sexta-feira, 26 de maio de 2017

Actualidade catequética de carta de S. João XXIII

Da carta de São João XXIII ao Congresso Catequístico de Veneza, em 22 de Abril de 1961

Levantam-se aqui e ali vozes a lamentar, ocasionalmente, a exiguidade ou a falta de uma instrução religiosa sólida; e, de facto, algumas manifestações dos costumes de hoje parecem justificar tal avaliação. Mas podem alimentar-se fundadas esperanças quando, como em Veneza, o clero e o laicado se reúnem com preocupada atenção, para considerar o valor da catequese, ou seja, um ensino ordenado e abrangente da doutrina revelada por Deus e transmitida pela Igreja para que seja conhecida e vivada cada vez mais profundamente.
                                                           
Com sábia oportunidade o tema do Congresso, que se refere à boa notícia da salvação, foi escolhido com um objectivo preciso: Por uma catequese que conduza à vida de fé. Eis o significado de todo o ensino vivo e vital; Eis, a meta de qualquer esforço educacional para o qual, juntamente com o sacerdote, deve tender o trabalho concorde da família e da escola: formar cristãos convictos que conheçam a sua fé e a coloquem em prática.
                                                           
Dirigimo-nos com viva confiança a esses queridos filhos: os sacerdotes em primeiro lugar, de modo que, dignos da herança preciosa de São Carlos Borromeo e de um São Gregório Barbarigo, considerem como o primeiro e mais urgente dever do seu ministério o ensino catequético, ministrado a todas as idades e todos os grupos sociais em omni patientia et doctrina [com toda a paciência e doutrina] (2 Tim. 4.2). Lembrar aos pais "o dever sagrado, contraído no dia do seu casamento, para buscar primeiro lugar” a educação religiosa e moral das crianças", como um dia lhes referi (O Ano Catequístico, em escritos e discursos, de AJ card. Roncalli. Vol. I).
Suplicamos aos educadores, chamados para à alta e delicada missão de plasmar a alma dos futuros homens, que meçam a sua responsabilidade nesta matéria. E dizemos com doce insistência aos jovens e crianças que correspondam com toda a docilidade aos cuidados que se lhes dispensam. Assim, em pleno acordo, se estabelecem as bases de uma vida honesta, serena, laboriosa, agradável a Deus e aos homens.
                                                           
Veneza tem uma bela tradição nas últimas décadas do século XIX e início do século XX. Falavam-nos dela admirados e comovidos os sacerdotes idosos. É a tradição dos Patronatos pós-meridianos e vespertinos que ainda mantêm a validade de uma fórmula de abordagem geral aos jovens e crianças das paróquias, destinados a oferecer não apenas uma hora de entretenimento agradável, mas acima de tudo, uma escola de catecismo de carácter familiar, melhor diríamos, amigável.
                                                           
Que não se percam essas pegadas antigas; que pelo contrário, se aprofunde o sulco. E quando se procurarem novos métodos, não se esqueça aquela experiência preciosa e sábia.

(Tradução de Orlando de Carvalho, a partir do arquivo vaticano)
                                                           
                                                           


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