Este artigo é um resumo e ao mesmo tempo apresentação de um mais desenvolvido que estamos a elaborar sobre o mesmo tema.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.[1]
Etimologicamente a palavra Inferno significa “profundezas”
Geena é um termo referido 12 vezes na Bíblia (nalgumas
traduções surge “fogo do inferno”). A Geena era uma lixeira que existia no
tempo de Jesus fora das muralhas de Jerusalém, onde, entre lixo, eram também
lançados os cadáveres de pessoas consideradas indignas de melhor sepultura.
Quem se exclui
voluntariamente da presença de Deus, que é onde reside todo o Amor, toda a
Beleza, toda a Bondade, vai necessariamente restringir-se ao Ódio, ao Horrível,
à Malvadez.
Deus não obriga pessoa
alguma a suportá-lO, quem quiser pode ir embora. Mas fora de Deus... é tudo tão
mau que chamamos Inferno. Quem se exclui de Deus, que é o Criador de tudo o que
existe, exclui-se da própria Criação, do Cosmos, da Vida, da Existência.
Há Céu na Terra quando
agimos com Bondade, porque agimos à semelhança de Deus. E há Céu depois da
morte para quem agiu anteriormente com Bondade.
Há Inferno na Terra
para quem age com ódio e por vingança, porque actua à margem de Deus, sem
Beleza nem Generosidade, assemelhando-se ao lixo (Geena) e à profundeza obscura
(Inferno).
Tal como os que vivem
o Céu na Terra, o semeiam à sua volta, os que vivem o Inferno na Terra, o
semeiam em torno de si.
Isto é difícil de
entender por quem está já moldado pelos estereótipos dos conceitos de Céu e
Inferno. Mais difícil ainda de explicar é aquele sofrimento que representa a
ausência de Deus, para quem não descobre a felicidade da presença do que é bom
e vale a pena, apenas Deus.
Que coisa mais
horrível que o fogo? Mesmo as pessoas tão actuais como as que nasceram no início
do século XX o fogo é a maior calamidade. O fogo é algo terrível, um mal
incontrolável e que se vê avançar contra nós sem termos hipótese de nos
defendermos eficazmente.
A visão das crianças
em Fátima pode muito bem ser uma parábola para transmitir a ideia do sofrimento
que espera aqueles que se excluem da presença de Deus. Uma alegoria para
crianças sem curso de Teologia. Afinal é tão verdadeiro como as parábolas que
Jesus contou.
Quando nos queremos referir à ausência de Deus temos a mesma
dificuldade que se nos coloca quando nos queremos referir à presença e natureza
de Deus. Nunca O vimos, não sabemos o seu aspecto, podemos ter dificuldade em O
conceber na imaginação ou mesmo na razão. Do mesmo modo que Deus é apresentado
como fonte de Beleza e o arco-íris como seu protótipo, a Geena e as profundezas
obscuras ajudam a conceber o que é a ausência de Deus.
Muitas pessoas vivem o
Inferno na Terra: as mulheres violadas, as crianças abusadas, as mulheres
mortas pelos próprios maridos, e vice-versa, as vítimas dos negócios de armas,
drogas, tráfico humano, corrupção. Estas vítimas lavam as vestes no Sangue do
Cordeiro e nas bombas dos malvados. Estes, pelo contrário, optam
voluntariamente pela vida obscura longe da presença de Deus omnipotente.
Não há reencarnação, quer
dizer, não existe segunda oportunidade: logo, o tempo para fazer a opção é
limitado.
Os que adoram o
dinheiro, a violência, o abuso, o sofrimento alheio, não podem adorar, nem
amar, nem aceitar a Deus, independentemente do que afirmem, mesmo que vão
semanalmente à missa, ou cumpram os preceitos de outra religião que professem.
Não é importante saber onde esses vão viver a ausência de Deus, se no fogo, se
no distante planeta Plutão, se na constelação Andrómeda, se no fogo que existe
no centro da Terra, se no mesmo lugar que ocupamos, mas noutra dimensão.
Sejamos bondosos,
pacientes, solícitos para com os necessitados e frágeis para que nos seja
permitido viver a eternidade junto de Deus e não em qualquer Inferno
insuportável.
Enfim, não levamos em grande consideração as discussões mais
ou menos teológicas acerca da Céu e do Inferno, do castigo divino para os
malditos e do prémio para os bondosos, pois muitos provam que existe Inferno,
como castigo infligido por Deus e Céu como prémio, outros provam o inverso.
Deus está sempre de braços abertos dispostos para acolher
quem vai a Ele, como Jesus ensina na parábola do Pai Misericordioso e do Filho
Pródigo. Mas é nessa mesma parábola que Jesus ensina também que, embora o Pai
do Céu esteja acolhedor de braços abertos, há uma necessidade intrínseca dos
filhos renunciarem ao pecado, à lonjura de Deus, voltarem de livre vontade e
pelo seu pé à Casa do Pai, com humildade e de coração contrito, dispostos à
conversão (mudança de vida) e a encetar novos projectos de existência a abraçar
um futuro que não terá fim.
Cremos que ao lado de Deus, ou pisando as suas pegadas, a
vida não terminará jamais. Uma vida colorida com as mais belas cores do
arco-íris.
Não sabemos onde nem como poderá terminar uma trajectória
divergindo do Pai, terminando na profundeza obscura, no Inferno.
Orlando de Carvalho
[1] Salmos 103
(parte)
Bendiz, ó minha alma, o Senhor,
e todo o meu ser bendiga o seu
nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus
benefícios.
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e
misericórdia.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
Não nos tratou segundo os nossos
pecados,
nem nos castigou segundo as
nossas culpas.
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