Da carta de São João
XXIII ao Congresso Catequístico de Veneza, em 22 de Abril de 1961
Levantam-se
aqui e ali vozes a lamentar, ocasionalmente, a exiguidade ou a falta de uma
instrução religiosa sólida; e, de facto, algumas manifestações dos costumes de
hoje parecem justificar tal avaliação. Mas podem alimentar-se fundadas esperanças
quando, como em Veneza, o clero e o laicado se reúnem com preocupada atenção, para
considerar o valor da catequese, ou seja, um ensino ordenado e abrangente da
doutrina revelada por Deus e transmitida pela Igreja para que seja conhecida e
vivada cada vez mais profundamente.
Com sábia
oportunidade o tema do Congresso, que se refere à boa notícia da salvação, foi escolhido
com um objectivo preciso: Por uma
catequese que conduza à vida de fé. Eis o significado de todo o ensino vivo
e vital; Eis, a meta de qualquer esforço educacional para o qual, juntamente
com o sacerdote, deve tender o trabalho concorde da família e da escola: formar
cristãos convictos que conheçam a sua fé e a coloquem em prática.
Dirigimo-nos com viva confiança a esses queridos filhos: os
sacerdotes em primeiro lugar, de modo que, dignos da herança preciosa de São Carlos
Borromeo e de um São Gregório Barbarigo, considerem como o primeiro e mais
urgente dever do seu ministério o ensino
catequético, ministrado a todas as idades e todos os grupos sociais em omni patientia et doctrina [com toda a
paciência e doutrina] (2 Tim. 4.2). Lembrar
aos pais "o dever sagrado, contraído no dia do seu casamento, para buscar primeiro
lugar” a educação religiosa e moral das crianças", como um dia lhes referi
(O Ano Catequístico, em escritos e
discursos, de AJ card.
Roncalli. Vol. I).
Suplicamos aos educadores, chamados para
à alta e delicada missão de plasmar a alma dos futuros homens, que meçam a sua
responsabilidade nesta matéria. E
dizemos com doce insistência aos jovens e crianças que correspondam com toda a
docilidade aos cuidados que se lhes dispensam. Assim,
em pleno acordo, se estabelecem as bases de uma vida honesta, serena, laboriosa,
agradável a Deus e aos homens.
Veneza
tem uma bela tradição nas últimas décadas do século XIX e início do século XX. Falavam-nos
dela admirados e comovidos os sacerdotes idosos. É a tradição dos Patronatos pós-meridianos
e vespertinos que ainda mantêm a validade de uma fórmula de abordagem geral aos
jovens e crianças das paróquias, destinados a oferecer não apenas uma hora de
entretenimento agradável, mas acima de tudo, uma escola de catecismo de carácter
familiar, melhor diríamos, amigável.
Que não
se percam essas pegadas antigas; que pelo contrário, se aprofunde o sulco. E quando
se procurarem novos métodos, não se esqueça aquela experiência preciosa e sábia.
(Tradução de Orlando de Carvalho, a partir do arquivo vaticano)
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