Imagem: Monte das Bem-aventuranças, Terra Santa
Proposta para Encontro de Catequese sob o tema
As Bem-aventuranças completam os Dez Mandamentos
INSTRUÇÕES
- Texto para ser lido e acompanhado pela projecção dos
diapositivos em ecrã pleno (usando o vídeo, pode ser necessário adaptar a velocidade de projecção)
- No final estão os dois textos evangélicos das
Bem-aventuranças. Podem ser copiados e distribuídos aos participantes ou
afixado à vista de todos. Em relação a cada história do texto, cada pessoa pode
citar um versículo do texto que ache que se adapte. Como para cada história se
podem fazer corresponder diversos versículos, há hipóteses para todos
participarem.
Quando Jesus suspenso na Cruz soltou o último alento,
rasgou-se o véu do Templo. (Marcos 15,38; Mateus 27,51; Lucas 23,45)
Este rasgão separa a Antiga e a Nova Alianças. A lei antiga
e a novidade messiânica. A lei que girava em torno dos Dez Mandamentos
entregues por Deus a Moisés foi ampliada e completada por Jesus.
Expliquemos de um modo simples.
Os Dez Mandamentos proibiam matar. O Evangelho continua a
proibir matar, mas vai muito mais além. Dantes, a virtude era não matar, mas
desde o Evangelho, é preciso agir, ajudar e cuidar para que um qualquer
desconhecido morra. Jesus contou a chamada Parábola do Bom Samaritano (Lucas
10,25-37). Um homem que foi atacado, roubado e agredido fica moribundo na berma
da estrada. Gente de elevada posição social finge não ver o pobre homem, ou
desdenha incomodar-se com um desconhecido. Surge então um samaritano – os da
Samaria e os judeus detestavam-se mutuamente – que cuida do pobre desgraçado. É
esse testemunho de vida que Jesus indica como caminho para o Reino dos Céus:
amor e entrega total ao próximo.
Jesus sistematizou esta nova lei, que é a lei antiga elevada
ao expoente do amor desmedido, em certa ocasião em que proferiu um discurso à
multidão que o seguia. Chamaram-lhe o Sermão da Montanha e as leis que nele
enunciou ficaram conhecidas por Bem-aventuranças. Este discurso foi escrito
mais tarde por Mateus e por Lucas, em separado, cada um segundo as memórias que
possuía daquele dia.
Em 24 de Março de 1980, em El Salvador, o Bispo D. Óscar
Romero celebrava missa, quando terroristas interromperam a celebração e, aos
tiros, assassinaram o bispo. Tendo conhecimento da perseguição que naquele país
era movida contra os pobres que eram escravizados pelos ricos e torturados e
assassinados pelos militares e pela classe política, o bispo manifestou-lhes o seu
apoio e criticou com firmeza os bandidos. Avisado para se calar, preferiu
sujeitar-se ao que lhe quisessem fazer, mas continuou a apregoar a verdade e a
defesa dos mais fracos.
Em 2015 foi beatificado.
Bem-aventurado Óscar Romero!
Maximiliano Maria Kolbe era ainda adolescente quando foi
admitido entre os franciscanos. Aos 23 anos foi-lhe diagnosticada a tuberculose
que o acompanharia até ao fim da vida. Nem tratamentos nem repouso em
sanatórios lhe produziram melhoras significativas. Ainda assim fundou a Obra da
Imaculada, provavelmente a maior editora de sempre no campo da evangelização.
Ele próprio foi missionário no Japão. Sempre cada vez mais doente, regressou à
Alemanha nazi. Foi preso e encarcerado no campo de concentração de Auschwitz.
Quando os soldados desumanos se preparavam para fuzilar um homem inocente, um
alemão casado e pai de crianças, que chorava por causa dos filhos que ia deixar
órfãos, o padre Kolbe pediu autorização para trocar de lugar com o condenado.
Morreu no dia 14 de Agosto de 1941, em grande tortura e sem receber água ou
alimento. O homem que ele salvou esteve presente na cerimónia da sua
beatificação em 1971. Em 1982 foi canonizado: São Maximiliano Maria Kolbe.
Bem-aventurado Maximiliano Maria Kolbe!
Em 2014, um grupo de terroristas muçulmanos iniciou um
ataque a todas as pessoas que tinham uma fé diferente da sua, fossem cristãos,
de outras religiões ou sem religião. Porém, o seu alvo preferencial eram os
cristãos. Esse movimento transformar-se-ia mais tarde no tristemente famoso
DAESH. Eles deram aos cristãos as seguintes hipóteses:
- Converterem-se ao Islão e renegarem a sua fé
- Não se converterem e serem mortos
- Não se converterem e marcarem as portas das suas casas com
a letra “nun” equivalente ao nosso “n”, primeira letra da palavra Nazareno,
identificando-se como cristãos e pagarem elevados impostos para não serem
mortos.
Alguns cristãos na zona de in fluência destes terroristas,
na Síria, não se converteram e aceitaram as consequências de serem fiéis a
Cristo. Muitos morreram em grande humilhação. Alguns chegaram ao fim da
investida terrorista e voltam a suas casas.
Com a letra nun
desenhada nas suas portas, esses nossos irmãos afirmavam destemidamente:
- Aqui mora um cristão!
Bem-aventurados cristãos da Síria que pressionados,
torturados e assassinados vos mantivestes fiéis a Cristo!
João e José frequentam a Igreja, pertencem a um grupo de
jovens e são acólitos.
Quando na escola ouvem afirmações contra Deus ou Nossa
Senhora, o João sente-se desconfortável e finge que não ouviu, mas por vezes
não pode. Se contam uma anedota com referências porcas a Nossa Senhora, ele tem
de se rir, para alinhar e não ser posto de lado pelos colegas.
José é mais firme na fé e diz que não lhe interessam aquelas
conversas e vira as costas. Como consequência, muitos colegas não querem nada
com ele.
Ai de ti João!
Bem-aventurado José!
Mariana foi convidada para trabalhar numa grande empresa
farmacêutica na investigação para o fabrico de medicamentos abortivos, e outros
para serem usados em execução de penas de morte ou em eutanásia. Mariana
rejeitou o emprego onde lhe ofereciam um ordenado de 12 mil euros por mês, para
não fabricar produtos para matar. Ela manteve o seu trabalho no pequeno
laboratório português com 900 euros por mês, contra a vontade dos seus pais e
do marido e muitos dos seus amigos e familiares.
Bem-aventurada Mariana!
Alexandre, estavas quase a ir à falência. Podias ter feito
batota sem ninguém perceber e ter ficado com algum dinheiro que se destinava
aos pobres e que passava pelas tuas mãos, mas foste honesto. Foste à falência e
por isso foste humilhado, mas pudeste sentar-te entre os justos que se sentam
no Reino dos Céus, mesmo ao lado do teu Criador.
Bem-aventurado és tu Alexandre!
André, chegas ao fim do mês sem dinheiro, às vezes logo a
meio do mês, não compras os medicamentos porque o dinheiro não chega, não
consegues dar aos teus filhos as roupas e os jogos mais caros e vistosos. Feliz
de ti, porque não te deixas corromper como algumas pessoas tuas conhecidas.
Deus olha para ti e vê a sua própria imagem. No Reino dos Céus terás tudo
porque nada te será negado, porém aos que viveram na terra com o luxo desonesto
não será permitido sequer aproximarem-se de ti, quando estiveres junto do
Senhor.
Feliz és tu André!
Sortudo és tu, ó pobre a quem ninguém precisa de elogiar e
aplaudir. Não és como os ricos que todos elogiam, que todos convidam para as
suas casas, e de quem todos falam bem. Tens sorte, ó pobre, que não participas
dessa farsa elogiando quem não merece ou recebendo elogios que não lhes são
devidos.
Se fosses rico e te dirigissem esses elogios falsos, no
mesmo dia em que perdesses a fortuna, os mesmos que te elogiavam e se curvavam
diante de ti, te diriam que não te conheciam ou, pelo menos, que não tinham
tempo para te atender.
Ai do rico e do corrupto! Ele só te quer ver à distância,
não tem tempo para ti, não quer escutar-te, só pensa em se divertir e deleitar
com a riqueza que ganhou com o suor do teu corpo. Enquanto ele ri de braços
abertos, tu andas curvado a chorar. As tuas lágrimas conduzem ao Céu mas o riso
do corrupto arrasta-o para a perdição. Mais vale ser pobre e sofrer injustiças
que ser juiz corrupto e arder no Inferno pelos séculos dos séculos.
Feliz de ti que não buscas ganhar o primeiro lugar neste
mundo, mas um cantinho despercebido no Reino dos Céus.
Feliz de ti, que te contentas com as coisas simples da vida.
Não vives amarrado a complicadas escritas, não tens inteligência para entender
as grandes descobertas científicas, nem andas metido em negócios vantajosos e
perigosos.
Na tua pobreza de espírito sobra-te tempo para partilhar as
alegrias com a tua esposa ou esposo, para acompanhar e ajudar a crescer os teus
filhos, para te dares a tantos que precisam de ti. Consegues ter tempo e
presença de espírito para aceitares a humilhação de te chamarem ignorante e incompetente.
Bem-aventurados!
Os que pagam as ofensas com gestos de amor e que não
recorrem à vingança.
Felizes!
São todos os que preferem viver o infortúnio e a dor
durantes 20, 50 ou 100 anos nesta vida sobre a Terra com fé e esperança em
gozarem a felicidade durante um tempo infinito que vem depois da morte e que
não acabará jamais.
Sortudos!
Todos vós que escolheis o caminho mais difícil para vos
manterdes fiéis à Verdade. Porque pouca sorte têm os que não percebem que as
vantagens da mentira são aparentes e passageiras.
Mateus 5,1-12
1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-Se. Os
discípulos aproximaram-se 2 e Jesus
começou a ensiná-los:
3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do
Céu.
4 Felizes os aflitos, porque serão consolados.
5 Felizes os mansos, porque possuirão a Terra.
6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão
saciados.
7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão
misericórdia.
8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados
filhos de Deus.
10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,
porque deles é o Reino do Céu.
11 Felizes de vós, se fordes insultados e perseguidos, e se
disserem toda a espécie de calúnia contra vós por causa de Mim.
12 Ficai alegres e contentes, porque será grande para vós a
recompensa no Céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de
vós».
Lucas 6,19
19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma
força saía d'Ele e a todos curava.
20 Levantando os olhos para os discípulos, Jesus disse:
«Felizes de vós, os pobres, porque o Reino de Deus vos pertence.
21 Felizes de vós que agora tendes fome, porque sereis
saciados. Felizes de vós que agora chorais, porque haveis de rir.
22 Felizes de vós se os homens vos odeiam, se vos expulsam,
vos insultam e amaldiçoam o vosso nome, por causa do Filho do Homem.
23 Alegrai-vos nesse dia, saltai de alegria, pois será
grande a vossa recompensa no Céu, porque era assim que os seus antepassados
tratavam os profetas.
24 Mas ai de vós, os ricos, porque já tendes a vossa
consolação!
25 Ai de vós, que agora tendes fartura, porque ireis passar
fome! Ai de vós, que agora rides, porque ireis ficar aflitos e ireis chorar!
26 Ai de vós, se todos vos elogiam, porque era assim que os
vossos antepassados tratavam os falsos profetas».
Orlando de Carvalho
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