A liturgia tem de ser realizada com qualidade e beleza.
A qualidade na liturgia é objectiva e deriva da verdade que
lhe está subjacente, da fé e do amor, leia-se piedade, com que é feita.
A beleza é subjectiva porque depende do julgamento do
sujeito a quem é dirigida. O fiel sentir-se-á tão mais ligado à liturgia e,
através dela, a Deus, quanto maior for a sua beleza.
Não se trata pois de uma qualidade do ponto de vista técnico
humano, nem de uma beleza para deleitar.
A liturgia tem como objectivo facilitar a comunicação entre
o fiel e Deus, quer se trate de diálogo, de contemplação, ou outra. Como Deus é
omnipotente, a liturgia serve essencialmente o fiel. Através da liturgia a
pessoa deve percepcionar mais facilmente Deus, sentir e intuir o Senhor. Por outro
lado, a mesma liturgia deve permitir que a pessoa seja capaz de se dirigir a
Deus e sentir que o que tinha para Lhe dizer chegou lá.
Debruçamo-nos sobre um aspecto da beleza.
Oração dos fiéis.
Acontece o texto ter este aspecto:
- … oremos ao Senhor.
- Ouvi-nos Senhor.
O pleonasmo gramatical, a repetição da palavra “Senhor” não
prejudica em nada a verdade da liturgia. Mas põe em causa a sua beleza, porque
não soa bem aos nossos ouvidos. Por esta razão, a gramática desaconselha o uso
de pleonasmos, a não ser em casos propositados de expressão estilística.
Como fazer, se o livro se apresenta assim ao leitor?
Existem duas soluções muito fáceis.
Ou o leitor diz simplesmente:
- … Oremos.
Ou diz:
- … Oremos Irmãos.
Tudo será mais fácil se o leitor cumprir o preceito de ler
antecipadamente o que vai proclamar durante a missa. Melhor ainda se combinar
com o Presidente da celebração qual é a expressão que ele vai escolher como
resposta da Assembleia.
O Papa São João Paulo II, tal como o Patriarca de Lisboa Dom
José Policarpo, forem grandes defensores desta dicotomia qualidade-beleza.
Orlando de Carvalho
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