quarta-feira, 28 de junho de 2017

Opções na escrita da Bíblia




Há tantos fiéis, gente piedosa, praticante da caridade e temente a Deus, que não lê a Bíblia, outras que nunca leram e muitos que nem sabem sequer como lê-la.
Há tantas pessoas que passam o tempo com a Bíblia na mão, que decoram frases soltas da Bíblia, a mando de certos chefes religiosos, e que vivem numa campânula, alheadas da realidade e da Palavra de Deus.
As palavras escritas na Bíblia são importantes, mas apenas enquanto ferramenta de Deus para fazer chegar até nós a sua Palavra. Quem se apega à tinta com que foram desenhadas as letras que compõem cada palavra ou qualquer palavra da Bíblia, não pode chegar a Deus, porque Deus é Amor, Deus não é tinta de escrever, Deus não é letra, Deus é o Criador.
Altera a vírgula à Palavra de Deus quem a descontextualiza ou se aproveita de uma má tradução para a manipular a seu favor, porque se a vírgula lá faltar mas o sentido da Palavra, a exortação à prática contínua e apaixonada do Amor, se mantiver, não existiu falsificação na Palavra de Deus.

Consultámos os Evangelho, nas suas quatro versões, e procurámos o nome de qualquer cor. É muitíssimo escassa a citação de cores e nunca se referem a uma opção.
·       Vermelho
o   Mateus 16,2-3: Jesus refere-se a esta cor para falar acerca das previsões meteorológicas que os homens fazem, a partir do tom vermelho do sol.
o   Mateus 27,28.31 e João 19,2.5: Os evangelistas citam esta cor para definir o manto que, durante a Paixão, vestiram a Jesus para o torturarem e enfatizarem o sofrimento do Senhor.
·       Verde
o   Lucas 23,31: Jesus para ilustrar uma alusão escatológica refere diferenças entre a árvore seca e a árvore verde.
·       Preto e branco
o   Mateus 5,36: Há uma referência ao facto de os cabelos serem brancos ou pretos.
o   Marcos 16,5 e João 20,12: Há uma referência à cor branca que vestiam as personagens presentes no túmulo vazio.

Também é muito limitado o uso do verbo gostar, no Evangelho. Encontrámos as citações seguintes e poderão existir mais algumas, mas muito poucas.
·       Verbo “gostar”
o   Marcos 6,20: Herodes, que mandou matar João Baptista, gostava dele.
o   Mateus 6,5 e Mateus 23,6-7 e Marcos 12,38-39 e Lucas 20,46: São várias alusões que Jesus faz aos que gostam de se evidenciar, criticando esta atitude.

Suponhamos agora que existia no Evangelho um relato em que Jesus declarava, durante uma refeição que não gostava de alperces. Isso acabaria por se transformar numa espécie de maldição para essa fruta. Escrever-se-iam talvez tratados sobre os malefícios dos alperces. Quem sabe quantos não teriam experimentado a fogueira durante a Idade Média por comerem alperces. Até o número 13 virou azarado depois da Última Ceia! Quantas vezes não foi necessário arranjar um décimo quarto conviva ou sentar um dos treze presentes, normalmente uma criança, numa mesa à parte para evitar o azar de se reunirem treze pessoas à mesa?
Esta prudência de evitar más interpretações que está presente em todas as versões evangélicas não pode ser atribuída aos seus autores, não é crível que pudessem fazer tamanha antecipação no tempo. O texto evangélico é, de facto, inspirado pelo Espírito Santo e nele está presente a precaução de não levar as pessoas à confusão. Ainda assim, são muitos aqueles que tomam a parte pelo todo e os que se obstinam em tomar a tinta com que se escreve pela real Palavra de Deus. É desta forma que nasce grande parte das seitas e de comunidades que vivem erroneamente a revelação de Deus.
A mensagem do Evangelho é só uma: Amor. Só amando podemos entrar na intimidade de Deus. Tudo o mais é futilidade, frivolidade, pueril.
Já sabemos que a Porta é estreita, portanto, se pretendermos mesmo entrar, despojemo-nos de todos os anéis, de preconceitos, não inchemos o cérebro com invenções humanas, mas atendamos apenas às recomendações de Deus, porque elas nos encherão do próprio Deus que se nos dá e nos enche, como que repartindo connosco a sua divindade.
É Deus quem abençoa, é Deus quem salva. Vestes e regras sem fim atrapalham e não procedem de Deus, porque Deus é humilde e simples, ajoelha diante de nós e lava-nos os pés. Isso nos devia bastar, isso devia ser a grande causa da nossa alegria, ensinar isso aos outros devia ser o nosso ímpeto.

Orlando de Carvalho

2 comentários:

  1. Não percebo a aversão ao nº 13 . Jesus + 12 Apostolos = 13

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  2. Existe uma "ciência" do significado dos números. O número 13 é o do azar. Nos hotéis, por exemplo, não há quartos com o número 13. Esta crença de que o número 13 dá azar resultou de se acreditar que na Última Ceia estariam à mesa os 12 Apóstolos mais Jesus, portanto 13 pessoas. Daí, extrapolou-se que sempre que 13 pessoas estivessem sentadas à mesa, a comer uma refeição, nunca mais voltariam a sentar-se à mesa, como aconteceu na Última Ceia, pois Jesus morreu logo a seguir e Judas Iscariotes pouco depois. Então, por causa desse temor que se gerou do mal que derivaria de se juntarem 13 pessoas à mesa, muitas pessoas nunca se sentam a uma refeição em que os convivas sejam 13. Quando são 13, ou vão buscar mais um ou sai um dos que deviam estar à mesa. Em minha casa, por coincidência, a dada altura, éramos muitas vezes 13! Daqui se generalizou a ideia de que o número 13 dá azar. E o fundamento desta crença parte precisamente da Bíblia, como expliquei. Isto é, de uma interpretação abusiva da Bíblia.

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