Na primeira leitura, os homens abandonam
Deus e dirigem a sua atenção a uma escultura que fazem em ouro de um vitelo. Como
que adoram deificando o boneco em ouro: um animal da quinta, o vitelo.
No Evangelho, Jesus narra a parábola do
pastor que tudo dá para salvar a ovelha perdida, mesmo o sacrifício de
abandonar momentaneamente todo o rebanho. A ovelha simboliza o homem a quem Deus
ama sem medida, por quem Deus está verdadeiramente apaixonado.
Em sentido contrário, a leitura do Antigo
Testamento relata como os homens abandonaram Deus, Lhe viraram as costas,
desdenharam o seu amor apaixonado, pelo fútil e transitório.
Deus ama o homem; o homem desdenha Deus. Eis
a dicotomia.
O Evangelho termina com um final feliz
através da narrativa da parábola do Pai misericordioso e do filho pródigo, em
que os dois sentimentos anteriores são reunidos.
O Pai ama o filho a ponto de lhe dar a
liberdade de este Lhe virar as costas. E o filho vira-Lhe mesmo as costas. O Pai
não castiga, mas aguarda pacientemente que a semente do divino frutifique no
filho. E ela frutifica. O filho volta à casa do Pai e Ele recebe-o.
Estes textos não são um incentivo a que cada
um aproveite a generosidade de Deus, com a 'certeza' de que o Pai estará sempre
de braços abertos à espera.
É São Paulo que nos explica na sua carta a
Timóteo este processo e como ele se justifica.
O Apóstolo afirma: 'Alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, quando ainda era
descrente'.
Ao escutarmos a Palavra de
Deus, abandonamos o estado de ignorância e tornamo-nos responsáveis dos nossos
actos.
No Baptismo, o encontro com o Pai
Baptistério, Basílica dos Mártires, Lisboa
Certamente cairemos no erro
de desviar o olhar do Pai.
E o Pai espera-nos, mas Atenção!,
não fiquemos pelo caminho, antes de chegar aos seus braços.
Oremos continuamente como
fazemos no Salmo deste Domingo:
Criai em mim, ó Deus, um
coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Assim seja.
Orlando de Carvalho
Orlando de Carvalho
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