terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A cor do Inferno






Este artigo é um resumo e ao mesmo tempo apresentação de um mais desenvolvido que estamos a elaborar sobre o mesmo tema.






O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.[1]


Etimologicamente a palavra Inferno significa “profundezas”
Geena é um termo referido 12 vezes na Bíblia (nalgumas traduções surge “fogo do inferno”). A Geena era uma lixeira que existia no tempo de Jesus fora das muralhas de Jerusalém, onde, entre lixo, eram também lançados os cadáveres de pessoas consideradas indignas de melhor sepultura.



Quem se exclui voluntariamente da presença de Deus, que é onde reside todo o Amor, toda a Beleza, toda a Bondade, vai necessariamente restringir-se ao Ódio, ao Horrível, à Malvadez.
Deus não obriga pessoa alguma a suportá-lO, quem quiser pode ir embora. Mas fora de Deus... é tudo tão mau que chamamos Inferno. Quem se exclui de Deus, que é o Criador de tudo o que existe, exclui-se da própria Criação, do Cosmos, da Vida, da Existência.
Há Céu na Terra quando agimos com Bondade, porque agimos à semelhança de Deus. E há Céu depois da morte para quem agiu anteriormente com Bondade.
Há Inferno na Terra para quem age com ódio e por vingança, porque actua à margem de Deus, sem Beleza nem Generosidade, assemelhando-se ao lixo (Geena) e à profundeza obscura (Inferno).
Tal como os que vivem o Céu na Terra, o semeiam à sua volta, os que vivem o Inferno na Terra, o semeiam em torno de si.
Isto é difícil de entender por quem está já moldado pelos estereótipos dos conceitos de Céu e Inferno. Mais difícil ainda de explicar é aquele sofrimento que representa a ausência de Deus, para quem não descobre a felicidade da presença do que é bom e vale a pena, apenas Deus.
Que coisa mais horrível que o fogo? Mesmo as pessoas tão actuais como as que nasceram no início do século XX o fogo é a maior calamidade. O fogo é algo terrível, um mal incontrolável e que se vê avançar contra nós sem termos hipótese de nos defendermos eficazmente.
A visão das crianças em Fátima pode muito bem ser uma parábola para transmitir a ideia do sofrimento que espera aqueles que se excluem da presença de Deus. Uma alegoria para crianças sem curso de Teologia. Afinal é tão verdadeiro como as parábolas que Jesus contou.
Quando nos queremos referir à ausência de Deus temos a mesma dificuldade que se nos coloca quando nos queremos referir à presença e natureza de Deus. Nunca O vimos, não sabemos o seu aspecto, podemos ter dificuldade em O conceber na imaginação ou mesmo na razão. Do mesmo modo que Deus é apresentado como fonte de Beleza e o arco-íris como seu protótipo, a Geena e as profundezas obscuras ajudam a conceber o que é a ausência de Deus.
Muitas pessoas vivem o Inferno na Terra: as mulheres violadas, as crianças abusadas, as mulheres mortas pelos próprios maridos, e vice-versa, as vítimas dos negócios de armas, drogas, tráfico humano, corrupção. Estas vítimas lavam as vestes no Sangue do Cordeiro e nas bombas dos malvados. Estes, pelo contrário, optam voluntariamente pela vida obscura longe da presença de Deus omnipotente.
Não há reencarnação, quer dizer, não existe segunda oportunidade: logo, o tempo para fazer a opção é limitado.
Os que adoram o dinheiro, a violência, o abuso, o sofrimento alheio, não podem adorar, nem amar, nem aceitar a Deus, independentemente do que afirmem, mesmo que vão semanalmente à missa, ou cumpram os preceitos de outra religião que professem. Não é importante saber onde esses vão viver a ausência de Deus, se no fogo, se no distante planeta Plutão, se na constelação Andrómeda, se no fogo que existe no centro da Terra, se no mesmo lugar que ocupamos, mas noutra dimensão.
Sejamos bondosos, pacientes, solícitos para com os necessitados e frágeis para que nos seja permitido viver a eternidade junto de Deus e não em qualquer Inferno insuportável.



Enfim, não levamos em grande consideração as discussões mais ou menos teológicas acerca da Céu e do Inferno, do castigo divino para os malditos e do prémio para os bondosos, pois muitos provam que existe Inferno, como castigo infligido por Deus e Céu como prémio, outros provam o inverso.
Deus está sempre de braços abertos dispostos para acolher quem vai a Ele, como Jesus ensina na parábola do Pai Misericordioso e do Filho Pródigo. Mas é nessa mesma parábola que Jesus ensina também que, embora o Pai do Céu esteja acolhedor de braços abertos, há uma necessidade intrínseca dos filhos renunciarem ao pecado, à lonjura de Deus, voltarem de livre vontade e pelo seu pé à Casa do Pai, com humildade e de coração contrito, dispostos à conversão (mudança de vida) e a encetar novos projectos de existência a abraçar um futuro que não terá fim.
Cremos que ao lado de Deus, ou pisando as suas pegadas, a vida não terminará jamais. Uma vida colorida com as mais belas cores do arco-íris.
Não sabemos onde nem como poderá terminar uma trajectória divergindo do Pai, terminando na profundeza obscura, no Inferno.

Orlando de Carvalho


[1] Salmos 103 (parte)
Bendiz, ó minha alma, o Senhor,
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.












domingo, 27 de janeiro de 2019

Elvis Presley canta Nossa Senhora de Fátima

Com a devida referência citamos e reproduzimos uma publicação no Blogue Por Ourém onde se relata a relação do cantor Elvis Presley com Nossa Senhora de Fátima. E a canção pou conhecida que ele Lhe dedicou.


O vídeo com a canção está publicado aqui Milagre do Rosário



ELVIS PRESLEY CANTOU A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Em 1971 o rei do 'rock' gravou uma canção dedicada a Nossa Senhora
ELVIS CANTA FÁTIMA
No dia 15 de Maio de 1971, Elvis Presley entrou no estúdio para gravar o disco “Elvis Now”. Entre as inúmeras músicas que tinha à sua disposição, houve uma que o rei do “rock’n’roll” fez questão de utilizar: “The miracle of the rosary of our lady of Fátima”, de Lee Denson, uma das pessoas que mais o ajudou quando começou a carreira.
A canção, dedicada a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, foi escrita em 1960, quando Denson se aproximou do catolicismo. Mas a história de “The Miracle of the Rosary” só foi contada há pouco tempo pelo autor da letra e da música.
Começa com o casamento de Lee com Mary. Ele pertencia à igreja Baptista e ela era uma fervorosa católica, que rezava todos os dias o terço, conforme Nossa Senhora de Fátima tinha pedido quando apareceu aos três pastorinhos na Cova de Iria, em 1917. Só que começou a descurar a fé, devido às inúmeras viagens que o marido - músico profissional - era obrigado a efectuar.
O terço que uma amiga lhe trouxe de Fátima chegou mesmo a desaparecer. Apesar de ter vasculhado a casa de alto a baixo, Mary não o encontrou.
Até que, na noite de 13 de Outubro de 1960, quando o casal regressou a casa, após mais um concerto de Lee, o terço apareceu: estava aberto no seu estojo, em cima de uma almofada na cama. Ficaram perplexos. Tinham a certeza de que ninguém tinha entrado em casa enquanto estiveram fora. Mas resolveram dormir. Porém, a meio da noite, acordaram de repente: Mary, através de um toque suave nos lábios, e Lee, por causa de um som que se assemelhava a um sino. Sentiram ainda uma força eléctrica passar pelos corpos enquanto dormiam. Trocaram impressões sobre o que havia sucedido. Concluiram que só podia ter sido um milagre. Mary atribuiu-o logo a Nossa Senhora de Fátima. Lee, que não era católico, passou a ser crente - embora só tivesse sido baptizado em 11 de Julho de 1964 - e juntou-se à mulher quando esta rezou o terço.
Na manhã seguinte, resolveram ir à missa. E ouviram o padre dizer que Nossa Senhora de Fátima todos os dias opera milagres na vida de cada um e que poucos lhe agradecem, ou páram para pensar no que lhes aconteceu. Tentaram discutir o tema após a cerimónia religiosa e não o conseguiram. Segundo Lee, ele e a mulher foram os únicos a ouvir tais palavras. Cada vez mais perplexo, o músico não voltou a dormir descansado. Só o passou a fazer depois de ter escrito uma música dedicada a Nossa Senhora de Fátima.
Quando pensou num artista que a gravasse, de modo a dar uma grande projecção aos milagres de Fátima, Denson pensou no amigo Elvis Presley, que na altura já era uma das maiores celebridades da música mundial. Contudo, decidiu esperar até 1967, ano do 50.º aniversário das Aparições de Fátima, aproveitando também a vinda do Papa Paulo VI a Portugal.
Conversou com o amigo, mas este respondeu-lhe que tinha a agenda demasiado preenchida. A canção esteve na gaveta até 1971.
Denson, entretanto, abandonou a carreira artística para se dedicar à igreja, em Memphis. Em 1978 cantou “The Miracle of the Rosary” numa missa. A igreja encheu-se de perfume de rosas, perante a estupefacção dos fiéis, entre eles o arcebispo panamiano Tomas Clavel, que considerou aquele sinal como “milagroso”.
Algum tempo depois, o Papa Paulo VI, abençoou a canção e todas as pessoas que a ouvissem, cantada por Elvis Presley ou Lee Denson.
Uma guitarra em vez da bicicleta
Lee Denson conheceu Elvis quando a família Presley trocou a cidade-natal, Tupelo, por Memphis, em 1947. Na altura, o futuro rei do “rock’n’roll” vivia numa situação de extrema pobreza. A casa [da avó materna, Minie Mae Hood] onde habitava, no n.º 572 da Poplar Street, tinha apenas dois quartos, mas albergava 15 famílias em permanência.
Perante um quadro tão negro, os pais de Lee, o pastor evangelista JJ Denson e a mulher Mattie, que geriam uma associação de solidariedade do tipo “sopa dos pobres”, foram determinantes na ajuda à família de Presley. Até emprego conseguiram para o pai de Elvis. E em Janeiro de 1948 arranjaram mesmo aos Presley uma casa no bairro de Lauderdale, no n.º 185 de Winchester Road. Apesar de só ter dois quartos, era únicamente para o clã Presley. E a renda era acessível: 35 dólares por mês.
Segundo Lee Denson, Elvis tinha, aos 12 anos, muita dificuldade em arranjar amigos. Na escola, um dos professores chegou ao ponto de lhe chamar “menino da mamã”, por usar brilhantina e ter uma popa no cabelo. Na hora das brincadeiras de rua mostrava-se sempre alheado. Um dos seus passatempos preferidos consistia em ficar especado a ver e ouvir Lee Denson e os amigos tocarem guitarra.
Apesar de só ter 13 anos, Lee era já um dos profissionais da música mais respeitados na zona sul de Memphis. Um dia, Lee disse a Elvis que um dos caminhos para tirar a família da miséria poderia passar pela música. Elvis respondeu-lhe que tinha medo de cantar em público e recusava-se a tocar com os amigos de Lee. Mas ficou a matutar na ideia. E, por influência do amigo, no Natal de 1948 solicitou à mãe que, em vez da bicicleta já pedida, lhe oferecesse uma guitarra.
Lee foi o primeiro professor de Elvis e depressa percebeu que havia magia na voz do amigo. Não se enganou. Pouco tempo depois, cada vez que o ex-pobre miúdo de Memphis aparecia numa festa havia multidões a aplaudi-lo.
EDITADO EM 1972
A canção “The Miracle of the Rosary” foi gravada em 1971, mas só apareceu nas discotecas em 1972, no LP “Elvis Now”. Quando interpretava o tema para os amigos, Elvis, apesar de não ser católico, terminava a canção com a oração Avé Maria.
EX-FUNCIONÁRIA DA CIA
A história da canção “Miracle of the Rosary” chegou a Portugal através da devota de Fátima, a norte-americana Armentine Keller. Ex-funcionária da CIA, em Menphis, contou-a a Carlos Evaristo, presidente da Fundação Oureana, e produtor do Elvisfest, que se realiza sexta-feira, em Ourém.
DALI PINTOU MILAGRE
Salvador Dali cobrou 15 mil dólares, em 1960, para pintar um quadro sobre as aparições na Cova de Iria. Quem o contratou foi um ex-crente da Igreja Baptista, conhecido de Lee Denson, que se converteu ao catolicismo, depois de tomar conhecimento da mensagem de Fátima.
A CANÇÃO
The Miracle of the Rosary
“Oh Blessed Mother we pray to Thee.
Thanks for The Miracle of The Rosary.
Only You, can hold Back your Holy Son’s hand,
long enough for the whole world to understand.
Hail Mary, full of grace,
The Lord is with you.
Blesseed art Thou among women,
and blessed is the fruit
of Thy Womb Jesus.
Oh Holy Mary, Dear Mother of God,
please pray for us sinners,
Now and at the hour
of our death.
And thanks once again,
for the Miracle
of Your Rosary”
TRADUÇÃO
“Ó Mãe Santíssima,
nós vos rezamos.
Obrigado pelo Vosso
Milagre do Rosário
[Paz no Mundo].
Só Vós pudestes suster
a Mão do Vosso Filho
Sagrado
durante o tempo suficiente para o Mundo
compreender
[mensagem de Fátima].
Avé Maria, cheia de graça,
o Senhor é Convosco,
bendita sois Vós
entre as mulheres,
e bendito é o fruto
do Vosso Ventre Jesus.
Ó Santa Maria,
Querida Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores, agora e na hora
da nossa morte.
E mais uma vez agradeço
pelo Milagre
do Vosso Rosário.”
Fonte: Correio da Manhã, 12 de Agosto de 2002

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Casa do Pão


A Sagrada Escritura contém uma importante colecção coincidências de factos, associados normalmente em sequência, que devem chamar a nossa atenção. Reflectindo, há-de surgir a grande interrogação: estas ocorrências resultam de coincidência simples ou inserem-se num plano elaborado cuidadosamente por Deus?

Poderíamos escrever a história bíblica do Pão, através de um relato desde os primeiros tempos aos nossos dias, passando pelo maná do deserto, pelo sacrifício de Melquisedeque, até aos milagres eucarísticos testemunhados nos nossos dias.

Jesus presidiu à refeição do Cenáculo durante a qual manifestou a sua perpétua permanência visível junto da Igreja peregrina através de uma misteriosa transubstanciação. Ele intitulou-Se mesmo o Pão da Vida. Como natural de Belém, Jesus é belenense. Ora, a palavra Belém significa Casa do Pão. Nesta perspectiva Jesus é natural da Casa do Pão, isto é, Jesus é Pão.

O que Jesus viria a declarar durante a Última Ceia, estava já escondido desde que a Virgem Maria deu à luz o Menino, estava latente, mas completamente encoberto, desde que os profetas anunciaram onde iria nascer o Messias.

Não foi coincidência, no sentido de obra do acaso, Jesus ter nascido em Belém. Nasceu lá porque ele já era belenense, isto é Pão, como nós acreditamos e sabemos, Pão da Vida.

A Bíblia é verdadeira em tudo o que afirma acerca da Revelação, embora exija que a saibamos ler, isto é, que a leiamos abertos à inspiração e orientação do Espírito Santo.



Orlando de Carvalho

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Cardeal que trabalha para dividir a Igreja

Mais uma vez o Cardeal Sarah se ergue contra o Papa Francisco e a Igreja!
Estejamos atentos.
Ninguém nos poderá criticar por acusarmos um cardeal, quando é ele próprio que ataca o Papa e a Igreja e se esforça por criar divisionismo entre os cristãos. Ora, Divisor é um dos nomes do Diabo.

Transcrevemos com a devida vénia um texto de um blogue católico conservador o texto seguinte, que merece a nossa mais severa oposição.
Ao lado do Papa, manifestemos a nossa oposição a todos os que querem uma Igreja menos próxima. Jesus veio, enviado pelo Pai, para estar entre nós. Ele é nosso Deus, mas é também nosso irmão.
O Cardeal Sarah e quem o apoia e difunde as suas ideias, pela sua prática, excomunga-se a si mesmo.

Cardeal Sarah diz que a comunhão na mão é um ataque de Satanás à Eucaristia 

O responsável máximo do dicastério vaticano que trata da liturgia convoca os fiéis católicos a voltarem a receber a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos.

No prefácio parade um novo livro sobre o assunto o Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, escreve: “O mais insidioso ataque diabólico consiste em tentar extinguir a fé na Eucaristia, semeando erros e encorajando um modo inapropriado de recebê-la. A guerra entre São Miguel e os seus anjos, de um lado, e Lúcifer, de outro, continua nos corações dos fiéis."  

“O objectivo de Satanás é o sacrifício da Missa e a presença real de Jesus na Hóstia consagrada”, ele disse.

O novo livro, escrito por Pe. Federico Bortoli, foi lançado em italiano com o título: “A distribuição da Comunhão na mão: considerações históricas, jurídicas e pastorais” (La distribuzione della comunione sulla mano. Profili storici, giuridici e pastorali).

Recordando o centenário das aparições de Fátima, Sarah escreve que o Anjo da Paz, que apareceu aos três pastorinhos antes da visita da bem-aventurada Virgem Maria, “mostra-nos como devemos receber o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo”. Sua Eminência descreve, então, os ultrajes com que Jesus é ofendido hoje na Santa Eucaristia, incluindo “a chamada ‘intercomunhão’”(prática de cristãos de diferentes confissões participarem da mesma mesa eucarística).

O Cardeal continua, destacando como a fé na Presença Real “influencia o modo como recebemos a Comunhão, e vice-versa”, e propõe o Papa João Paulo II e Madre Teresa como dois santos modernos que Deus nos deu para imitarmos a sua reverência na recepção da Santa Eucaristia.

“Por que nos obstinamos em comungar de pé e na mão?”, pergunta o Prefeito da Congregação para o Culto Divino. A maneira como a Santa Eucaristia é distribuída e recebida “é uma importante questão sobre a qual a Igreja de hoje deve reflectir.”

Abaixo, com a autorização de La Nuova Bussola Quotidiana, onde o prefácio primeiramente foi publicado, oferecemos aos nossos leitores uma tradução [n.d.t.: feita directamente do original em italiano] de vários pontos chave do texto do Cardeal Sarah.

A Providência, que dispõe sábia e suavemente de todas as coisas, oferece-nos a leitura do livro 'A distribuição da Comunhão na mão', de Federico Bortoli, justamente depois de havermos celebrado o centenário das aparições de Fátima. Antes da aparição da Virgem Maria, na Primavera de 1916, o Anjo da Paz apareceu a Lúcia, Jacinta e Francisco, e disse-lhes: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.” […] Na Primavera de 1916, na terceira aparição do Anjo, as crianças notaram que o Anjo, que era sempre o mesmo, segurava na sua mão esquerda um cálice acima do qual se estendia uma Hóstia. […] Ele deu a Hóstia consagrada a Lúcia e o Sangue do cálice a Jacinta e Francisco, que permaneceram de joelhos, enquanto lhes dizia: “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.” O Anjo prostrou-se novamente por terra, repetindo com Lúcia, Jacinta e Francisco por três vezes a mesma oração.

O Anjo da Paz mostra-nos como devemos receber o Corpo e Sangue de Jesus Cristo. A oração de reparação ditada pelo Anjo, infelizmente, é tida como obsoleta. Mas quais são os ultrajes que Jesus recebe na Hóstia consagrada, e dos quais precisamos fazer reparação? Em primeiro lugar, existem os ultrajes contra o próprio Sacramento: as horríveis profanações, das quais alguns convertidos do satanismo já deram testemunho e ofereceram descrições repugnantes; são ultrajes ainda as Comunhões sacrílegas, quando não se recebe a Eucaristia em estado de graça, ou quando não se professa a fé católica (refiro-me a certas formas da chamada “intercomunhão”). Em segundo lugar, constitui um ultraje a Nosso Senhor tudo o que pode impedir o fruto do Sacramento, especialmente os erros semeados nas mentes dos fiéis a fim de que eles não mais acreditem na Eucaristia. As terríveis profanações que acontecem nas chamadas “missas negras” não atingem directamente Aquele que é ultrajado na Hóstia, encerrando-se tão somente nos acidentes do pão e do vinho.

É claro que Jesus sofre pelas almas dos profanadores, almas pelas quais Ele derramou o Sangue que elas tão cruel e miseravelmente desprezam. Mas Jesus sofre ainda mais quando o dom extraordinário da Sua presença divino-humana na Eucaristia não pode levar o seu potencial efeito às almas dos fiéis. E aí nós entendemos que o mais insidioso ataque diabólico consiste em tentar extinguir a fé na Eucaristia, ao semear erros e encorajando um modo inapropriado de recebê-la. A guerra entre São Miguel e os seus anjos, de um lado, e Lúcifer, de outro, continua nos corações dos fiéis: o alvo de Satanás é o sacrifício da Missa e a Presença Real de Jesus na Hóstia consagrada. Essa tentativa de rapina segue, por sua vez, dois caminhos: o primeiro é a redução do conceito de “presença real”. Muitos teólogos não cessam de ridicularizar ou de desprezar — não obstante as contínuas advertências do Magistério — o termo “transubstanciação”. […]

Vejamos agora como a fé na Presença Real pode influenciar o modo de receber a Comunhão, e vice-versa. Receber a Comunhão na mão comporta sem dúvida uma grande dispersão de fragmentos. Ao contrário, a atenção às mais pequeninas partículas, o cuidado na purificação dos vasos sagrados, o não tocar a Hóstia com as mãos sujas de suor, tornam-se profissões de fé na presença real de Jesus, ainda que seja nas menores partes das espécies consagradas. Se Jesus é a substância do Pão Eucarístico, e se as dimensões dos fragmentos são acidentes apenas do pão, pouco importa que o pedaço da Hóstia seja grande ou pequeno! A substância é a mesma! É Ele! Ao contrário, a desatenção aos fragmentos faz perder de vista o dogma: pouco a pouco poderia começar a prevalecer o pensamento: “Se até o pároco não dá atenção aos fragmentos, se administra a Comunhão de um modo que os fragmentos se podem dispersar, então quer dizer que Jesus não está presente neles, ou está ‘até um certo ponto’.”

O segundo caminho em que acontece o ataque contra a Eucaristia é a tentativa de retirar, dos corações dos fiéis, o sentido do sagrado. […] Enquanto o termo “transubstanciação” nos indica a realidade da presença, o sentido do sagrado permite-nos entrever a absoluta peculiaridade e santidade do Sacramento. Que desgraça seria perder o sentido do sagrado precisamente naquilo que é mais sagrado! E como é possível? Recebendo o alimento especial do mesmo modo como se recebe um alimento ordinário. […]

A liturgia é feita de muitos pequenos ritos e gestos — cada um dos quais é capaz de exprimir essas atitudes carregadas de amor, de respeito filial e de adoração a Deus. Justamente por isso é oportuno promover a beleza, a conveniência e o valor pastoral desta prática que se desenvolveu ao longo da vida e da tradição da Igreja, a saber, receber a Sagrada Comunhão na boca e de joelhos. A grandeza e a nobreza do homem, assim como a mais alta expressão do seu amor para com o Criador, consiste em colocar-se de joelhos diante de Deus. O próprio Jesus rezava de joelhos na presença do Pai. […]

Nesse sentido, gostaria de propor o exemplo de dois grandes santos dos nossos tempos: São João Paulo II e Santa Teresa de Calcutá. Toda a vida de Karol Wojtyla esteve marcada por um profundo respeito à Santa Eucaristia. […] Malgrado estivesse extenuado e sem forças […], estava sempre disposto a ajoelhar-se diante do Santíssimo. Ele era incapaz de ajoelhar-se e levantar-se sozinho. Precisava que outros lhe dobrassem os joelhos e depois o levantassem. 

Até os seus últimos dias, ele quis dar-nos um grande testemunho de reverência ao Santíssimo Sacramento. Por que somos assim tão orgulhosos e insensíveis aos sinais que o próprio Deus oferece para o nosso crescimento espiritual e para o nosso relacionamento íntimo com Ele? Por que não nos ajoelhamos para receber a Sagrada Comunhão, a exemplo dos santos? É assim tão humilhante prostrar-se e estar de joelhos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo — Ele, que, “sendo de condição divina, […] humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2, 6–8)?

Santa Madre Teresa de Calcutá, uma religiosa excepcional a que ninguém ousaria chamar de tradicionalista, fundamentalista ou extremista, e cuja fé, santidade e dom total de si a Deus e aos pobres são conhecidos de todos, possuía um respeito e um culto absoluto ao Corpo divino de Jesus Cristo. Certamente, ela tocava quotidianamente a “carne” de Cristo nos corpos deteriorados e sofridos dos mais pobres dos pobres. No entanto, cheia de estupor e respeitosa veneração, Madre Teresa abstinha-se de tocar o Corpo transubstanciado do Cristo; ao invés disso, ela adorava-O e contemplava silenciosamente, permanecia durante longos períodos de joelhos e prostrada diante de Jesus Eucaristia. Além disso, ela recebia a Sagrada Comunhão directamente na boca, como uma pequena criança que se deixava humildemente nutrir pelo seu Deus.

A santa entristecia-se e lamentava sempre que via os cristãos receberem a Sagrada Comunhão nas próprias mãos. Ela afirmou inclusive que, segundo o que era do seu conhecimento, todas as suas irmãs recebiam a Comunhão apenas na boca. Não é esta a exortação que Deus mesmo faz a nós: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair do Egipto; abre a boca e eu te sacio” (Sl 81, 11)?

Por que nos obstinamos em comungar de pé e na mão? Por quê essa atitude de falta de submissão aos sinais de Deus? Que nenhum sacerdote ouse impor a própria autoridade sobre essa questão recusando ou maltratando aqueles que desejam receber a Comunhão de joelhos e na boca: venhamos como as crianças e recebamos humildemente, de joelhos e na boca, o Corpo de Cristo. Os santos dão-nos o exemplo. São eles o modelo a imitar que Deus nos oferece!

Mas como pode ter-se tornado tão comum a prática de receber a Eucaristia sobre a mão? A resposta nos é dada pelo Padre Bortoli, e confirmada por uma documentação até o momento inédita, e extraordinária por sua qualidade e dimensão. Tratou-se de um processo nem um pouco límpido, uma transição do que era concedido pela instrução Memoriale Domini ao modo que se difundiu hoje. […] 

Infelizmente, assim como aconteceu à língua latina e à reforma litúrgica, que deveria ter sido homogénea com os ritos precedentes, uma concessão particular tornou-se uma chave para forçar e esvaziar o cofre dos tesouros litúrgicos da Igreja. O Senhor conduz o justo por “caminhos rectos” (Sb 10, 10), não por subterfúgios; assim, além das motivações teológicas demonstradas acima, até o modo como se difundiu a prática da Comunhão na mão parece ter-se imposto não segundo os caminhos de Deus.

Possa este livro encorajar aqueles sacerdotes e aqueles fiéis que, movidos também pelo exemplo do Papa Bento XVI — que nos últimos anos do seu Pontificado quis distribuir a Eucaristia na boca e de joelhos — , desejam administrar ou receber a Eucaristia deste modo, muito mais apropriado ao próprio Sacramento. A minha esperança é de que haja uma redescoberta e uma promoção da beleza e do valor pastoral dessa forma de comungar. 

Segundo o meu juízo e opinião, essa é uma questão importante sobre a qual a Igreja de hoje deve reflectir. Trata-se de um acto de adoração e de amor que todos nós podemos oferecer a Jesus Cristo. Muito me agrada ver tantos jovens que escolhem receber Nosso Senhor com essa reverência, de joelhos e na boca. Possa o trabalho do Pe. Bortoli favorecer um repensar geral sobre o modo de distribuir a Sagrada Comunhão. Tendo acabado de celebrar, como disse no início deste prefácio, o centenário de Fátima, encoraje-nos a firme esperança no triunfo do Imaculado Coração de Maria: no fim, também a verdade sobre a liturgia triunfará.

Texto: Life Site News
Tradução adaptada da tradução de João Pedro de Oliveira (in Medium)

Texto original neste blogue conservador 


quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Florence Nightingale vs Jesus Cristo


Temos sido incansáveis na censura aos erros que se cometem no espaço eclesial, qualquer que seja a sua natureza. De modo especial, nos últimos tempos, às questões que envolvem crimes sexuais cometidos por ministros ordenados ou outros membros da Igreja de notoriedade tal que os obrigue a dar testemunho público da Fé.
Mas também não nos temos deixado enrolar na argumentação de que a Igreja é o diabo à solta, dirigida por tarados sexuais, de onde chegam todos os males ao mundo. Bem pelo contrário.
Lemos a notícia de uma senhora internada em coma vegetativo há 26 anos que foi violada, engravidou e deu à luz um bebé, continuando em coma. O autor da violação foi identificado por comparação com o ADN do bebé e foi detido. Casos destes são inumeráveis por todo o mundo. Não obstante, ninguém pensa culpar Florence Nightingale, as associações de enfermeiros, os professores das escolas de enfermagem ou as instituições de saúde em que eles trabalham.
Porquê, então, o sistemático ataque à Igreja, ao Evangelho e a Deus? Apenas o ódio ou a ignorância ou iliteracia o podem justificar.

Orlando de Carvalho