Dizem para aí que “Natal é quando uma pessoa quiser”.
Os jacobinos já tentaram passar a ideia de que não há Deus. Tentaram
matar Deus, fazendo crer que Deus era o mesmo que reis e fidalguia, e que se
reis e fidalguia abusavam do povo, deviam ser mortos, e Deus, que supostamente
dava cobertura e protegia os déspotas, devia ser também morto. Já a conspiração
entre a nobreza judaica, os fariseus, os zelotas revolucionários e os romanos
invasores os tinha precedido. E mataram mesmo Deus na sua humanidade, coisa que
os confundiu ao perceberem que Ele tinha ressuscitado e dado início a um novo e
eterno ciclo na História.
Como o povo francês não abdicou de Deus nem das expressões
da sua Fé, os jacobinos intentaram um novo e amoroso conceito de Natal,
proclamando que Natal era a Festa da Família. O povo alegrou-se porque assim continuava
a celebrar o amor de Deus e os jacobinos ficaram satisfeitos porque tinham
eliminado Deus. O povo podia continuar a celebrar o nascimento de Jesus, Filho
de Deus, mas sem pronunciar as palavras Jesus ou Deus.
Como cada família humana, através dos seus gestos de amor, é
expressão da comunidade trinitária, qualquer que fosse o nome legalista imposto
pelos jacobinos, continuou a comemorar-se o Natal de Jesus, até hoje, e, de
certeza, pelos séculos sem fim assim será.
Não é Natal quando uma pessoa quiser da mesma maneira que eu
não convido os meus amigos para virem à minha festa de aniversário, ver-me
apagar as velas e trazer-me presentes quando eu quero. Os meus amigos não são
burros. É quando eu faço anos e ponto. E se eu fizer anos num dia de trabalho,
os amigos até me poderão forçar a transferir a festa para o sábado ou Domingo,
se eu quiser que eles participem.
Se eu celebro o Natal, realizando obras de caridade, essas
poderei fazê-las quando eu quiser, se eu celebro o Natal com um convívio de
família e amigos, também o poderei fazer em qualquer momento. Mas, se eu
pretender fazer um presépio, montar árvore de Natal ou celebrar Missa do Galo
na Páscoa, ou em qualquer outra ocasião que não seja a Quadra Natalícia ou a
noite de 24 de Dezembro… quem me levará a sério? Provavelmente concluirão que o
meu lugar devia ser num manicómio.
Claro que com o fenómeno da globalização e do aumento da
capacidade financeira da população em geral em boa parte do mundo, eu já posso
comer frutos secos em qualquer estação do ano e comer bolo-rei sempre que
queira, mas isso não é Natal. Nem pensar. O Natal é uma festa de aniversário em
que os participantes imitam os pastores e os magos, adorando, cantando hinos de
amor, fazendo oferendas.
Natal é a vinda de Jesus até nós, através de Maria, na
companhia de José. E Jesus vem segundo a sua vontade e a do Pai. Hoje! Como em
Belém!
Orlando de Carvalho