DEPARTAMENTO PARA AS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO SUMO PONTÍFICE
SEXTA-FEIRA SANTA, PAIXÃO DO SENHOR
VIA-SACRA PRESIDIDA PELO PAPA FRANCISCO
COLISEU, ROMA, 3 DE ABRIL DE 2015
A CRUZ, ÁPICE LUMINOSO DO AMOR DE DEUS QUE NOS GUARDA
Chamados, também nós, a sermos guardiões por amor
MEDITAÇÕES preparadas por Sua Excelência Reverendíssima D. Renato Corti Bispo Emérito de Novara (Itália)
INTRODUÇÃO
Adoramus te, Christe
Schola cantorum:
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
Domine, miserere nobis.
Santo Padre:
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R/. Amen.
Estávamos
no dia 19 de Março de 2013. O Papa Francisco tinha sido eleito poucos
dias antes. Fez a homilia sobre São José, dizendo que fora o «guardião»
de Maria e de Jesus[1] e que o seu estilo era feito de discrição,
humildade, silêncio, presença constante e fidelidade total.
Na Via-Sacra que estamos prestes a começar, haverá uma referência constante ao dom de sermos guardados pelo amor de Deus, nomeadamente por Jesus crucificado, e ao dever de, por nossa vez, sermos por amor guardiões
da criação inteira, de todas as pessoas, especialmente da mais pobre,
de nós mesmos e das nossas famílias, para fazer brilhar a estrela da
esperança.
Queremos viver esta Via-Sacra numa profunda intimidade
com Jesus. Vendo com atenção aquilo que está escrito nos Evangelhos,
individuar-se-ão discretamente alguns sentimentos e pensamentos que poderiam ocupar a mente e o coração de Jesus naquelas horas de provação.
Ao
mesmo tempo, deixar-nos-emos interpelar por algumas situações de vida
que caracterizam – positiva ou negativamente – os nossos dias.
Expressaremos assim uma ressonância, que traduz o nosso desejo de realizar algum passo de imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo na sua paixão.
Oração
Ó
Pai, que quisestes salvar os homens com a morte do vosso Filho na Cruz,
concedei-nos que, tendo conhecido na terra o seu mistério de amor,
sejamos suas testemunhas, por palavras e obras, junto de todos aqueles
que nos fazeis encontrar na vida diária. Por Cristo Senhor Nosso. Amen.
I ESTAÇÃO
Jesus é condenado à morte Intimidade, traição, condenação
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Lucas
«Isto
é o meu corpo, que vai ser entregue por vós (…). Este cálice é a nova
Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós».[2]
Do Evangelho segundo São Marcos
«Tomando
novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: “Então que quereis que faça
daquele a quem chamais rei dos judeus?” Eles gritaram novamente:
“Crucifica-o!” (…) Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes
Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser
crucificado».[3]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Acabei
de celebrar a Páscoa com os meus discípulos. Tinha-o desejado
ardentemente:[4] a última Páscoa, antes da paixão, antes de voltar para
Ti! Inesperadamente, porém, senti-me turbado. A um discípulo meu, o
diabo meteu-lhe no coração a ideia de me trair.[5] No jardim do
Getsémani, veio ter comigo. Com um gesto que significa amor, saudou-me
dizendo: «Salve, Mestre!». E deu-me um beijo.[6] Que amargura, naquele momento!
Durante a ceia, implorei-Te, Pai, que guardasses os meus discípulos no teu nome, para serem um só, como Nós o somos.[7]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Nós
somos, ó Jesus, ainda mais frágeis na fé do que os primeiros
discípulos. Corremos o risco de Vos trair, quando o vosso amor deveria
levar-nos a crescer no amor por Vós.
Precisamos de oração, vigilância, sinceridade e verdade. Assim a fé crescerá. E será robusta e jubilosa.
OREMOS
Guardados pela Eucaristia
«O vosso corpo e o vosso sangue, Senhor Jesus, nos guardem para a vida eterna».[8]
Que este milagre se realize para os sacerdotes que presidem à
Eucaristia e para todos nós, fiéis, que nos aproximamos do altar para
receber-Vos a Vós, pão vivo descido do céu.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Stabat Mater dolorosa
iuxta crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.
II ESTAÇÃO
Jesus abraça a cruz
«Contado entre os pecadores»
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Marcos
«Depois
de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpura e revestiram-no
das suas vestes. Levaram-no, então, para o crucificarem».[9]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Rodeiam-me
os soldados do governador. Para eles, já não sou uma pessoa, mas uma
coisa. À minha custa querem divertir-se, fazer pouco de mim. Por isso
me vestem de rei. Está pronta também uma coroa, mas de espinhos.
Batem-me na cabeça com uma cana. Cospem sobre mim. Levam-me para
fora.[10]
Ecoam em mim palavras dramáticas do profeta Isaías sobre
o Servo do Senhor. Dizem que não tem aparência de beleza; é
desprezado; é o homem das dores; é como um cordeiro levado ao
matadouro; é eliminado da terra dos vivos; é ferido de morte. Aquele
Servo sou Eu, para desvendar a grandeza do amor de Deus pelo homem.[11]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Assim Vós, ó Jesus, fostes «contado entre os pecadores».[12]
Na primeira geração cristã, precisamente porque falavam publicamente
de Vós, Pedro e João, Paulo e Silas atravessaram o limiar da prisão.
[13] E assim aconteceu muitas vezes ao longo dos séculos.
Mesmo
nestes dias, há homens e mulheres que são presos, condenados ou até
mesmo trucidados, só porque são crentes ou comprometidos em prol da
justiça e da paz. Não se envergonham da vossa cruz. São, para nós,
admiráveis exemplos a imitar.
OREMOS COM AS PALAVRAS DE UM MÁRTIR
SHAHBAZ BHATTI
Na
manhã do dia 2 de Março de 2011, o paquistanês Shahbaz Bhatti, Ministro
das Minorias, foi morto por um grupo de homens armados. No seu
testamento espiritual, tinha escrito:
«
Lembro-me
de uma sexta-feira de Páscoa, quando tinha apenas treze anos: ouvi um
sermão sobre o sacrifício de Jesus pela nossa redenção e pela salvação
do mundo. E pensei que devia corresponder àquele seu amor dando amor
aos nossos irmãos e irmãs, colocando-me ao serviço dos cristãos,
especialmente dos pobres, dos necessitados e dos perseguidos que vivem
neste país islâmico.
Quero que a minha vida, o meu
carácter, as minhas acções falem por mim e digam que estou a seguir
Jesus Cristo. Este desejo é tão forte em mim, que me consideraria
privilegiado se Jesus quisesse aceitar o sacrifício da minha vida».
À
luz deste testemunho, oremos: Senhor Jesus, sustentai intimamente os
perseguidos. Difunda-se pelo mundo o direito fundamental à liberdade
religiosa. Nós Vos damos graças por todos aqueles que oferecem, como
«anjos», sinais maravilhosos do vosso Reino que vem.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.
III ESTAÇÃO
Jesus cai sob o peso da cruz
«Eis o Cordeiro de Deus»
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Livro do profeta Isaías
«Foi
ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas
iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas
suas chagas».[14]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Sinto-me
vacilar enquanto dou os primeiros passos para o Calvário. Já perdi
muito sangue. Tenho dificuldade em aguentar o peso do madeiro que devo
levar. E, assim, caio por terra.
Alguém me levanta. Em volta de
mim, vejo tantas pessoas. Certamente haverá também quem me ame. Outros
são apenas curiosos. Penso em João Batista que, no início da minha vida
pública, disse: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!»[15] Revela-se agora a verdade daquelas palavras.
A NOSSA RESSONÂNCIA
Ó
Jesus, este é o dia em que de modo algum devemos parecer-nos com o
fariseu que se louva a si mesmo, mas com o publicano que não ousa
sequer levantar a cabeça.[16] Por isso, Vos pedimos confiadamente a
Vós, Cordeiro de Deus, o perdão dos nossos pecados por pensamentos,
palavras, actos e omissões.
Meditando no peso da vossa cruz, não nos envergonharemos de traçar sobre nós mesmos o sinal da cruz: «É
uma ajuda eficaz: gratuita para os pobres e, para quem é fraco, não
requer qualquer esforço. Trata-se, efectivamente, de uma graça de Deus».[17]
OREMOS
O vosso Filho partilhou a nossa vida humana
Nós
Vos glorificamos, Pai Santo, porque repetidas vezes, pelos profetas,
nos formastes na esperança da salvação. Nós Vos glorificamos, porque de
tal modo amastes o mundo que nos enviastes o vosso Filho Unigénito.
Para cumprir o vosso plano salvador, Ele viveu a nossa condição humana
em tudo igual a nós, excepto no pecado; anunciou a salvação aos pobres,
a libertação aos oprimidos, a alegria aos que sofrem.[18]
Obrigado, ó Pai!
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
O quam tristis et afflicta
fuit illa benedicta
Mater Unigeniti!
IV ESTAÇÃO
O encontro com a Mãe Uma espada trespassa a alma
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Lucas
«Simeão
abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Este menino está aqui para
queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de
contradição; uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se
os pensamentos de muitos corações. (…) Sua mãe guardava todas estas
coisas no seu coração».[19]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
No
meio da multidão, está a minha mãe. O meu coração bate agitado. Não
consigo vê-la bem. O sangue escorreu-me também para o rosto.
Quando
tinha apenas quarenta dias, fui levado ao Templo, de acordo com a Lei
de Moisés, para a oferta. Ao meu pai e à minha mãe, falou um profeta.
Chamava-se Simeão. Tomou-me nos seus braços. Disse que eu haveria de
ser um «sinal de contradição» e que, à minha mãe, «uma espada haveria de trespassar-lhe a alma».
Palavras que, neste momento, se fazem ardente realidade para ela e
para mim. Hoje tem plena realização a oferta daquele dia.[20]
A NOSSA RESSONÂNCIA
«Ó
Filho meu, de linhagem divina, sois arrastado pelas mãos destes génios
do mal e suportais-lho; viestes pôr-vos em cadeias e, voluntariamente,
deixais-vos levar por eles, Vós que sois o libertador das cadeias do
género humano acorrentado! Oh como me sinto destruída! Dizei-me,
dizei-me uma palavra, Palavra de Deus Pai, não passeis, em silêncio,
diante da vossa serva feita vossa mãe».[21]
Ó Jesus, o drama
que enfrentais, juntamente com a vossa mãe, por uma ruela de Jerusalém,
faz-nos pensar em tantos dramas familiares presentes no mundo. Há-os
para todos: mães, pais, filhos, avós e avôs. Julgar é fácil; mais
importante, porém, é pormo-nos no lugar dos outros e ajudá-los até onde
nos for possível. Vamos procurar fazê-lo.
OREMOS
«Fazei o que Ele vos disser»
Maria
Santíssima, mãe de Jesus, esposa de José, nós vos pedimos que
acompanheis o Sínodo dos Bispos dedicado à família. Intercedei pelo
Papa, pelos Bispos e por todos aqueles que estão directamente envolvidos
nele. Sejam dóceis ao Espírito Santo e cheguem a um válido
discernimento. Sempre tenham presente o salmo que diz: «O amor e a verdade vão encontrar-se».[22] Em Caná, ó Maria, sugeristes aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser».[23]
Sustentai os esposos e os pais cristãos, chamados a dar testemunho da
beleza duma família inspirada e guiada pelas directrizes de Jesus.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Quæ mærebat et dolebat
pia Mater, dum videbat
Nati pœnas incliti.
V ESTAÇÃO
O Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz
Ao voltar do campo
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Lucas
«Quando
o iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que
voltava do campo, e carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de
Jesus».[24]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Ouço
gritos em redor de mim. À força agarram um camponês que passava por
ali, talvez por acaso. Sem grandes explicações, constringem-no a
carregar o meu peso. Sinto-me aliviado. Mandam-lhe que se ponha atrás
de mim. Iremos juntos até ao lugar do suplício.
Mais do que uma vez, ao pregar o Reino de Deus, eu dissera: «Quem não tomar a sua cruz para me seguir, não pode ser meu discípulo».[25] Mas agora este homem carrega inclusive a minha. Talvez não saiba sequer quem sou, mas entretanto ajuda-me e segue-me.
A NOSSA RESSONÂNCIA EM LOUVOR DE SIMÃO
«Bem-aventurado
sejas também tu, Simão, que levaste durante a vida a cruz atrás do
nosso Rei. Sentem-se orgulhosos aqueles que levam as insígnias dos
reis, e contudo desvanecer-se-ão os reis com as suas insígnias.
Bem-aventuradas as tuas mãos que se ergueram para levar em procissão a
cruz de Jesus, que nos deu a vida».[26]
Também para alguns
de nós, o encontro convosco, ó Senhor, talvez se tenha dado de forma
totalmente imprevista. Mas depois cresceu.
Consideramos ser uma grande graça vossa o facto de não faltarem, entre nós, cireneus.
Eles carregam a cruz dos outros. Fazem-no com perseverança. É o amor
que os move. A sua presença torna-se fonte de esperança. Põem em prática
o convite de São Paulo: «Carregai as cargas uns dos outros».[27] E deste modo guardam os irmãos.
OREMOS
Quem não precisa de um cireneu?
Senhor Jesus, dissestes que «a felicidade está mais em dar do que em receber».[28]
Tornai-nos disponíveis, também a nós, para cumprirmos a tarefa do
«cireneu». Quem observar o nosso estilo de vida, sinta-se encorajado
vendo-nos cultivar o que é belo, justo, verdadeiro, essencial. Quem for
frágil ver-nos-á humildes, porque, em muitos aspectos, também nós
somos frágeis. Quem receber de nós sinais de gratuidade, perceberá que
nós mesmos temos mil motivos para dizer «obrigado». Mesmo quem não
puder correr, poderá estar tranquilo porque nos é querido;
encontrar-nos-á prontos a abrandar: não queremos deixá-lo para trás.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Quis est homo qui non fleret,
Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?
VI ESTAÇÃO
A Verónica limpa o rosto de Jesus Discípulas
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Lucas
«Jesus
ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a
Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres,
que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades:
Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana,
mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que
os serviam com os seus bens».[29]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
No
meio da multidão, há muitas mulheres. A gentileza impele alguma delas a
aproximar-se para me limpar o rosto. Este gesto faz-me aflorar ao
pensamento diversos encontros. Um deu-se apenas há uma semana. Ceei,
por amizade, em Betânia, hóspede de Marta, Maria e Lázaro. Maria
ungiu-me os pés com perfume de nardo puro. Disse-lhe, para surpresa
dela, que o conservasse para a minha sepultura.[30]
Vejo-me também
sentado junto do poço de Sicar. Estava cansado e com sede. Chega então
uma mulher samaritana com um cântaro. Peço-lhe água. Aludo a uma água
que jorra para a vida eterna. Parecia que estivesse à espera deste dom
para abrir o seu coração. Queria contar-me tudo sobre si mesma. Vi-a,
maravilhado, escavar dentro da sua consciência. Regressou à praça da
cidade, falando de mim e dizendo: «Não será ele o Messias?»[31]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Ó
Jesus, nesta noite, é significativa entre nós a presença feminina. Nos
Evangelhos, as mulheres ocupam um lugar relevante. Assistiram-Vos, a
Vós e aos apóstolos, com os seus bens. Algumas delas estiveram
presentes durante a vossa paixão. E serão as primeiras a levar o
anúncio da vossa ressurreição.
O génio feminino
desafia-nos a viver a fé permeada de carinho para convosco.[32] Assim
no-lo ensinam todos os Santos. Queremos percorrer a sua estrada.
OREMOS
O dom da maternidade espiritual
Senhor
Jesus, o anúncio da fé no mundo e o caminho das comunidades cristãs são
imensamente apoiados pelas mulheres. Conservai-as como testemunhas
daquela felicidade que floresce do encontro convosco e constitui o
segredo profundo da sua vida. Guardai-as como sinal luminoso de
maternidade junto dos últimos que, no seu coração, se tornam os
primeiros.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Quis non posset contristari,
Christi Matrem contemplari
dolentem cum Filio?
VII ESTAÇÃO
Jesus cai pela segunda vez
«Não te afastes de mim»[33]
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Mateus
«Jesus
chegou a um lugar chamado Getsémani (...) para orar. E, levando consigo
Pedro e os dois discípulos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a
angustiar-se. Disse-lhes então: “A minha alma está numa tristeza de
morte; ficai aqui e vigiai comigo”. E orava dizendo: “Meu Pai, se é
possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu
quero, mas como Tu queres».[34]
Do Evangelho segundo São Lucas
«Então,
vindo do Céu, apareceu-lhe um anjo que o confortava. Cheio de
angústia, pôs-se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-lhe como
grossas gotas de sangue, que caíam na terra».[35]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
A
fadiga não é apenas física. Há algo mais profundo que devo ter em
conta. Ontem à noite, estive longamente a rezar ao Pai, prostrado no
chão. O meu suor era como gotas de sangue. Estava já na agonia. Estou
compartilhando a experiência suprema e difícil de todo o ser humano às
portas da morte. Obrigado, meu Pai, por me teres mandado naquele
momento um anjo do céu para me confortar!
A NOSSA RESSONÂNCIA
Jesus,
quanta tristeza no abismo de muitas almas feridas pela solidão, o
abandono, a indiferença, a doença, a morte de um ente querido!
Incalculável
é, depois, o sofrimento daqueles que estão no meio de acontecimentos
cruéis, de palavras de ódio e falsidade; ou que encontram corações de
pedra que provocam lágrimas e levam ao desespero.
O coração do
homem – o coração de todos nós – espera por algo muito diverso: uma
guarda feita de amor. Assim no-lo ensinais Vós, ó Jesus, a nós e a
todos os homens de boa vontade: Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei.[36]
OREMOS
Coração meu, guarda e consola!
Abre-te,
coração meu. Sê amplo como o coração de Deus. Abre-te para levares
esperança. Abre-te para tomares ao teu cuidado. Abre-te para ouvir.
Abre-te para pores bálsamo nas feridas. Abre-te para dares luz a quem
está nas trevas. Guarda e consola hoje, amanhã e sempre.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Pro peccatis suæ gentis
vidit Iesum in tormentis,
et flagellis subditum.
VIII ESTAÇÃO
Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
«Vós sois o sal da terra. (…) Vós sois a luz do mundo»[37]
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Lucas
«Seguiam
Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e
se lamentavam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: “Filhas
de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas e pelos
vossos filhos”».[38]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Ainda
poucos dias passaram da minha entrada em Jerusalém. Uma pequena
multidão de discípulos fez-me festa. Até me aclamou dizendo: «Bendito seja o rei que vem em nome do Senhor».[39]
Na sua simplicidade, aquele momento foi solene. E contudo os fariseus
deram mostras de desagrado. A festa não me impediu as lágrimas
provocadas pela vista da cidade.[40] Agora, enquanto sigo fadigosamente
para o Gólgota, ressoam vozes de mulheres que se lamentam por mim e
batem no peito.
A NOSSA RESSONÂNCIA
Também
hoje, Jesus, vendo as nossas cidades, podereis talvez ter motivos para
chorar. É que também nós podemos ser cegos diante de Vós, sem entender o
caminho de paz por Vós indicado.[41]
Mas agora sentimos como vossa chamada aquela que expressastes no Sermão da Montanha: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus». E aquilo que dissestes, depois, aos vossos discípulos: «Vós
sois o sal da terra. (...) Vós sois a luz do mundo. (...) Assim brilhe a
vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus».[42]
OREMOS
Na luz da Jerusalém do Céu
Senhor
Deus, chamastes-nos para a Jerusalém do Céu, que é a tenda de Deus com
os homens. Prometestes que lá serão enxugadas todas as lágrimas dos
nossos olhos. Não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Vós
sereis o nosso Deus e nós o vosso povo.[43] Guardai em nós a esperança
de que, depois do tempo fatigoso da sementeira em lágrimas, chega o
tempo jubiloso da ceifa.[44]
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Eia, Mater, fons amoris,
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.
IX ESTAÇÃO
Jesus cai pela terceira vez A «viagem» de Jesus
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São João
«Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai».[45]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
A
minha viagem terrena está prestes a terminar. Quando nasci, a minha mãe
recostou-me numa manjedoura.[46] Passei quase toda a minha vida em
Nazaré. Mergulhei na história do povo eleito.
Como enviado
itinerante do Pai, anunciei a largura do seu amor, que não esquece
ninguém; o comprimento do seu amor, fiel através de todas as gerações; a
altura do seu amor, esperança que vence a própria morte; e a
profundidade do seu amor,[47] que me enviou, não para os justos, mas
para os pecadores.[48]
Muitos me ouviram e seguiram, tornando-se
meus discípulos; outros não me compreenderam. Também alguns me
combateram e, por fim, condenaram-me. Mas neste momento, mais do que
nunca, sou chamado a revelar o amor de Deus pelo homem.[49]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Jesus,
perante o vosso amor e o do Pai, perguntamo-nos sobre o risco de nos
deixar fascinar pelo mundo, para quem a vossa paixão e morte não passam
de «loucura e escândalo», quando na verdade são «poder e sabedoria de Deus»?[50] Porventura não seremos cristãos mornos, ao passo que o vosso amor é um mistério de fogo?
Porventura damo-nos conta de que, antes de Deus vir até junto de nós, não sabíamos quem pudesse ser Deus? Quando chegastes Vós, Filho Unigénito, Deus, que nos tinha plasmado à sua imagem, permitiu-nos levantar o olhar para Ele e prometeu-nos o Reino dos céus? Como não havemos então de amar Aquele que nos amou primeiro?[51]
OREMOS
«Abbá, ó Pai»
Senhor Deus, ousamos dizer-Vos: «Pai nosso». Pensar em nós mesmos como filhos
é um dom maravilhoso do qual Vos somos eternamente gratos. Sabemos, ó
Pai, que não somos apenas um grão de pó no universo. Destes-nos uma
grande dignidade, chamastes-nos à liberdade. Libertai-nos de toda a
forma de escravidão. Não nos deixeis vagar longe de Vós. Guardai, ó
Pai, cada um de nós. Guardai cada homem que habita na terra.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Fac ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.
X ESTAÇÃO
Jesus despojado das vestes A túnica
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do livro dos Salmos
«Repartem entre si as minhas vestes e sorteiam a minha túnica».[52]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Mantenho-me
em silêncio. Sinto-me humilhado por um gesto aparentemente banal. Já
fui despojado horas atrás. Penso na minha Mãe, aqui presente. A minha
humilhação é também a sua. Também desta forma é trespassada a sua alma.
A Ela devo a túnica que me foi arrancada e que é um símbolo do seu
amor por mim.[53]
A NOSSA RESSONÂNCIA
A vossa
túnica, Senhor, leva-nos a meditar sobre um momento de graça e,
simultaneamente, sobre factos que violam a dignidade do homem.
A graça é a do Baptismo. À criança que acaba de se tornar cristã, diz-se: «És
nova criatura e estás revestida de Cristo. Esta veste branca seja para
ti símbolo da dignidade cristã: ajudada pela palavra e o exemplo dos
teus pais e padrinhos, conserva-a imaculada até à vida eterna».[54] Aqui está a verdade mais profunda da existência humana.
Ao
mesmo tempo o amor com que guardais todas as criaturas faz-nos pensar
em situações terríveis: o tráfico de seres humanos, a condição das
crianças-soldado, o trabalho que se torna escravidão, as crianças e os
adolescentes despojados de si mesmos, feridos na sua intimidade,
barbaramente profanados.
Vós impelis-nos a pedir humildemente
perdão a quantos sofrem estes ultrajes e a rezar para que, finalmente,
desperte a consciência de quem obscureceu o céu na vida das pessoas.
Diante de Vós, ó Jesus, renovamos o propósito de «vencer o mal com o bem».[55]
OREMOS
Os dois caminhos
«Feliz
o homem que não segue o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho
dos pecadores, nem toma parte na reunião dos libertinos; antes põe o
seu enlevo na lei do Senhor e nela medita dia e noite. É como a árvore
plantada à beira da água corrente: dá fruto na estação própria e a sua
folhagem não murcha; em tudo o que faz, é bem sucedido».[56]
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Sancta Mater, istud agas,
Crucifixi fige plagas
cordi meo valide.
XI ESTAÇÃO
Jesus é pregado na cruz A suprema cátedra do amor de Deus
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São João
«Então
entregou-o para ser crucificado (…). Pilatos redigiu um letreiro e
mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”».[57]
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS
Estão
a pregar-me mãos e pés. Os braços são estendidos. Os pregos penetram
dolorosamente na minha carne. Estou bloqueado no corpo, mas livre no
coração, tal como livremente vim ao encontro da minha paixão.[58]
Livre, porque sou habitado pelo amor, um amor que quereria incluir a
todos.
Observo quem está a crucificar-me. Penso naqueles que lho ordenaram: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem».[59]
Ao meu lado, estão outros dois condenados à crucifixão. Um deles
pede-me que o recorde quando estiver no meu reino. Sim – digo-lhe –, «hoje estarás comigo no Paraíso».[60]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Vemo-Vos,
Jesus, pregado na cruz. E, na nossa consciência, surgem impelentes
estas interrogações: Quando será abolida a pena de morte, praticada
ainda hoje em numerosos Estados? Quando será cancelada toda a forma de
tortura e a supressão violenta de pessoas inocentes? O vosso Evangelho é
a mais firme defesa do homem, de cada homem.
OREMOS
«Tende piedade de nós!»
Senhor
Jesus, abraçastes a cruz para nos ensinar a dar a nossa vida por amor;
na hora da morte, prestastes ouvidos ao ladrão arrependido.
Salvador inocente, fostes contado entre os iníquos e sujeitastes-Vos ao juízo dos pecadores.[61]
Tende piedade de nós!
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me pati
pœnas mecum divide.
XII ESTAÇÃO
Jesus morre na cruz
«Ó Cristo, temos necessidade de Vós» (Beato Paulo VI)
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
AS PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ
Jesus clamou com voz forte: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»[62] Depois, dirigindo-se à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» E ao discípulo João: «Eis a tua mãe!»[63] Disse ainda: «Tenho sede»;[64] mais tarde: «Tudo está consumado»;[65] e por fim: «Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito».[66]
A NOSSA RESSONÂNCIA
Na cruz, Vós rezastes, Jesus. E precisamente assim vivestes o auge da vossa vocação e missão.
Naquele
momento, falastes à vossa mãe e ao discípulo João. Através deles,
faláveis também a nós. Fomos confiados à vossa Mãe. Pedistes-nos para a
acolhermos na nossa vida, a fim de sermos guardados por Ela tal como o
fostes Vós.
Intensa impressão nos fez o facto de, ao longo duma
agonia que durou horas, terdes clamado com voz forte a Deus usando as
palavras do Salmo 21, que exprimem os sofrimentos mas também as
esperanças do justo.
O evangelista Lucas recorda que, pouco antes de morrer, dissestes: «Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito».[67] A resposta do Pai virá: será a vossa ressurreição.
ORAÇÃO
«Omnia nobis est Christus» (Santo Ambrósio)
- «Temos necessidade de Vós, ó Cristo, para conhecer o nosso ser e o nosso destino.
- Temos
necessidade de Vós, para encontrar as verdadeiras razões da
fraternidade entre os homens, os alicerces da justiça, os tesouros da
caridade, o bem supremo da paz.
- Temos necessidade de Vós, ó grande Sofredor das nossas dores, para conhecer o sentido do sofrimento.
- Temos necessidade de Vós, ó Vencedor da morte, para nos libertar do desespero e da incoerência.
- Temos
necessidade de Vós, ó Cristo, para aprender o amor verdadeiro e
percorrer, com a alegria e a força da vossa caridade, o nosso caminho
cansativo, até ao encontro final convosco, amado, esperado, bendito
pelos séculos dos séculos».[68]
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Vidit suum dulcem Natum
moriendo desolatum,
dum emisit spiritum.
XIII ESTAÇÃO
Jesus é descido da cruz A estrada régia da Igreja
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São Mateus
«O
centurião e os que com ele guardavam Jesus, (…) disseram: “Este era
verdadeiramente o Filho de Deus!” Estavam ali, a observar de longe,
muitas mulheres (…). Entre elas, estavam Maria de Magdala, Maria, mãe
de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu».[69]
Jesus
passou deste mundo para o Pai. A sua paixão dá-nos a graça de
descobrir, no seio da história, a paixão de Deus pelo homem. Os santos
corresponderam a ela, tornando-se discípulos e apóstolos. A isto somos
chamados também nós.
A NOSSA RESSONÂNCIA
- «
Em Vós, Jesus – Palavra feita carne –, somos chamados a ser a Igreja da misericórdia.
-
Em Vós – pobre por opção –, a Igreja é chamada a ser pobre e amiga dos pobres.
- <p>Contemplando o vosso rosto, o nosso não poderá ser diferente do vosso.</p>- A nossa fraqueza será força e vitória, se tornar presente a humildade e a mansidão do nosso Deus».[70]
OREMOS
«Estendei
a toda a família humana, ó Pai, o reino de justiça e de paz que
preparastes por meio do vosso Filho Unigénito, nosso rei e salvador.
Assim será concedida aos homens a verdadeira e dulcíssima paz; os
pobres encontrarão justiça; serão confortados os aflitos e todas as
tribos da terra serão abençoadas n’Ele, nosso Senhor e nosso Deus, que
vive e reina convosco, na unidade do Espírito Santo, por todos os
séculos dos séculos».[71]
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Fac me tecum pie flere,
Crucifixo condolere,
donec ego vixero.
XIV ESTAÇÃO
Jesus é depositado no sepulcro Guardados para sempre
V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi. R/. Quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
Do Evangelho segundo São João
«Depois
disto, José de Arimateia (…) pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o
corpo de Jesus. E Pilatos permitiu-lho. Veio, pois, e retirou o corpo.
Nicodemos (…) apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem
libras de mirra e aloés. Tomaram então o corpo de Jesus e envolveram-no
em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus».[72]
SENTIMENTOS DE DOIS AMIGOS DE JESUS
O
corpo dos condenados à crucifixão era considerado indigno até de
sepultura. Mas, ao contrário, dois homens influentes, José de Arimateia
e Nicodemos, guardaram solicitamente o corpo de Jesus.
«Que
sorte, para mim e para vós – diz-nos José de Arimateia –, termo-nos
tornado discípulos de Jesus![73] Eu, antes, era-o às escondidas. Mas
agora encontro em mim uma grande coragem. Até enfrentei Pilatos para
ter o corpo de Jesus.[74] Mais do que a coragem, foram decisivos o
carinho e a alegria. Estou contente por ter disponibilizado um sepulcro
novo, escavado na rocha.[75] Digo-vos: Amai o nosso Salvador!»
Nicodemos
poderia acrescentar: «Teve lugar em horas nocturnas o meu primeiro
encontro com Jesus. Por Ele, fui convidado a renascer do Alto.[76] Mas
só pouco a pouco fui compreendendo aquelas suas palavras. Agora estou
aqui para honrar os seus membros. De bom grado adquiri uma mistura de
mirra e aloés.[77] Mas a verdade é que Ele fez muito mais por mim:
perfumou a minha vida!»
MARIA FALA AO NOSSO CORAÇÃO
«João
manteve-se ao meu lado. Ao pé da cruz, a minha fé foi posta a dura
prova. Como fiz em Belém e, depois, em Nazaré, também agora em silêncio
medito.[78] Confio em Deus. Não se apagou a minha esperança de mãe.
Confiai vós também! Para vós todos, peço a graça duma fé forte. Para
aqueles que atravessam dias sombrios, a consolação».
OREMOS
Avé
Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as
mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe
de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amen.
Todos:
Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo. Amen.
Quando corpus morietur,
fac ut animæ donetur
Paradisi gloria.
Amen.
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