Pintura de Juan Simón Gutiérrez,1680
José é a personagem mais discreta ao longo de todo a Sagrada
Escritura. De um ponto de vista relativo, ou estatístico, comparando a sua
importância com as referências que lhe são feitas e as informações que nos
chegam acerca de si, quase poderíamos ser levados a pensar que São José foi
menosprezado pelos evangelistas.
Começamos por reparar na parábola dos talentos de que nos dá
conta o evangelista Mateus (Mt 25,14-30).
Actualizando, quando possível os valores, de acordo com
investigação que fizemos, um homem rico partiu em viagem e confiou o seu
dinheiro aos três empregados que lhe mereciam maior confiança para a tarefa. A um
confiou um milhão duzentos e sessenta mil euros, a outro dois milhões quinhentos
e vinte mil euros e finalmente a um terceiro entregou para guardar seis milhões
e trezentos mil euros.
A viagem foi ao estrangeiro e demorada, talvez anos. De regresso,
o homem rico zangou-se com o empregado a quem tinha confiado a menor
importância pois ele tinha guardado o dinheiro enterrando-o no campo, para
evitar os ladrões. De modo contrário, os seus dois colegas tinham feito
investimentos e lucrado muito dinheiro para o seu patrão.
Jesus contou esta história para ajudar as pessoas a
perceberem que os dons que recebem de Deus não são para ocultar nem para fazer
brilharetes, mas para os pôr a render. Quem tiver o dom de educar, que eduque;
quem possuir o dom de cuidar que o faça como médico, enfermeiro…; quem se der
bem com as plantas que faça florescer lindas flores no jardim ou alimento nas
hortas. Assim também, quem tiver o dom de dominar as leis não se dedique a
fazer más peças de carpintaria, nem aquele que saiba esculpir madeira com arte
não se envolva em causas jurídicas que seja incapaz de argumentar.
Ora, aconteceu que o mais rico e poderoso do Universo teve
os seus dois bens mais preciosos em viagem na Terra. O seu Filho natural e a
mãe desse Filho, Maria. Ele sabia que os tinha enviado para um meio hostil e
perigoso e confiou a sua custódia ao empregado que lhe pareceu o mais competente
para tão importante função. O empregado era apenas carpinteiro, mas o
importante e poderoso patrão dotou-o com as capacidades necessárias. Ainda assim,
o carpinteiro, que se chamava José, teve de ultrapassar hercúleas tarefas para
realizar o trabalho pretendido. Passou vergonhas e humilhações, teve que
quebrar o orgulho varonil, viu-se envolvido em fugas e perseguições policiais e
políticas. Acabou morto sem que tenha sido lavrado qualquer documento oficial
de como foi o seu fim sobre a Terra.
O que sabemos, e bem, acerca deste José Carpinteiro foi o
resultado do seu trabalho de guarda dos dois bens do homem rico, que já todos
percebemos quem é e podemos tratar a partir de agora pelo seu verdadeiro nome,
Deus Pai.
O bem principal, Jesus, custodiado por José encontrou na
Terra condições para completar a sua missão, serviu de paradigma para toda a
Humanidade de todos os tempos, salvou todos os povos e nações de todos os
tempos, e sentou-se finalmente à direita de Deus Pai, recebendo o ceptro para
governar toda a Criação. O outro bem foi a Mãe do Filho de Deus, Maria. Ela é a
mais considerada e bem-aventurada entre todas as mulheres.
Pensemos agora qual o valor que podemos atribuir a Jesus e
Maria? Se fizesse caso falar assim, quanto valeriam os dois juntos num leilão? Pois
se na parábola dos talentos o homem rico retribuiu generosamente aqueles que zelaram
pelos seus interesses, como não compensará Deus a pessoa que cuidou dos seus
dois bens de valor inestimável?
Que poderá Deus Pai recusar o que lhe for pedido pelo servo
fiel que custodiou Jesus e Maria?
Sabem disso os religiosos e religiosas que habitam conventos
e mosteiros e que se viram para São José rogando o seu auxílio quando estão em
situações desesperadas, nomeadamente com falta de dinheiro para atender
situações graves.
Também o sabem alguns párocos que buscam o seu auxílio na
administração paroquial.
Pela mesma razão, São José é eleito por algumas famílias
como seu patrono.
Confiemo-nos com simplicidade a São José, a nós e às nossas
famílias, não como se ele pudesse ser um substituto de Deus, mas como nosso
intercessor a quem Deus Pai certamente não negará favor algum.
Orando.
Não tendo encontrado Jesus, Maria e José voltaram a
Jerusalém à procura dEle. Três dias depois, encontraram o Menino no Templo, sentado
no meio dos doutores.
Glória…
Sua Mãe disse-Lhe: «Meu filho, porque fizeste isto connosco?
Olha que teu pai e eu andávamos angustiados, à tua procura».
Ave-maria…
Jesus respondeu: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu
devo estar na casa do meu Pai?»
Pai-nosso…
Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e obedecia-lhes.
E sua mãe conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em
sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens.
Glória…
Orlando de Carvalho
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