Leitor – Naqueles
dias, o povo israelita, atormentado pela sede, começou a altercar com Moisés,
dizendo:
Povo – Porque
nos tiraste do Egipto? Para nos deixares morrer à sede, a nós, aos nossos
filhos e aos nossos rebanhos?
Leitor – Então
Moisés clamou ao Senhor, dizendo:
Moisés – Que
hei-de fazer a este povo? Pouco falta para me apedrejarem.
Leitor – O
Senhor respondeu a Moisés:
Deus – Passa
para a frente do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma na mão a
vara com que fustigaste o Rio e põe-te a caminho. Eu estarei diante de ti,
sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o
povo poderá beber.
Leitor – Moisés
assim fez à vista dos anciãos de Israel. E chamou àquele lugar Massa e Meriba,
por causa da altercação dos filhos de Israel e por terem tentado o Senhor, ao
dizerem: «O Senhor está ou não no meio de nós?
EVANGELHO –Jo 4, 5-42
Leitor – Naquele
tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da
propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob.
Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do
meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus:
Jesus – Dá-Me
de beber.
Leitor – Os
discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-Lhe a samaritana:
Samaritana
– Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?
Leitor – De
facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus:
Jesus – Se
conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é
que Lhe pedirias e Ele te daria água viva.
Leitor – Respondeu-Lhe
a mulher:
Samaritana
– Senhor, Tu nem sequer tens um balde, e o poço é fundo: donde Te vem a água
viva? Serás Tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço, do qual
ele mesmo bebeu, com os seus filhos e os seus rebanhos?
Leitor – Disse-Lhe
Jesus:
Jesus – Todo
aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que
Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma
nascente que jorra para a vida eterna.
Leitor – Suplicou a mulher:
Samaritana
– Senhor, dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir
aqui buscá-la.
Leitor – Disse-lhe Jesus:
Jesus – Vai
chamar o teu marido e volta aqui.
Leitor – Respondeu-lhe
a mulher:
Samaritana
– Não tenho marido.
Leitor – Jesus
replicou:
Jesus – Disseste
bem que não tens marido, pois tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu
marido. Neste ponto falaste verdade.
Leitor – Disse-lhe
a mulher:
Samaritana
– Senhor, vejo que és profeta. Os nossos antepassados adoraram neste monte, e
vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar.
Leitor – Disse-lhe
Jesus:
Jesus – Mulher,
acredita em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém
adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que
conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vai chegar a hora – e já
chegou – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e
verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito e os
seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade.
Leitor – Disse-Lhe
a mulher:
Samaritana
– Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando
vier, há-de anunciar-nos todas as coisas.
Leitor – Respondeu-lhe Jesus:
Jesus – Sou
Eu, que estou a falar contigo.
Leitor – Nisto,
chegaram os discípulos e ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela
mulher, mas nenhum deles Lhe perguntou: «Que pretendes?», ou então: «Porque
falas com ela?». A mulher deixou a bilha, correu à cidade e falou a todos:
Samaritana
– Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será Ele o Messias?
Leitor – Eles
saíram da cidade e vieram ter com Jesus. Entretanto, os discípulos insistiam
com Ele, dizendo:
Discípulos
– Mestre, come.
Leitor – Mas
Ele respondeu-lhes:
Jesus – Eu
tenho um alimento para comer que vós não conheceis.
Leitor – Os
discípulos perguntavam uns aos outros:
Discípulos
– Porventura alguém Lhe trouxe de comer?
Leitor – Disse-lhes
Jesus:
Jesus – O
meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra.
Não dizeis vós que dentro de quatro meses chegará o tempo da colheita? Pois
bem, Eu digo-vos: Erguei os olhos e vede os campos, que já estão loiros para a
ceifa. Já o ceifeiro recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna e,
deste modo, se alegra o semeador juntamente com o ceifeiro. Nisto se verifica o
ditado: ‘Um é o que semeia e outro o que ceifa’. Eu mandei-vos ceifar o que não
trabalhastes. Outros trabalharam e vós aproveitais-vos do seu trabalho.
Leitor – Muitos
samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da
mulher, que testemunhava:
Samaritana
– Ele disse-me tudo o que eu fiz.
Leitor – Por
isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que
ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e
diziam à mulher:
Samaritanos
– Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e
sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo.
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