domingo, 23 de junho de 2013

Ao meu avô João Baptista

São João Baptista seja advogado do meu avô lá no Alto.




Caravaggio - Decapitação de São João Baptista



João Baptista começou por ser um Dom de Deus a seus pais, Isabel e Zacarias um casal que há muitos anos teria ultrapassado a idade fértil para a procriação. João é a consolação e a alegria de um casal que, quando se julgava abandonado ou castigado por Deus, vê a misericórdia de Deus que lhes concede o seu maior anseio humano.

Ainda antes de nascer, João começa a realizar a sua missão: Profeta do Antigo Testamento, ele deve anunciar Jesus. Ao contrário dos seus antecessores na História da Salvação, João não vem anunciar a vinda do Messias e encorajar à espera por essa vinda, cabe-lhe a honra de anunciar:
- Eis o Messias. Já chegou. A espera de Israel terminou. A expectativa da Humanidade e de toda a Criação está a concretizar-se. A vida eterna sucede à morte. Aquele que traz o conhecimento do destino e finalidade da Criação e a chave do acesso à vida eterna e à proximidade de Deus já chegou.
É com sete ou oito meses de vida, portanto, um ou dois meses antes de nascer, que João começa a cumprir o seu desígnio profético: de dentro do útero da mãe ele consegue cumprir essa missão plenamente no que a Isabel diz respeito.

Quando Maria, mãe ainda grávida de Jesus, e Isabel grávida de João se encontram frente a frente, os seus úteros com os seus bebés frente a frente, quase se tocando, Isabel sente um movimento do seu bebé e, por meio do Espírito Santo, percebe que essa dinâmica jubilosa dentro de si significa que ela e o seu filho estão perante o Filho do Altíssimo desde há muito prometido:
- Veio a mim a Mãe do meu Senhor!

O nascimento de João que celebramos a 24 de Junho, seis meses antes da celebração do nascimento de Jesus a 25 de Dezembro, de acordo com o anúncio do anjo Gabriel, é mais um sinal do seu estatuto privilegiado de homem de Deus. Zacarias, o seu idoso pai, recupera a fala, que perdera quando duvidara do anjo que lhe anunciou o nascimento de um filho, no momento em que faz valer a vontade da sua esposa contra a da restante família em relação ao nome do bebé:
- João é o seu nome.

A missão de João realiza-se em três tempos ao longo da sua pregação de um baptismo penitencial.
Primeiro, quando vê passar Jesus e aponta para Ele, declarando quem é e como vem realizar a vontade do Pai:
- Eis o Cordeiro de Deus!
(- Olhai para o sacrifício que Deus vai receber.)

O mais popular acto público da missão de João, aquela que lhe deu o cognome de Baptista, e que vem em segundo lugar cronológico, é o Baptismo de Jesus, o grande sinal revelador da Santíssima Trindade e, por isso, do estatuto divino de Jesus.
O Filho cumpre o baptismo penitencial, Ele, o isento de pecado, no gesto percursor da penitência que cumprirá na Cruz, não pelos seus inexistentes pecados, mas pelos nossos pecados.
O Pai declara o seu Amor pelo filho (no primeiro dos relatos evangélicos em que isso acontece): 
- Este é o meu Filho muito amada.
E esse amor entre o Pai e o Filho surge materializado para ser inteligível para os homens: O Espírito Santo como pomba.

João daria ainda testemunho, já na prisão, ao afirmar aos seus discípulos que Jesus é o Messias esperado.

João tem ainda mais uma oportunidade de revelar a sua fidelidade à missão profética. Uma missão perene de ensinamento às pessoas suas contemporâneas, como às de hoje e de sempre.
João compromete a sua vida ao denunciar o pecado público dos governantes. Herodes vive em pecado de adultério com a sua cunhada. Todos o sabem e todos se calam porque pode ser perigoso denunciar um chefe poderoso, um rei, um presidente, um ministro, um deputado.
João podia ter-se calado, uma vez que já tinha cumprido a sua missão profética específica em relação a Jesus, mas ele quer ser Profeta até ao fim. A denúncia sistemática daqueles que violam a lei a seu belo prazer e usam o 'poder ministerial' em seu proveito custou-lhe a cabeça e a vida. Foi decapitado para gáudio de governantes corruptos, mas a sua cabeça terá sido a prova de acusação contra esses mesmos. E continua a ser, para nós, a afirmação de que vale a pena correr riscos pela verdade.

João Baptista é celebrado por nós e continuará a sê-lo nos Céus.

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