sábado, 6 de abril de 2019

A Beleza na Oração dos Fiéis


A liturgia tem de ser realizada com qualidade e beleza.
A qualidade na liturgia é objectiva e deriva da verdade que lhe está subjacente, da fé e do amor, leia-se piedade, com que é feita.
A beleza é subjectiva porque depende do julgamento do sujeito a quem é dirigida. O fiel sentir-se-á tão mais ligado à liturgia e, através dela, a Deus, quanto maior for a sua beleza.
Não se trata pois de uma qualidade do ponto de vista técnico humano, nem de uma beleza para deleitar.
A liturgia tem como objectivo facilitar a comunicação entre o fiel e Deus, quer se trate de diálogo, de contemplação, ou outra. Como Deus é omnipotente, a liturgia serve essencialmente o fiel. Através da liturgia a pessoa deve percepcionar mais facilmente Deus, sentir e intuir o Senhor. Por outro lado, a mesma liturgia deve permitir que a pessoa seja capaz de se dirigir a Deus e sentir que o que tinha para Lhe dizer chegou lá.

Debruçamo-nos sobre um aspecto da beleza.

Oração dos fiéis.

Acontece o texto ter este aspecto:
- … oremos ao Senhor.
- Ouvi-nos Senhor.

O pleonasmo gramatical, a repetição da palavra “Senhor” não prejudica em nada a verdade da liturgia. Mas põe em causa a sua beleza, porque não soa bem aos nossos ouvidos. Por esta razão, a gramática desaconselha o uso de pleonasmos, a não ser em casos propositados de expressão estilística.

Como fazer, se o livro se apresenta assim ao leitor?

Existem duas soluções muito fáceis.

Ou o leitor diz simplesmente:
- … Oremos.

Ou diz:
- … Oremos Irmãos.

Tudo será mais fácil se o leitor cumprir o preceito de ler antecipadamente o que vai proclamar durante a missa. Melhor ainda se combinar com o Presidente da celebração qual é a expressão que ele vai escolher como resposta da Assembleia.

O Papa São João Paulo II, tal como o Patriarca de Lisboa Dom José Policarpo, forem grandes defensores desta dicotomia qualidade-beleza.

Orlando de Carvalho

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