora de São Brízio, na catedral de Orvieto, trabalho que ficou inacabado.
Nas iluminuras de missais e outros livros litúrgicos, Frei Angélico deixou transparecer grandes sinais de piedade e devoção, para quem utilizava esses livros como meio de oração.
A técnica usada nas pequenas miniaturas será usada nas pinturas de grandes dimensões para realizar os belos pormenores que ainda hoje podemos apreciar.
Frei Angélico defendia que, para alguém poder pintar Cristo com perfeição, tinha de ter sentimentos como os de Cristo e costumava preceder o tempo dedicado às pinturas, por um outro de oração.
A Fé, a linha fundamental da sua vida, foi o catalisador para a criação de uma importante e belíssima obra artística.
Vivendo e pintando durante o Renascimento, quando se recuperava o estilo clássico das culturas grega e romana, exaltando a figura humana, o homem e os sentidos, muitas vezes o pecado, Frei Angélico teve o engenho e o discernimento para usar do Renascimento as técnicas, para realizar obras de arte religiosas, enaltecendo o belo e a virtude, a fé e a piedade, com tal ingenuidade e evidência, que os seus sentimentos generosos são visíveis e parecem contaminar quem olha a sua arte. Faz uma inovação ao usar a luz com intenção não naturalista, mas estética, fazendo um uso inteligente da cor.
Partiu para a Casa do Pai em 1455. Os seus restos mortais estão depositados na Igreja de Santa Maria sobre Minerva.
A 18 de Fevereiro Sua Santidade João Paulo II beatificou Frei Angélico, dispensando existência de milagre, por concessão Missae et Officii. Ele foi declarado padroeiro dos artistas.
Orlando de Carvalho
Os Santos de João Paulo II, volume I, Editora Lusociência
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