Um postal que a Margarida, já doente, enviou aos catequistas da paróquia
A comunidade eclesial que aprove a Deus reunir em São
Domingos de Benfica, presidida pelo Padre Carlos dos Santos, devia ter largas
semelhanças com a dos primeiros cristãos, feita de santidade e do pecado
próprio da natureza humana.
Mas o cristão é aquele que procura edificar e elevar os
irmãos e não perde tempo a procurar defeitos para humilhar e deitar abaixo.
O Padre Carlos a todos ensinava esta maneira de viver, à
moda do Evangelho. Mesmo aqueles a quem mais custava viver dessa forma ou antipatizavam
com o senhor prior, sabiam bem que ele era uma presença de Deus entre os
homens. Quer isto significar que o Padre Carlos incentivava os seus paroquianos
à santidade, e isto era também um meio através do qual o próprio Padre Carlos
se santificava à vista de todos.
Recordamos agora a Margarida.
Foi catequista, senhora piedosa.
Todos os anos visitava determinado colégio dentro da área da
paróquia, apresentando-se como enviada do pároco (Padre Carlos) para pedir autorização
para se fazerem aulas de Religião e Moral, dentro da escola. E ano após ano
ouvia um categórico “não”.
Enfim, já velhinha, faleceu, deixando uma quase certeza de
que terá ido directamente à presença do Senhor misericordioso, tal a vida que
levava.
Depois de a Margarida morrer, pouco depois, deixou de se
visitar o tal colégio com mais pedidos, porque do colégio contactaram a
paróquia a pedir que se enviasse alguém para dar aulas de Religião e Moral.
O que a Margarida não tinha conseguido nesta vida,
consegui-o directamente de Deus, logo que foi à sua presença.
Em São Domingos de Benfica, o Padre Carlos levava-nos à
confusão de termos dificuldade em separar as coisas do Céu e da Terra, num
constante diálogo aberto entre Deus e os fiéis.
Orlando de Carvalho
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