No princípio Deus criou o Cosmos, com as matemáticas, as
leis científicas, criou os sentimentos.
Quando tudo estava pronto, Deus criou a pessoa humana e colocou-a
no lugar do Cosmos que lhe havia destinado, por ter as melhores condições de
habitabilidade.
E Deus amou intensamente a criatura humana.
Deus desejou que os homens e as mulheres fossem semelhantes
a Si, capazes de amar e espalhar amor.
Ao acentuar-se a grande distância entre Deus e os humanos,
Deus enviou para o meio das pessoas o seu próprio Filho, Jesus Cristo,
substancialmente igual ao Pai.
No final de uma curta vida na Terra, em pé de igualdade com
as outras pessoas, Jesus morreu, foi sepultado e ressuscitou. Para todos
aqueles que forem capazes de abrir o coração tanto e com tanto amor, esta é a
prova de uma nova Criação.
Na Páscoa, nós cristãos celebramos e vivemos a Ressurreição de
Jesus, e entendemos que ela é um sinal da nossa própria ressurreição. Fomos
criados para ser concidadãos da Cidade Eterna, na companhia de Deus. Jesus
ensinou-nos que não somos súbditos de Deus à semelhança dos vassalos, escravos
e cidadãos de um reino ou república como conhecemos na Terra, porque nos tocou
a bem-aventurança de sermos filhos de Deus e de Lhe podermos chamar Pai.
Este é o tempo propício para desfrutar desta felicidade.
Até 1975, em Portugal, a Sexta-feira Santa não era feriado.
Muitas pessoas participavam nas celebrações litúrgicas de toda a Semana Santa.
Então, passou a ser norma, para muitos, utilizar os dias do Tríduo Pascal e o
Domingo de Páscoa como tempo de férias, na neve, se há neve, no Algarve, se há
calor, ou em qualquer outro lugar, alguns até vão a Roma ver o Papa ou a Paris
à Disney.
A escolha pode parecer difícil. De um lado, aproveitar 4
dias para viver uma aproximação a Deus, que nos ama, e que deseja ardentemente
ter-nos junto de Si na eternidade sem fim que se seguirá à nossa morte. Por
outro lado, a opção pela certeza de aproveitar bem estes 4 dias de férias,
gozar e divertir, porque é coisa certa, ou que parece certa, em vez de esperar
com fé algo que pode vir, é quase certo que virá, mas que não temos capacidade
para validar com os nossos sentidos e inteligência. Não vimos o Céu, todos sabemos
que existe, e… vamos dizendo que não acreditamos e vamos gozando esta vida.
De costas viradas para Deus, até participamos em banquetes
em Sexta-feira Santa ou Sábado Santo.
Alguns pensam que no próximo ano haverá nova Páscoa e que há
sempre nova oportunidade para aceitar Deus e sentar no seu colo materno. Mas
ninguém sabe se viverá ainda mais um ano.
Reunidos na família, a Igreja Doméstica, e, ou, na
comunidade paroquial, celebremos o tempo da Vida, da vida na floresta e no rio,
da vida de que aves, flores e toda a Natureza dão sinal: a Vida renasce, cheia
de força, deixemo-la renascer também nos nossos corações e anunciemos aos
nossos amigos mais próximos, e a todos, esta novidade: Cristo vive! Aleluia!
Orlando de Carvalho
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