quarta-feira, 6 de abril de 2016

Jubileu da Misericórdia (3)

Cristo estabelece um Ano da Graça
 
Com o anúncio da Boa Nova por Jesus Cristo, altera-se o sentido a celebração do jubileu da Antiga Aliança.
O seguidor de Cristo pede e recebe o baptismo e adquire o estatuto de rei, profeta e sacerdote.
Rei, porque se compromete a servir o seu próximo, como um rei deve servir o seu povo, dispondo-se, por ele, a todos os sacrifícios. Profeta, porque aceita por profissão e missão anunciar a Palavra de Jesus, que conheceu pela Sagrada Escritura e por aqueles que lha comunicaram e que entende por acção do Espírito recebido no baptismo. Sacerdote, porque, conhecendo pelo mistério do baptismo recebido, as glórias e os nomes de Deus, louvará ao Senhor sempre, em todas as horas da sua vida.
Ora, servir o próximo, dispensando-lhe amor, anunciar a Misericórdia de Deus, e louvar intensamente o Senhor é a forma de celebrar o jubileu. Se os cristãos aceitarem fazê-lo todos os dias das suas vidas, então será jubileu todos os dias.

Jesus veio a Nazaré, onde se tinha criado. Segundo o Seu costume, entrou em dia de Sábado, na sinagoga e levantou-Se para ler. Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou-se-Lhe a passagem em que está escrito:
O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano de graça do Senhor.
Depois, enrolou o livro, entregou-o ao empregado e sentou-Se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos cravados nEle. Começou então a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir”. (Lc 4,16-21)

O Sábado judaico, dia consagrado ao descanso e a Deus, assume entre os cristãos uma piedosa variante. Os fiéis reúnem-se para louvar o Senhor, não no Sábado, recordando a Criação, mas no primeiro dia da semana, no Domingo – a palavra Domingo significa Dia do Senhor - para glorificar Deus, no Novo Adão, na Nova Criação, na Aliança Definitiva. No dia em que o primeiro homem ressuscitou, como prenúncio da ressurreição que nos aguarda a todos.
Importante é a reunião, em torno da Santíssima Trindade, dos fiéis, com propósito de se santificarem, orando, partilhando, renunciando ao pecado e ao fútil. Do arrependimento sincero, para o qual contribui toda a Igreja, com as suas orações e a sua própria santificação, virá a indulgência dos pecados.

O Sábado, tempo revelado por Deus ao Povo Eleito, para descanso, reflexão e encontro com a família e com Deus, é completado, ainda na revelação durante o Antigo Testamento, com o Ano Sabático e com o Jubileu. Tempo propício para o homem realizar a sua missão: santificar-se, aproximando-se da perfeição e praticando a Misericórdia, à semelhança de Deus. Amar e perdoar, tudo a todos, e com todos, tudo partilhar.
O Jubileu da Misericórdia concretiza-se na assimilação do amor entre o Pai e Jesus Cristo que anuncia e traz consigo um Ano da Graça, que já não é um ano de 365 dias, mas um tempo que dura até ao final dos tempos.
A fraqueza humana leva-nos a desvios, tal como já acontecera com o Povo de Deus, antes da vinda do Salvador. Por isso, desde 1300, os cristãos sentiram a necessidade de celebrar o Jubileu, não por imposição da Igreja, mas quase espontaneamente, como tempo de santificação.
A partir do ano 2000, o papa João Paulo II estendeu o Jubileu a todos os homens de todos os credos: Vós todos que habitais este planeta, perdoai tudo a todos, as ofensas, as dívidas, usai de misericórdia e Deus providenciará o vosso sustento, como prometido no livro do Levítico.


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