21 Anos
1 Abril 1997 – 1 Abril 2018
Neste Domingo de Páscoa, aqueles que conheceram o Padre
Carlos dos Santos, os seus amigos, comemoram 21 anos desde a sua partida de
volta ao seio do Pai.
Acredito que no Céu, os anjos e os santos comemorem também a
mesma data.
Uns celebram a data da separação, outros a data do encontro.
No final, será o reencontro de todos, à mesa sacramental de Deus.
Em torno de uma imensa mesa onde unidos pelo amor que dimana
do Espírito Santo, a todos os convivas será servido o Pão da Vida, em ordem à
elevação até à presença do Pai.
O Padre Carlos foi essencialmente um homem de acolhimento. Acolheu
dentro da sua igreja e do seu centro paroquial muitos que antes tentaram tomar
de assalto a estrutura religiosa e social que tinha acabado de ser construída,
quando tiveram a oportunidade da revolução estar na rua. Acolheu gente que
outros rejeitaram, homossexuais, extremistas políticos, padres confundidos na
sua opção de vida, religiosos a quem o Concílio fez sentirem-se mal no status quo das suas comunidades, mas que
queriam ardentemente continuar na Igreja. Foi um homem de consensos, indo ao
encontro de cada um e dispondo-se a escutar os corações atribulados. Nos olhos
de cada irmão, ele via a felicidade ou a amargura do coração e pegando nas
lágrimas da alegria ou da dor, o Padre Carlos motivava a abertura dos corações.
E ajudou tantos! Ajudando ao encontro com a misericórdia de Deus, ajudando ao
sustento do corpo ou do espírito, como Jesus ao multiplicar os pães ou ao
converter os corações.
Depois de o Padre Carlos morrer, em conversa com D. Albino
Cleto, na altura bispo-auxiliar de Lisboa, ele questionava-me:
- Mas quereis abrir um processo de canonização do Padre
Carlos? Não está em causa a justeza dessa opção, mas a Igreja já tem tantos
santos padres e religiosos!
Atentando às beatificações e canonizações do Papa João Paulo
II, D. Albino concluía: a Igreja necessita de modelos de santidade entre leigos,
porque padres já há muitos.
O bispo-auxiliar de Lisboa garantia a santidade do Padre
Carlos de São Domingos de Benfica.
Roga por nós, Padre Carlos, os que tivemos contigo relações
de amizade, os que fomos teus paroquianos, os que te amámos e os que te
odiámos, os que hoje compomos a paróquia que, de algum modo, fundaste. Roga também
pelos teus irmãos dominicanos, para que sejam presença viva da Palavra Santa
entre o Povo de Deus e prossigam vida de santidade.
Roga por nós, Padre Carlos.
Ámen.
Orlando de Carvalho
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