Um grupo de ciganos velava um familiar falecido quando
algumas pessoas da paróquia entraram na capela e, estando um pouco com eles,
perguntaram:
- Desejam que rezemos juntos por alguns momentos?
Espanto dos circunstantes. Interessados estavam com certeza
mas, acabaram por explicar, de maneira algo envergonhada, que…não sabiam rezar!
Dentro em breve, porque a boa vontade igualava a ignorância,
estava organizado um grupo de catequese que, em coro, aprendia e rezava o
Pai-Nosso.
Passou-se em S. Domingos de Benfica onde, desde há algum
tempo se constituíram vários grupos para acolhimento das pessoas que
acompanhavam algum familiar falecido.
Grupos de leigos assumiram como missão a orientação, nas
capelas mortuárias, duma celebração da «Palavra» e de uma oração comum durante
a noite… A necessidade de os grupos serem formados por pessoas com uma certa
preparação levou-os a integrar, sobretudo, membros das Comunidades
Neocatecumenais, muito vivas na paróquia, e Ministros Extraordinários da Comunhão.
A ideia fundamenta-se numa antiga frase em que S. Paulo diz
da Igreja que ela «chora com os que choram e ri com os que riem». Diziam-nos,
pois, que sendo o momento da morte de
alguém próximo, um momento particularmente difícil na vida de qualquer pessoa,
é bom que a Igreja apareça, não apenas com a sua capacidade de oferecer carinho
e amizade humana mas, sobretudo com o seu poder de tornar actual a Palavra de
Deus a iluminar a dor e o sofrimento.
Trata-se de «ir aos vivos e não aos mortos» e de cumprir,
afinal, aquilo que é missão da Igreja em todos os tempos e situações: anunciar
aos homens a mensagem de Cristo ressuscitado e ser solidária com todos os
homens em todas as circunstâncias. «As pessoas ficam normalmente sensibilizadas
com a atenção e respeitam a oração que lhes é proposta. Ao mesmo tempo
manifestam, muitas vezes, o seu acordo com a palavra que lhes é dirigida». E,
continuando, diziam-nos ainda, «cada vez é sempre um caso único, mesmo se já se
tem uma longa experiência», sendo muito importante «ter atenção ao tipo de
pessoas que nos ouve para sabermos como devemos falar-lhes e, muitas
vezes…..gaguejamos!»
«Mas as pessoas ficam com uma certa paz que não tinham, há
sempre uma modificação de atitude». Porque, como dizia Claudel: «Em Jesus
Cristo, Deus não veio suprimir o sofrimento, nem sequer explicá-lo, veio
enchê-lo da sua presença».
Publicado na imprensa diária
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