sexta-feira, 28 de abril de 2017

Domingo III da Páscoa, em Emaús


A caminho de Emaús, Robert Zund, 1877

Os cinco sentidos da pessoa espiritual nascida na Páscoa de Jesus Cristo
 
No terceiro domingo da Páscoa lemos o texto do Evangelho de Lucas que narra a experiência dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35)

Diz-se que eles reconheceram Jesus Cristo ressuscitado.

Nós, para reconhecermos Jesus ressuscitado nas nossas vidas precisamos disto:
- olhos da fé
ouvidos do melhor amigo
pés da esperança
mãos generosas do amor fraterno
exalar o aroma da nova manhã que desponta

Sim, Jesus ressuscitado está realmente presente entre nós. Mas só o reconhecemos se estivermos preparados para isso.

Precisamos de ter bem abertos os olhos da fé
São os olhos que lêem as Sagradas Escrituras – a Palavra de Deus – e nos ajudam a perceber que, para Deus, nada é impossível: Ele não está dependente do tempo; não fica impedido de nada por causa dos obstáculos espaciais, nem deixa de estar num sítio para poder estar noutro.

Deus está com cada um de nós, em todos os lugares. Sobretudo, dá-nos entusiasmo, eleva as nossas expectativas, faz-nos pensar no presente e no futuro como momentos em que se realizam os nossos sonhos e a Sua vontade. 
Os olhos da fé fazem-nos entregar a nossa vida ao Senhor e confiar que Ele nos guia.

Precisamos de ter os ouvidos do melhor amigo
São estes ouvidos que nos fazem estar atentos para perceber quando Jesus nos chama, nos corrige, nos envia.

Umas vezes, Jesus fala-nos baixinho na nossa consciência, outras desperta-nos um desejo súbito de fazer algo que nos deixa bem, outras faz-nos sentir o peso do vazio em que nos encontramos.

Umas vezes, Jesus prende a nossa atenção para que O acompanhemos em momentos de oração; outras vezes, Ele pede-nos para ser seus enviados junto de quem precisa; outras vezes, consola-nos…

Precisamos de ter os pés ágeis da esperança
Os dois discípulos de Emaús caminhavam entristecidos, pois estavam decepcionados, desanimados, sentiam-se enganados por Jesus. «Nós esperávamos que…», diziam.

Jesus, ao juntar-se a eles no caminho, faz uma releitura dos acontecimentos. Percorre com eles a história e demonstra como Deus salvava e salva. Jesus ressuscitado ressuscita a esperança dos discípulos: diz-lhes, quando se ama, não se morre, dá-se a vida; e quando se dá a vida, não há escândalo, mas heroísmo. Todavia, Jesus não deixa de deixar claro que morrer em favor de outros é uma condenação da maldade que os afligia. Pois o sonho de Deus é que as pessoas tenham uma vida longa e feliz, na comunhão uns com os outros.

Precisamos de ter mãos generosas de amor fraterno
Só então somos generosos e alegres, para convidar os outros a fazer um banquete connosco, como fizeram os discípulos, que convidaram Jesus para celebrar a Eucaristia com eles. E, então, podemos dizer: «Comemos e bebemos com o Senhor», e o nosso testemunho é credível, é atraente.

Precisamos de exalar o aroma da nova manhã que desponta
Nas leituras de hoje, S. Pedro, S. Paulo, Maria Madalena e as outras mulheres, os discípulos de Emaús... todos anunciam com entusiasmo «Deus ressuscitou Jesus».

Este grito tem sido repetido ano após ano. Hoje, é a nossa vez.

A Páscoa cristã é um convite à alegria, à paz, à esperança de uma vida renovada. É a aurora feliz de um mundo novo, como cantamos no salmo deste dia (Salmo 15):

Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio. 
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus. 
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, 
está nas vossas mãos o meu destino. 

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado, 
até de noite me inspira interiormente. 
O Senhor está sempre na minha presença, 
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta 
e até o meu corpo descansa tranquilo. 
Vós não abandonareis a minha alma  na mansão dos mortos, 
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, 
alegria plena em vossa presença, 
delícias eternas à vossa direita.

Para reflectir
Porquê, às vezes, vamos à catequese ou à missa e saímos de lá sem sentir que tivemos um encontro com Jesus ressuscitado?
Porquê, às vezes, ouvimos ou lemos a Bíblia, e o nosso coração não arde de entusiasmo com as Escrituras?
Porquê, às vezes, voltamos a casa com o coração perturbado, triste, desanimado, sem fé e sem esperança?
Porquê, às vezes, estamos na paróquia e não sentimos a comunhão com os nossos irmãos?
 
O autor do texto é o meu amigo Fernando Jorge Félix Ferreira
 

quinta-feira, 27 de abril de 2017

História de José, o Carpinteiro

Madeira de cedro laminada a ouro, Família Montalvo


O texto Apócrifo do Novo Testamento História de José, o Carpinteiro deve ter sido escrito pelos séculos VI ou VII.

O texto é apresentado como um relato de Jesus aos Apóstolos, no Monte das Oliveiras, que estes mais tarde registaram por escrito. É um texto apócrifo, quer dizer, não mereceu credibilidade à Igreja, até porque foi redigido muito tardiamente. Conterá certamente alguma veracidade, por isso citamos algumas passagens, pelo menos como curiosidade.

José, o Carpinteiro, viúvo, teria sido encarregue de receber em sua casa e cuidar da jovem Maria até ela atingir a idade de casar, cerca dos 14 anos. Com ele viviam já as suas duas filhas e os filhos Tiago e Judas, crianças do seu casamento.

José teria emigrado para o Egipto e vivido até aos 111 anos, manifestando grande juventude.

Avisado numa aparição de que a sua morte estava próxima, foi a Jerusalém, ao Templo. Morreu sendo arrebatado aos céus por anjos.

Orlando de Carvalho

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Cura por intercessão dos pastorinhos



Em 2007, na diocese de Olinda e Recife, no Brasil, uma criança de seis anos caiu de uma janela, para a rua, de uma altura de sete metros.

Bateu com a cabeça que abriu, saindo para fora parte do cérebro. A criança foi declarada sem hipótese de sobrevivência ou com deficiência cerebral definitiva.

A criança foi submetida a cirurgia craniana.

A família rezou pedindo a intercessão de Nossa Senhora de Fátima e dos pastorinhos.

Uma comunidade religiosa feminina rezou pedindo a intercessão dos beatos Francisco e Jacinta.

Passados três dias a criança voltou para casa com alta hospitalar e encontra-se bem.

Logo em Fevereiro de 2007 uma comissão médica declarou não existir explicação científica para a cura.

Em Março de 2017, as instâncias vaticanas e o papa declararam aceitar a existência de uma cura milagrosa por intercessão de Francisco e Jacinta.

No dia 13 de Maio, Sua Santidade o Papa Francisco procederá à canonização das duas crianças, no Santuário de Fátima.

Orlando de Carvalho

terça-feira, 25 de abril de 2017

MELHOR DO QUE «VER PARA CRER» É «CRER PARA VER»




MELHOR DO QUE «VER PARA CRER» É «CRER PARA VER»
(Segundo Domingo da Páscoa ou da Divina Misericórdia)

A. Um dia com 192 horas
1.Cada dia tem 24 horas. Mas há um dia — em Outubro — com 25 e outro dia — em Março — com 23 horas. E, depois, há o dia de Natal e este dia de Páscoa com 192 horas. Não é engano, é a verdade. A Páscoa, tal como o Natal, é um dia com 192 horas. É um dia que se estende por oito dias, até hoje. Aliás, já Santo Atanásio, no século IV, chama ao Domingo da Páscoa o «grande Domingo». Este «grande Domingo» converte-se em «Domingo grande». Como é que um Domingo tão intenso não haveria de se transformar num Domingo extenso?
É por isso que, desde o Domingo da Páscoa até hoje, o prefácio da oração eucarística menciona «este dia [e não «este tempo»] em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. E é por isso também que os salmos de Laudes, Vésperas e Completas são os mesmos de Domingo da Páscoa da Ressurreição.

2.Assim sendo, não estamos no tempo depois da Páscoa. De resto, um cristão nunca pode viver depois da Páscoa. Um cristão tem de estar sempre em Páscoa. Em bom rigor, hoje ainda estamos no Dia da Páscoa. É este extenso — e muito intenso — Dia da Páscoa que abre o Tempo Pascal, que nos vai levar até ao Pentecostes. Este Tempo Pascal não é um tempo que sucede à Páscoa. É um tempo que celebra a Páscoa e que nos conduz ao tempo em que se há-de vivenciar a Páscoa, isto é, todo o tempo da nossa vida.

O Tempo Pascal é, pois, inseparável de uma Vida Pascal, de uma vida inteiramente «pascalizada». A Páscoa acende uma luz que não se apaga inaugurando um dia que não se extingue.
B. As sete designações para este Domingo
3. Este dia de oito dias é a «Oitava da Páscoa». «Oitava da Páscoa» não é, contudo, a única designação para este Domingo. De resto, este Domingo é conhecido por sete nomes: 1) «Oitava da Páscoa», 2) «Domingo in Albis» (Domingo Branco), 3) «Domingo Quasímodo», 4) «Domingo Novo», 5) «Pascoela», 6) «Domingo II da Páscoa» e 7) «Domingo da Divina Misericórdia».
Já o Antigo Testamento, no Livro do Levítico, apresenta o «Oitavo Dia» com o mesmo estatuto do «primeiro dia» (cf. Lv 23, 39). Ambos são dias de festa, ambos são dias de descanso.

4.A tradição cristã liga a Ressurreição quer ao «primeiro dia», quer ao «oitavo dia». O próprio Cristo é «o primeiro e o último» (cf. Ap 1, 11). A Igreja habituou-se a apresentar o «Oitavo Dia» como o «Dia que o Senhor fez» ou, mais sucintamente, como o «Dia do Senhor», isto é, «Domingo».

É por tudo isto que um dos textos mais antigos — a denominada «Epístola de Barnabé» — indica expressamente que os cristãos guardavam «o “oitavo dia”», qualificando-o como «o dia em que Jesus Se levantou dos mortos».
C. Significado da «Oitava da Páscoa»
5. É curioso notar que, conforme nos refere o Antigo Testamento, a festa dos tabernáculos e a festa da dedicação do Templo já tinham «oitava» (cf. Lv 23, 26; 2Cr 7, 9). Daí que algumas fontes baptismais e alguns túmulos cristãos tivessem a forma de octógonos.
A introdução da «oitava» terá acontecido por ocasião da dedicação das Basílicas de Jerusalém e de Tiro, cujas festas duraram oito dias. Posteriormente, algumas festas litúrgicas passaram a incluir «oitavas». As primeiras foram a Páscoa, o Pentecostes e, no oriente, a Epifania. Seguiu-se o Natal, que também recebeu a sua «oitava». As festas de São Pedro e São Paulo, São Lourenço e Santa Inês foram igualmente distinguidas com «oitavas».

6.Chegaram a ser tantas as «oitavas» que a Igreja viu-se na necessidade de as catalogar. Assim, havia as «oitavas privilegiadas», as «oitavas comuns» e as «oitavas simples». As «oitavas privilegiadas» eram, por sua vez, subdivididas em «oitavas privilegiadas de primeira ordem, de segunda ordem e de terceira ordem».

Em 1955, foi suspensa a maior parte das «oitavas», mantendo-se apenas as da Páscoa, Natal e Pentecostes. Finalmente, em 1969, foi extinta a «oitava do Pentecostes», subsistindo as outras duas.
D. Um dia para tocar, de modo especial, a misericórdia de Deus
7. Este Domingo da Oitava da Páscoa também foi conhecido, em tempos, como «Domingo in Albis», ou seja, «Domingo Branco». Com efeito, era neste Domingo que os baptizados na Vigília Pascal vinham entregar a túnica branca que tinham recebido e que usavam durante a semana a seguir à Páscoa. Já agora, este Domingo recebeu igualmente o nome de «Domingo Quasímodo» por causa das primeiras palavras da antífona de entrada da Missa. São palavras extraídas da Primeira Epístola de São Pedro (2,2): «Como crianças recém-nascidas, desejai o leite espiritual». Em latim aquele «como» diz-se «quasi modo».
Também há sinais de os cristãos de fala grega denominarem este Domingo como «Dominica Nova» (Domingo Novo), em homenagem à vida nova recebida na Páscoa, pelo Baptismo. Entre o povo há quem, como sabemos, tome este Domingo como «Domingo de Pascoela», termo que significa «pequena Páscoa».

8.Oficialmente, este é o «Domingo II da Páscoa» ou «da Divina Misericórdia». Esta última designação foi determinada a 30 de Abril de 2000, data que nesse ano também coincidiu com o segundo Domingo da Páscoa. Foi nesse dia que São João Paulo II canonizou Santa Faustina Kowalska, polaca como ele.

A esta religiosa, que faleceu em 1938, Jesus pediu que pintasse uma imagem Sua, que deveria conter a inscrição «Jesus, eu confio em Vós». Também pediu que essa imagem fosse venerada no mundo inteiro e, de modo solene, no domingo após o Domingo de Páscoa. Refira-se que esta santa é a grande apóstola da misericórdia, sobretudo através dos seguintes meios: devoção à Imagem da Misericórdia Divina; Terço da Divina Misericórdia; Festa da Divina Misericórdia; Novena da Divina Misericórdia; e Oração das três horas da tarde (em memória da hora da Sua morte).
E. Feliz é quem crê porque vê
9. Nas revelações que fez a Santa Faustina, Jesus disse que, especialmente neste dia, «estão abertas as entranhas da Minha Misericórdia. A alma que seconfessare comungar alcançará o perdão das suas penas e culpas. Neste dia, estão abertas todas as comportas divinas pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim».
Foi esta a misericórdia que Jesus prodigalizou a Tomé «oito dias depois» da Ressurreição (cf. Jo 20, 26). No dia da Ressurreição, Tomé não estava com os outros discípulos. Não viu — nem ouviu — Jesus e, por isso, não acreditou (cf. Jo 20, 25). Quando parecia que Tomé tinha desistido de Jesus, eis que Jesus volta mostrando que não tinha desistido de Tomé.

10.Jesus não desiste de Tomé. Jesus não desiste de nós. Como fez a Tomé, também vem ao nosso encontro, também Se deixa tocar por nós. Também nos convida a meter a nossa mão no Seu lado (cf. Jo 20, 27). É pelo Seu lado ferido que Jesus sara as nossas feridas. A Confissão e a Comunhão são, hoje em dia, o grande modo de «tocar» em Jesus e de nos deixarmos «tocar» por Jesus. Foi à Igreja, representada pelos discípulos, que Jesus confiou a missão de distribuir o Perdão (cf. Jo 20, 22). Foi à Igreja, sinalizada pelos mesmos discípulos, que Jesus entregou a missão de distribuir o Pão (cf. 1Cor 11, 24).

Digamos a todos o que os discípulos disseram a Tomé: «Vimos o Senhor» (Jo 20, 25). E que felizes nós somos porque vemos o Senhor! Vemo-Lo, estamos sempre a vê-Lo, na fé. Esta é a Bem-Aventurança que alimenta a nossa esperança! Melhor do que «ver para crer» é «crer para ver». Feliz não é quem crê porque vê. Feliz é quem vê porque crê. Nós não acreditamos porque vemos. Nós vemos porque acreditamos. E na fé não há limites. A fé é ilimitadamente «vidente». Na fé conseguimos ver até o invisível. Em vez de «ver para crer», habituemo-nos, então, a «crer para ver». Quem acreditar nunca deixará de encontrar. São os «óculos da fé» que nos guiarão pelas estradas do mundo. São os «óculos da fé» que iluminarão a nossa vida com um amor sempre mais profundo!

Autor: Cónego João António Pinheiro Teixeira

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Títulos cristológicos e marianos




 Este quadro é fruto de uma reflexão profunda sobre os títulos de Jesus e de Nossa Senhora.

Olhando para ele, podeis dar asas à imaginação, ao raciocínio lógico e saborear a intimidade com Deus e a sua Mãe Santíssima.

Como autores do quadro, de muitas reflexões dele provenientes e de jogos que criámos dirigidos a crianças e adolescentes, continuamos disponíveis para ir a paróquias e comunidades partilhar com fiéis adultos ou mais jovens belas conversas ou actividades lúdicas que derivam do quadro de títulos cristológicos e marianos.

Orlando de Carvalho