O que acontece entre Deus e o homem no sacramento, mediante
a graça, pode também acontecer fora do sacramento, na interioridade do coração,
onde se cruzam a dádiva da bondade de Deus e a humilde e crente receptividade
do homem. No homem capaz de decisões próprias, o acontecer sacramental só
produz efeitos de graça quando se verifica realmente o encontro interior, entre
Deus e o homem, significado pelo sinal sacramental. Tanto é assim que existe,
por exemplo, como afirma o Concílio de Trento, a comunhão espiritual, na qual o
cristão, sem receber sacramentalmente o Corpo do Senhor, “pode alimentar-se, em
desejo, do pão celestial que nos foi dado e sentir em si, mediante a fé viva,
imbuída de amor, o fruto e o proveito desse pão” (Denzinger 881).
E se isto é válido em
relação a todos os sacramentos, sem excluir aquele que, dada a sua natureza, se
pode receber sacramentalmente todos os dias, muito mais válido é no que
respeita aos sacramentos que, pela sua natureza, só é possível receber uma vez,
os sacramentos que imprimem no sujeito um carácter espiritual e, portanto, não
podem repetir-se.
Karl Rahner, em Servos
de Cristo, citado por D. António Ribeiro em 31 de Março de 1988, na Missa
Crismal
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