Vi, ainda criança, o filme “Inês de Castro”, de Leitão de
Barros, produzido em 1944 e estreado no ano seguinte.
Fiquei horrorizado com a cena do beija-mão ao cadáver
exumado da amante do Príncipe D. Pedro. Depois da morte de D. Constança, esposa
do príncipe, e do cumprimento das ordens do Rei D. Afonso IV acerca de Inês de
Castro, primeiro exílio e depois assassínio, D. Pedro ascende ao trono por
morte de seu pai.
Quando da sua coroação, faz exumar o cadáver da amante
sepultado há anos e senta-o no trono destinado à rainha, obrigando a corte a beijar-lhe
a mão seca e miserável. Repugnados, mas receosos acerca da atitude do rei,
homem com problemas mentais e cruel, lá vão beijando a mão ao cadáver, até que
um deles desmaia antes do beijo. Foi a parte que mais me agradou na cena, pois
livrou-se de tão horrendo acto, que eu não me via então a ser capaz de realizar,
de certo modo senti-me aliviado, porque se um dia estivesse numa situação
daquelas, poderia sempre desmaiar.
Cantado por Camões, e depois em romances, teatro, filmes e
poemas, os amores de Pedro e Inês não mais são que um drama sórdido e chocante
de desumanidade e insuficiência e debilidade mental. Os belos túmulos de ambos
em Alcobaça, são apenas obras de arte, contendo, ou não, os restos mortais do
casal adúltero, como seriam belos se não contivessem nada, ou cheios de outra
coisa qualquer. São um registo histórico, claro.
Embora devamos reconhecer que para história, ou historieta, este
episódio não esteja mal.
Os movimentos libertários mais ou menos originados no norte
da Europa no início do século XX têm trazido muito de bom à sociedade, mas, na
nossa opinião, tanto de mau como de bom, senão mais de mau que de bom.
Recordemos o atraso intelectual, académico e económico
dessas sociedades de descendentes de vikings em relação aos países mais
evoluídos do velho continente, entre os quais está, de facto, Portugal, não
obstante todo o atraso existente, mas nunca comparável aos dos vikings.
O desrespeito pela vida humano teorizou-se nos países
nórdicos e continua a teorizar-se, desenvolver-se e expandir-se para os países
com valores de vida reais, verdadeiros valores, conseguindo prevalecer perante
estes através de inúmeras falácias e apelo ao facilitismo.
A implementação da infidelidade conjugal plena, a
sexualidade activa sem união conjugal, o descrédito do casamento e da família,
todo o tipo de experiências sexuais, das mais diversas formas de aborto à concepção
através de terceiros, através de diversos métodos; o relacionamento sexual
entre pessoas do mesmo sexo, entre casais casados com outros casais casados; da
eutanásia a pedido, em casos de extremo sofrimento, à eutanásia a pedido das
famílias e sem escutar o sujeito, mesmo quando se trata de crianças; até à
aceitação normal da pedofilia… Nós, os mediterrânicos, olhamos para tudo isto e
repudiamos, precisamente porque somos mediterrânicos, católicos, gente de
ferver em pouca água, mas capazes de perceber o erro e sentir-se arrependidos,
capazes de ter remorsos, capazes de dar a mão à palmatória. Depois de tudo, e
com tudo o que isso carrega de bom e de mau, ainda somos gente com o sentido da
honra. Gente que sente e que ama a vida.
A juventude de um qualquer partido político na Suécia propõe
a legalização do incesto, nomeadamente entre irmãos, desde que sejam maiores de
15 anos de idade.
A questão do incesto fará corar uns e enojará outros. Ora, para
além do incesto legalizado, esses mesmos jovens, propõem a legalização da
necrofilia. Notamos que se trata de jovens que dispõem dos maiores confortos e facilidades
de vida, nessa sociedade sem amor pela vida, desinteressada na alegria de
viver, onde as taxas de suicídios entre pessoas, especialmente entre jovens, é
elevadíssima, precisamente porque lhes faltam razões de viver.
Muito mais à frente de D. Pedro I, o demente mental que
sentou um cadáver no trono e o sujeitou à cena do beija-mão, os transtornados jovens
suecos querem que seja legalizado qualquer tipo de relação sexual com
cadáveres. Procurando nas imagens do Google o termo necrofilia, visualizam-se
coisas inumanas que não recomendamos a ninguém, porque são próprias de
distúrbios mentais.
Alguns partidos políticos e correntes de opinião e
associações no sul da Europa, incluindo em Portugal, seguem nesta linha nórdica
de destruição da felicidade a que todos os cidadãos, diríamos filhos de Deus,
mas ela é extensível também a quem não reconhece ainda Deus, e têm-se
mobilizado na transposição dessas regras de morte, de tristeza e de
infelicidade para a legislação nos outros países europeus, nos mediterrânicos,
em Portugal, em todo o mundo.
Restam-nos a Fé em que não seremos abandonados e a Oração,
esperando com ela obter a protecção divina. Resta-nos ainda cumprir com a nossa
obrigação de nos preservarmos dessas teorias e práticas, preservarmos as nossas
crianças, as nossas família e a nossa sociedade por todos os meios ao nosso
dispor. Não permitirmos que os defensores da morte sejam mais activos que nós
ao defendermos a vida.
Orlando de Carvalho
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