Pueros Baptizatos
Em 1973, o Papa Paulo VI, dava mais uma vez
continuidade ao Concílio Vaticano II, com a publicação de um Directório para a
Missa com a Participação de Crianças, Pueros Baptizatos (com
crianças baptizadas), em latim.
Tanto quanto sabemos este Directório não foi revogado
e está em vigor.
Porém não o conseguimos encontrar nas livrarias,
embora tenha sido publicado e utilizado em Portugal após ter sido dado pelo
Santa Papa à Igreja. Na Internet conseguimos encontrar algumas versões
brasileiras e noutras línguas, mas não em português.
Este documento é um instrumento fundamental no
trabalho de Catekese, e Liturgia que os catekistas e outros ministros e agentes
de pastoral realizam com as crianças e, por isso, deve ser divulgado o mais
amplamente possível, entre estas pessoas. Por isso o publicamos aqui.
DIRECTÓRIO
PARA MISSAS
COM CRIANÇAS INTRODUÇÃO
Pueros Baptizatos
1. A Igreja
deve, de modo especial, cuidar das crianças batizadas, cuja iniciação deve ainda
ser completada pelos sacramentos da confirmação e da eucaristia, bem como das
recém admitidas na sagrada comunhão. Hoje, as circunstâncias em que se
desenvolvem as crianças, pouco favorecem ao seu progresso espiritual. Além
disso, os pais, com frequência, deixam de cumprir as obrigações da educação
cristã, contraídas no batismo de seus filhos.
2. Quanto à formação das crianças na Igreja, surge uma dificuldade especial
pelo facto de as celebrações litúrgicas, principalmente as eucarísticas, não
poderem exercer nelas a sua força pedagógica inata. Embora já seja lícito, na
missa, fazer uso da língua materna, contudo as palavras e os sinais não estão
suficientemente adaptados à capacidade das crianças.
Na realidade as crianças, na sua vida cotidiana, nem sempre compreendem tudo o
que experimentam na convivência com os adultos, sem que isto lhes ocasione
algum tédio. Por esse motivo, não se pode pretender que na liturgia todos e
cada um de seus elementos lhes sejam compreensíveis. Poder-se-ia, entretanto,
causar às crianças um dano espiritual se, repetidamente e durante anos, elas
não compreendessem quase nada das celebrações; pois recentemente a psicologia
moderna comprovou quão profundamente podem as crianças viver a experiência
religiosa, desde sua primeira infância, graças à especial inclinação religiosa
de que gozam.
3. A Igreja, seguindo o seu Mestre, que, "abraçando... abençoava" os
pequeninos (Mc 10,16), não pode abandonar as crianças nesta situação, entregues
a si mesmas. Por este motivo, imediatamente após o Concílio Vaticano II, que já
na Constituição sobre a Sagrada Liturgia falara sobre a necessidade de uma
adaptação da liturgia para os diversos grupos, sobretudo no primeiro Sínodo dos
Bispos, realizado em Roma no ano de 1967 começou a considerar, com maior
empenho, como as crianças poderiam participar mais facilmente na liturgia.
Naquela ocasião, o presidente do Conselho Executor da Constituição sobre a
Sagrada Liturgia, utilizando palavras bem claras, disse que não se tratava, na
verdade, de "elaborar um rito inteiramente especial, mas de consertar,
abreviar ou omitir alguns elementos, ou de seleccionar alguns textos mais
adequados".
4. Depois de a Instrução Geral do Missal Romano restaurado, publicada em 1969,
ter resolvido tudo em relação à celebração eucarística com o povo, esta
Congregação, após considerar os frequentes pedidos provenientes de todo o mundo
católico, começou a preparar um Directório próprio para as missas com crianças
como suplemento desta Instrução, com a colaboração de homens e mulheres peritos
de quase todas as nações.
5. Este Directório, bem como a Instrução Geral, reservou certas adaptações às
Conferências dos Bispos ou a cada Bispo em particular.
As próprias Conferências devem propor à Sé Apostólica, para que sejam
introduzidas com o seu consentimento, conforme o artigo 40 da Constituição da
Sagrada Liturgia, as adaptações que julgarem necessárias à missa para crianças
segundo o seu parecer, visto que elas não podem constar de Directório geral.
6. O Directório visa as crianças que ainda não atingiram a idade chamada de
pré-adolescência. De per si, não se refere às crianças com impedimentos físicos
ou mentais, posto que para elas se requer geralmente uma adaptação mais
profundas; contudo, as normas seguintes podem aplicar-se também a elas, com as
devidas acomodações.
7. No primeiro capítulo do Directório (números 8 a 15) estabelece-se
como que o fundamento, onde se discorre sobre o variado encaminhamento das
crianças para a liturgia eucarística; o outro capítulo trata brevemente do caso
de missas com adultos (números 16 e 17) nas quais as crianças também
participam; finalmente o terceiro capítulo (números 20 a 54) versa mais
pormenorizadamente sobre as missas para crianças, nas quais participam apenas
alguns adultos.
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO DAS
CRIANÇAS PARA A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
8. Como não se pode cogitar de uma vida plenamente cristã sem a participação
nas acções litúrgicas, em que, reunidos, os fiéis celebram o mistério pascal, a
iniciação religiosa das crianças não pode ficar alheia a esta finalidade.
A Igreja, ao baptizar as
crianças e confiante nos dons inerentes a este sacramento, deve cuidar que os
baptizados cresçam em comunhão com Cristo e seus irmãos, cujo sinal, e penhor é
a participação na mesa eucarística, para a qual as crianças serão preparadas ou
em cuja significação mais profundamente introduzidas. Esta formação litúrgica e
eucarística não pode desvincular-se de sua educação geral tanto humana quanto
cristã; e até seria nocivo se a formação litúrgica carecesse de tal fundamento.
9. Portanto, os que têm a seu cargo a educação das crianças, devem envidar
todos os esforços para conseguirem tal empenho, a fim de que elas, embora já
conscientes de um certo sentido de Deus e das coisas divinas, experimentem,
segundo a idade e o progresso pessoal, os valores humanos inseridos na
celebração eucarística, tais como: acção comunitária, acolhimento, capacidade
de ouvir, bem como a de pedir e dar perdão, acção de graças, percepção das
acções simbólicas, da convivência fraterna e da celebração festiva.
É próprio da catequese
eucarística, conforme o n° 12, actualizar tais valores humanos de tal modo que
as crianças gradualmente abram o espírito, segundo sua idade, condições
psicológicas e sociais, para perceber os valores cristãos e celebrar o mistério
do Cristo.
10. A família cristã desempenha papel principal na transmissão destes valores
humanos e cristãos. Por este motivo a formação cristã que se oferece aos pais,
ou a outras pessoas encarregadas da educação, deve ser bem aprimorada também
levando-se em conta a formação litúrgica das crianças.
Pela consciência do dever
livremente aceite no baptismo dos seus filhos, os pais são obrigados a
ensinar-lhes gradualmente a orar, rezando diariamente com eles e procurando
fazer com que rezem sozinhos. Se as crianças, assim preparadas desde tenra
idade, participam da missa com a família, todas as vezes que o desejarem, mais
facilmente começarão a cantar e a rezar na comunidade litúrgica e até, de
alguma maneira, poderão pressentir o mistério eucarístico.
Encontrando-se os pais
arrefecidos na fé, se assim mesmo desejarem a instrução cristã dos filhos, pelo
menos que eles sejam convidados a partilhar com as crianças os valores humanos
atrás referidos e, dada a ocasião, a tomar parte tanto nas reuniões de pais
como nas celebrações não-eucarísticas que se fazem com as crianças.
11. As comunidades cristãs, a que pertence cada uma das famílias ou em que
vivem as crianças, têm um dever a cumprir para com as crianças baptizadas na
Igreja.
A comunidade cristã,
apresentando o testemunho do Evangelho, vivendo a caridade fraterna, celebrando
activamente os mistérios do Cristo, é óptima escola de instrução cristã e
litúrgica para as crianças que nela vivem.
No seio da comunidade
cristã, os padrinhos ou qualquer pessoa zelosa que colabore na educação cristã,
movida pelo ardor apostólico, pode proporcionar às famílias um grande auxílio
para catequizar devidamente as crianças.
Particularmente os jardins
de infância, as escolas católicas, assim como vários outros grupos de crianças
prestam-se para estes mesmos fins.
12. Embora a própria liturgia, por si mesma, já ofereça às crianças amplo
ensinamento, a catequese da missa merece um lugar de destaque dentro da
instrução catequética, tanto escolar como paroquial, conduzindo-as a uma
participação activa, consciente e genuína. Esta catequese, "bem adaptada à
idade e à capacidade das crianças, deve tender a que conheçam o significado da
missa por meio dos ritos principais e pelas orações, inclusive o que diz
respeito à participação da vida da Igreja''; isto refere-se, principalmente,
aos textos da própria Oração Eucarística e às aclamações, através das quais as
crianças nela participam.
Digna de especial menção é
a catequese pela qual as crianças são preparadas para a primeira comunhão.
Nesta preparação deverão aprender não só as verdades de fé sobre a Eucaristia mas também como poderão nela participar activamente com o povo de
Deus, plenamente inseridas no corpo de Cristo, tomando parte na mesa do Senhor
e na comunidade dos irmãos, depois de serem preparadas pela penitência de
acordo com a sua capacidade.
13. Celebrações de várias espécies também podem desempenhar um papel na
formação litúrgica das crianças e na sua preparação para a vida litúrgica da
Igreja. Por força da própria celebração, as crianças percebem, mais facilmente,
certos elementos litúrgicos, como a saudação, o silêncio, o louvor comunitário,
sobretudo se for cantado. Cuide-se, todavia, que estas celebrações não se
revistam de uma índole demasiadamente didáctica.
14. A Palavra de Deus deve ocupar cada vez mais um lugar de destaque nestas
celebrações, sempre adaptadas à capacidade das crianças. E ainda mais, segundo
a capacidade espiritual, mais frequentemente façam-se com elas as sagradas
celebrações propriamente ditas da Palavra de Deus, principalmente no tempo do
advento e da quaresma. Estas celebrações, com as crianças, podem favorecer em
grande escala o interesse pela Palavra de Deus.
15. Toda formação litúrgico-eucarística, feitas as devidas ressalvas, deve ser
sempre orientada para que a vida das crianças corresponda cada vez mais ao
Evangelho.
CAPÍTULO II
MISSAS DE
ADULTOS, NAS QUAIS TAMBÉM
AS CRIANÇAS
PARTICIPAM
16. Em muitos lugares, principalmente aos domingos e nos dias de festa, celebram-se
missas paroquiais em que não poucas crianças participam juntamente com grande
número de adultos. Nestas ocasiões, o testemunho dos fiéis adultos pode ter
grande efeito junto delas. Mas também eles recebem um proveito espiritual ao
perceber, em tais celebrações, o papel que as crianças desempenham na
comunidade cristã. Se nestas missas participam as crianças juntamente com os
seus pais e outros parentes, fomenta-se de grande modo o espírito cristão da
família.
As próprias criancinhas,
que não podem ou não querem participar na missa, podem ser apresentadas no
final da mesma para receber a bênção juntamente com a comunidade, depois de,
por exemplo, algumas pessoas auxiliares da paróquia as terem entretido durante
a missa, em lugar separado.
17. Entretanto, nas missas deste género, deve precaver-se cuidadosamente que
as crianças não se sintam esquecidas em virtude da incapacidade de participar e
entender aquilo que se realiza e proclama na celebração. Leve-se, pois, em
consideração a sua presença, por exemplo, dirigindo-se a elas com certas
monições apropriadas no começo e no final da missa, em alguma parte da homilia,
etc.
Mais ainda, de vez em
quando, se o permitirem as circunstancias do lugar e das pessoas, pode ser
conveniente celebrar com as crianças a Liturgia da Palavra com a sua homilia,
em lugar separado, mas não distante demais, e logo ao iniciar-se a Liturgia
Eucarística, sejam reunidas aos adultos, no lugar onde estes celebraram a
Liturgia da Palavra.
18. Pode ser de grande utilidade confiar às crianças alguns ofícios nestas
missas, como, por exemplo, levar as oferendas, executar um ou dois cantos da
missa.
19. Algumas vezes, se são muitas as crianças que participam nestas missas,
convirá organizá-las de forma mais adequada a elas. Neste caso a homilia será
dirigida a elas, porém de forma que seja também proveitosa para os adultos.
Além das adaptações previstas no ordinário da missa, podem-se também introduzir
nas missas para adultos, com a participação também das crianças, algumas das
que se indicarão no capítulo seguinte, se o Bispo permitir.
CAPÍTULO III
MISSAS DE
CRIANÇAS, NAS QUAIS SOMENTE
ALGUNS
ADULTOS PARTICIPAM
20. Além das missas em que tomam parte as crianças juntamente com os seus pais
e alguns familiares, e que nem sempre e nem em qualquer lugar podem ser
realizadas, recomendam-se, sobretudo durante a semana, celebrações de missas
somente para crianças, com a participação apenas de alguns adultos. Desde o
início da restauração litúrgica, viu-se a necessidade de adaptações especiais
para estas missas, de que se falará mais à frente e de forma geral.
21. Deve ter-se sempre presente que tais celebrações eucarísticas devem
encaminhar as crianças para as missas de adultos, principalmente para a missa
dominical, que reúne toda a comunidade cristã. Portanto, além das adaptações
necessárias por causa da idade dos participantes, não se pode chegar a ritos
completamente especiais que demasiadamente difiram do ordinário da missa
celebrada com o povo. A finalidade de cada um dos elementos deve corresponder
ao que se determina sobre eles na Instrução Geral do Missal Romano, ainda que
alguma vez, por razões pastorais, não se possa conservar sua igualdade
absoluta.
OFÍCIOS E MINISTÉRIOS DA CELEBRAÇÃO
22. Os princípios da participação activa e consciente valem, de certa maneira,
"a fortiori", se as missas são celebradas com crianças.
Portanto, tudo se faça para fomentar e tornar mais viva e profunda esta
participação. Para este fim, confiem-se ao maior número de crianças, ofícios
especiais na celebração, tais como: preparar o lugar e o altar (cf. nº. 29),
assumir o ofício de cantor (cf. nº. 24), cantar no coro, tocar algum
instrumento musical (cf. nº. 32), proclamar as leituras (cf. nº. 24
e 47), responder durante a homilia (cf. nº. 48), recitar as intenções da oração
dos fiéis, levar as oferendas para o altar, e outras acções semelhantes segundo
os costumes dos diversos povos (cf. nº. 34).
Certas
adições podem favorecer, algumas vezes, a participação, como por exemplo:
explicar as motivações para a acção de graças antes de o sacerdote iniciar o
diálogo do Prefácio. Em tudo isto, leve-se em conta que as acções externas
podem tornar-se infrutuosas, e até chegar a ser nocivas, se não favorecerem a
participação interna das crianças. Por isso o sagrado silêncio também tem a sua
importância nas missas para crianças (cf. nº 37). Atenda-se, com grande
cuidado, a que as crianças não se esqueçam de que todas estas formas de
participação têm seu ponto mais alto na comunhão eucarística, na qual o corpo e
o sangue de Cristo são recebidos como alimento espiritual.
23. O sacerdote que celebra a missa com as crianças esmere-se de todo o
coração para fazer uma celebração festiva, fraterna e favorável à meditação;
pois, mais que nas missas com adultos, estas disposições dependem da forma de
celebrar do sacerdote, de sua preparação pessoal e mesmo de sua forma de actuar
e de falar. Sobretudo, atenda à dignidade, clareza e simplicidade dos gestos.
Ao falar às crianças procurará expressar-se de tal maneira que o entendam
facilmente, evitando, porém, expressões demasiadamente pueris.
As
monições facultativas hão-de conduzir as crianças a uma participação litúrgica
autêntica e não se tornarem explicações meramente didácticas.
Para
mover os corações das crianças, ajudará muito se o sacerdote empregar as suas
palavras nas monições, por exemplo, do acto penitencial, antes das orações
sobre as oferendas, ao Pai nosso, ao dar a paz, ou ao distribuir a comunhão.
24. Como a Eucaristia é
sempre uma acção de toda a comunidade eclesial, convém que participem na missa
também alguns adultos, não como vigias, mas orando com as crianças e para lhes
prestar a ajuda que seja necessária.
Nada impede
que um dos adultos que participam da missa com as crianças, lhes dirija a
palavra após o Evangelho, com a aprovação do pároco ou do reitor da Igreja,
sobretudo se ao sacerdote se torna difícil adaptar-se à mentalidade das
crianças. Sigam-se, neste assunto, as normas da Sagrada Congregação para o
Clero.
Também nas
missas com as crianças se deve fomentar a diversidade de ministérios, a fim de
que a celebração evidencie sua índole comunitária. Os leitores e os cantores,
por exemplo, podem ser escolhidos dentre as crianças ou os adultos. Deste modo,
pela variedade de vozes, evitar-se-á também a monotonia.
LUGAR E TEMPO DA CELEBRAÇÃO
25. A igreja é o lugar principal para a celebração eucarística com as
crianças, porém, escolha-se nela um lugar à parte, se for possível, no qual as
crianças, segundo o seu número, possam actuar com liberdade, de acordo com as
exigências de uma liturgia viva e adequada à sua idade.
Se a
igreja não corresponde a estas exigências, será preferível celebrar a Eucaristia com as crianças noutro lugar que seja digno e apto para a celebração.
26. Para as missas com as crianças, escolha-se o dia e a hora mais
conveniente, segundo as circunstâncias em que vivem, de modo que estejam nas
melhores condições para escutar a Palavra de Deus e para celebrar a Eucaristia.
27. Durante a semana, as crianças podem participar com maior proveito e menor
risco de aborrecimento na celebração da missa, se não se celebra todos os dias
(por exemplo, nos internatos); além disso, havendo mais tempo entre uma
celebração e outra, pode preparar-se melhor.
Nos demais
dias, é preferível uma oração em comum, em que as crianças podem participar com
mais espontaneidade, ou uma meditação comunitária, ou uma celebração da Palavra
de Deus que prolongue as celebrações eucarísticas anteriores e prepare para
celebrar mais profundamente as seguintes.
28. Quando é muito grande o número das crianças que celebram a Eucaristia torna-se mais difícil uma participação atenta e consciente. Por isso,
podem estabelecer-se vários grupos, não estritamente segundo a idade, mas
levando-se em conta seu nível de formação religiosa e sua preparação
catequética.
Durante a
semana, será oportuno convidar os diversos grupos, em dias distintos, para a
celebração do sacrifício da missa.
PREPARAÇÃO
DA CELEBRAÇÃO
29. Toda celebração eucarística com crianças, principalmente no que se refere
às orações, cantos, leituras e intenção da prece dos fiéis, deve ser preparada
a tempo e com diligência, em diálogo com os adultos e com as crianças que vão
exercer algum ministério na celebração. Convém dar às crianças uma participação
directa na preparação e ornamentação, tanto do lugar da celebração como dos
objectos necessários, tais como o cálice, a patena, as galhetas, etc.
Tudo isto
contribui para fomentar o sentido comunitário da celebração, sem, contudo,
dispensar uma justa participação interna.
MÚSICA E
CANTO
30. O canto, de grande importância em todas as celebrações, sê-lo-á mais ainda
nas missas celebradas com as crianças, dado o seu peculiar gosto pela música.
Portanto, deve-se fomentá-lo por todas as formas, levando-se em conta a índole
de cada povo e as aptidões das crianças presentes.
Sempre que
possível, as aclamações, especialmente as que pertencem à Oração Eucarística,
de preferência sejam cantadas pelas crianças; caso contrário, sejam recitadas.
31. Para facilitar a participação das crianças no canto do "Glória",
"Creio", "Santo" e "Cordeiro de Deus", é lícito
adoptar as composições musicais apropriadas com versões populares aceites pela
autoridade competente, ainda que literalmente não estejam de acordo com o texto
litúrgico.
32. Também nas missas para crianças, "os instrumentos musicais podem ser
de grande utilidade", principalmente se tocados pelas próprias crianças.
Eles contribuem para sustentar o canto ou para nutrir a meditação das crianças;
ao mesmo tempo exprimem, à sua maneira, a alegria festiva e o louvor de Deus.
Deve
tomar-se sempre cuidado para que a música não predomine sobre o canto, ou sirva
mais de distracção que de edificação para as crianças; é preciso que
corresponda à necessidade de cada momento em que se faz uso da música durante a
missa.
Com as
mesmas cautelas, com a devida seriedade e peculiar prudência, a música
reproduzida por meios técnicos também pode ser adoptada nas missas para
crianças, conforme as normas estabelecidas pelas Conferências dos Episcopais.
OS GESTOS
33. É necessário, nas missas com crianças, fomentar com diligência a sua
participação por meio dos gestos e das atitudes corporais, segundo a sua idade
e os costumes locais. Isto é recomendado pela própria natureza da liturgia,
como acção de toda a pessoa humana, e também pela psicologia infantil. Têm
grande importância não só as atitudes e os gestos do sacerdote, mas também, e
mais ainda, a forma como se comportar o grupo de crianças no seu conjunto.
Se a
Conferência Episcopal adaptar ao particular de cada povo, segundo a norma da
Instituição Geral do Missal Romano, os gestos que são feitos na Missa, que leve
em conta também a situação especial das crianças ou determine as adaptações
feitas só para elas.
34. Entre os gestos, merecem menção especial as procissões e outras acções que
implicam a participação do corpo.
A entrada
processional do sacerdote juntamente com as crianças pode ser útil para
fazê-las sentir melhor o vínculo de comunhão que então se estabelece; a
participação, ao menos de algumas crianças, na procissão do Evangelho, torna
mais significativa a presença de Cristo que proclama a Palavra ao seu povo; a
procissão das crianças com o cálice e as oferendas expressa melhor o sentido da
preparação dos dons; a procissão da comunhão, bem organizada, ajudará a
aumentar a piedade das crianças.
ELEMENTOS
VISUAIS
35. A própria liturgia da missa contém muitos elementos visuais a que se deve
dar grande importância nas celebrações para crianças. Merecem especial menção
certos elementos visuais próprios dos diversos tempos do ano litúrgico, por
exemplo: a adoração da cruz, o círio pascal, as velas na festa da Apresentação do
Senhor, a variação de cores e ornamentações litúrgicas.
Além destes
elementos visuais próprios da celebração e do seu ambiente, introduzam-se,
oportunamente, outros que ajudem as crianças a contemplar as maravilhas de Deus
na criação e na redenção e sustentem visualmente a sua oração.
Nunca a
liturgia deverá aparecer como algo árido e somente intelectual.
36. Por esta mesma razão, pode ser útil o emprego de imagens preparadas pelas
próprias crianças, como, por exemplo, para ilustrar a homilia, as intenções da
oração dos fiéis ou para inspirar a meditação.
O SILÊNCIO
37. Também nas missas para crianças, o silêncio, como parte da celebração,
há-de ser guardado a seu tempo", para que não se atribua parte excessiva à
actividade externa; pois as crianças também, a seu modo, são realmente capazes
de fazer meditação. Contudo, necessitam ser guiadas convenientemente a fim de
que aprendam, de acordo com os diversos momentos (por exemplo, depois da comunhão
e depois da homilia), a concentrar-se em si mesmas, meditar brevemente, ou a
louvar e rezar a Deus no seu coração.
Além disso,
deve procurar-se — precisamente com mais cuidado que nas missas com adultos —
que os textos litúrgicos sejam proclamados sem precipitação, em forma clara e
com as devidas pausas.
AS PARTES DA
MISSA
38. Respeitando sempre a estrutura geral da missa, que "consta de certa
maneira de duas partes, a saber: Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística, e
também de alguns ritos que iniciam e concluem a celebração", dentro das
diversas partes da celebração parecem necessárias as seguintes adaptações para
que as crianças realmente, "por meio dos ritos e das orações",
segundo as leis da psicologia da infância, experimentem, à sua maneira, "o
mistério da fé".
39. A fim de que a missa para crianças não seja demasiadamente diferente da
missa com adultos, alguns ritos e textos nunca devem ser adaptados às crianças,
como "as aclamações e respostas dos fiéis às saudações do sacerdote",
o Pai nosso, a fórmula trinitária na bênção final com que o sacerdote conclui a
missa. Recomenda-se que paulatinamente as crianças se vão acostumando ao
Símbolo Niceno-Constantinopolitano, além do uso do Símbolo dos Apóstolos (vide
nº. 49).
a) Ritos iniciais
40. Uma vez que o rito inicial da missa tem por finalidade "que os fiéis
reunidos constituam uma comunidade e se disponham a ouvir atentamente a Palavra
de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia deve procurar-se suscitar estas disposições nas crianças,
evitando-se a dispersão na multiplicidade dos ritos propostos.
Por isso, é
perfeitamente permitido omitir um ou outro elemento do rito inicial, ou talvez
desenvolver mais um deles. Porém sempre haja pelo menos um elemento
introdutório que seja concluído pela colecta. Na escolha, cuide-se que cada
elemento apareça a seu tempo e nenhum seja sempre desprezado.
b) Proclamação e explicação da Palavra de Deus
41. Como as leituras da Sagrada Escritura constituem "a parte principal
da liturgia da Palavra", nunca pode faltar a leitura da Bíblia mesmo nas
missas para crianças.
42. Em relação ao número das leituras para os domingos e dias de festa, devem
ser observadas as normas dadas pelas Conferências Episcopais. Se as três ou as
duas leituras previstas para os domingos ou dias da semana não podem, senão com
dificuldade, ser compreendidas pelas crianças, convém ler somente duas ou uma
delas; entretanto, nunca falte a leitura do Evangelho.
43. Se todas as leituras determinadas para o dia não forem adequadas à
compreensão das crianças, é permitido escolher as leituras, quer a leitura seja
do Leccionário do Missal Romano, quer seja directamente da Bíblia, mas
levando-se em conta os diversos tempos litúrgicos. Recomenda-se, porém, às
Conferências Episcopais que elaborem leccionários próprios para as missas com
crianças.
Se, por causa da capacidade das
crianças, parecer necessário omitir um ou outro versículo da leitura bíblica,
far-se-á com cautela e de tal maneira que "não se mutile o sentido do
texto ou a mente e o estilo da Escritura''.
44. Entre os critérios de selecção dos textos bíblicos, há que se pensar mais
na qualidade que na quantidade. Uma leitura breve nem sempre é por si mesma a
mais adequada à capacidade das crianças do que uma leitura mais prolongada.
Tudo depende da utilidade espiritual que a leitura lhes pode proporcionar.
45. Evitem-se as paráfrases da Sagrada Escritura uma vez que no próprio texto
bíblico "Deus fala a seu povo... e o próprio Cristo, por sua palavra, se
acha presente no meio dos fiéis". Recomenda-se, entretanto, o uso de
versões talvez existentes para a catequese das crianças e que tenham sido
aprovadas pela autoridade competente.
46. Entre uma leitura e outra devem cantar-se alguns versículos de salmos
escolhidos cuidadosamente para a melhor compreensão das crianças, ou um canto
ao estilo dos salmos, ou o "Aleluia" com um verso simples. Porém as
crianças devem tomar sempre parte nestes cantos. Nada impede que um silêncio meditativo
substitua o canto.
Se
for escolhida somente uma única leitura, o canto poderá ser executado depois da
homilia.
47. Grande importância merecem os diversos elementos que servem para a melhor
compreensão das leituras bíblicas, a fim de que as crianças possam assimilá-las
e compreendam, cada vez melhor, a dignidade da Palavra de Deus.
Entre estes
elementos estão as monições que precedem as leituras e dispõem as crianças para
ouvir atenta e frutuosamente, seja explicando o contexto, seja conduzindo ao
próprio texto. Se a missa é do santo do dia, para a compreensão e ilustração
das leituras da Sagrada Escritura, pode narrar-se algo referente à vida do
santo não só na homilia, como também nas monições antes das leituras bíblicas.
Quando o
texto da leitura assim o permitir, pode ser útil distribuir entre várias
crianças as suas diversas partes, tal como se costuma fazer para a proclamação
da paixão do Senhor na semana santa.
48. Em todas as missas com crianças deve dar-se grande importância à homilia,
pela qual se explica a Palavra de Deus. A homilia destinada às crianças pode
realizar-se, algumas vezes, em forma de diálogo com elas, a não ser que se
prefira que escutem em silêncio.
49. Quando no final da Liturgia da Palavra se recita o credo, pode
empregar-se com as crianças o Símbolo dos Apóstolos, posto que faz parte de sua
formação catequética.
c ) Orações presidenciais
50. Para que as crianças possam realmente associar-se ao celebrante nas
orações presidenciais, o sacerdote pode escolher os textos mais aptos do Missal
Romano, levando em conta, entretanto, o tempo litúrgico.
51. Algumas vezes não basta esta livre escolha, para que as crianças possam
considerar as orações como expressão de sua própria vida e de sua experiência religiosa,
pois as orações foram feitas para os fiéis adultos. Neste caso nada impede que
se adapte o texto do Missal Romano às necessidades das crianças,
respeitando-se, entretanto, a sua finalidade e, de certa maneira, a sua
substância, e evitando-se tudo o que é estranho ao género literário de uma
oração presidencial, como, por exemplo, exortações moralizantes e formas de
falar demasiado pueris.
52. Na Eucaristia celebrada com as crianças, o mais importante deve ser a Oração
Eucarística que é o ponto alto de toda a celebração. Muito depende da maneira
como o sacerdote recita esta Oração e da forma como as crianças nela
participam, escutando em silêncio e por meio de aclamações.
A própria
disposição de ânimo que este ponto central da celebração requer, a tranquilidade
e reverência com que tudo se executa, devem levar as crianças a manter o máximo
de atenção na presença real de Cristo no altar sob as espécies do pão e do
vinho, na sua oferta, na acção de graças por Ele, com Ele e nEle, e na oblação
da Igreja que então se realiza e pela qual os fiéis se oferecem a si mesmos e
sua vida inteira com Cristo ao Pai Eterno na unidade do Espírito Santo.
Por enquanto,
empregar-se-ão somente as quatro Orações Eucarísticas aprovadas pela autoridade
suprema para as missas com adultos e introduzidas no uso litúrgico, enquanto a
Sé Apostólica não dispuser outra coisa para as missas com crianças.
d) Ritos antes da comunhão
53. Terminada a Oração Eucarística, segue-se sempre o Pai nosso, a fracção do
pão e o convite para a comunhão, pois estes elementos são de grande importância
na estrutura desta parte da missa.
e) A comunhão e os ritos seguintes
54. Tudo deve desenrolar-se de tal maneira que as crianças já admitidas à
comunhão, devidamente dispostas, com tranquilidade e recolhimento se acerquem
da mesa sagrada e participem plenamente no mistério eucarístico. Se for
possível, entoar-se-á um canto adequado às crianças, durante a procissão da
comunhão.
A monição que precede a bênção final é muito importante nas missas
com crianças, porque elas necessitam que, antes de despedi-las, se lhes dê, em
breves palavras, uma certa repetição e aplicação do que ouviram. É sobretudo
neste momento que convém fazê-las compreender o nexo entre a liturgia e a vida.
Pelo menos
algumas vezes, por ocasião dos tempos litúrgicos e em certos momentos da vida
das crianças, o sacerdote utilizará as formas mais ricas de bênção, porém
conservando sempre a fórmula trinitária com o sinal da cruz no fim.
55. Tudo o que contém este Directório visa a que as crianças, celebrando
a Eucaristia sem dificuldade e com alegria, possam ir unidas ao encontro do
Cristo e estar com ele diante do Pai. E assim formadas pela participação
consciente e activa no sacrifício e no banquete eucarístico, aprendam cada vez
mais a anunciar o Cristo dentro e fora de sua casa, entre os seus familiares e
companheiros, vivendo a fé que "opera pela caridade".
Este
Directório, preparado pela Sagrada Congregação para o Culto Divino, foi aprovado
e confirmado no dia 22 de Outubro de 1973 pelo Sumo Pontífice Paulo VI que ordenou sua publicação.
Da sede da
Sagrada Congregação para o Culto Divino, 1º de Novembro de 1973, solenidade de Todos os Santos.
Por especial
mandato do Sumo Pontífice
JEAN CARDEAL
VILLOT - Secretário de Estado
† A. BUGNINI
- Arcebispo de Diocleciana
Secretário
da S. C. para o Culto Divino
Publicado por Orlando de Carvalho
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