segunda-feira, 12 de julho de 2021

São José é o terror dos demónios (Ano de São José e da Família)


 

São José é o terror dos demónios

 

Esta afirmação é talvez a mais importante que proclamamos na Ladainha de S. José, porque contém tudo o que é importante acerca deste homem escolhido por Deus para a mais bela missão e ao mesmo tempo a mais delicada e mais perigosa.

Ser guardião de Jesus, Filho de Deus Pai, e simultaneamente de sua Mãe santíssima e virgem é ser cofre da maior beleza deste mundo e do Paraíso. É uma missão delicada porque não permitiu a José qualquer falha: nenhum mal podia atingir Jesus ou Maria e por isso também se tornou uma missão perigosa.

Sendo que Jesus é Deus, embora não de modo visualmente explícito, os demónios pressentem-no e contra o Redentor tentaram e tentam todas as manobras que conseguem imaginar para que Ele não cumpra a sua missão de salvar todas as pessoas e, mais que isso, como ensinam as Sagradas Escrituras, salvar todas as criaturas, renovando-as e encetando uma Nova Criação com o domínio sobre a morte expresso na Ressurreição.

Jesus é Deus, filho de Deus, e partilha aquela mesma substância que é própria e exclusiva do Pai. Existe uma continuidade substancial entre o Pai e Jesus, que se prolonga no Espírito Santo, como sabemos.

José recebe a missão de custodiar Jesus que não se resume àquela criança gerada no seio de Maria, José deve guardar Jesus em todos os seus aspectos, tornando-se assim guardião do Evangelho, do Cristo, dos doentes, dos moribundos, da Santa Igreja, da Salvação de todas as pessoas, dos pobres, dos aflitos, dos mais frágeis, nos quais Jesus ensinou que reside.

Se José não tivesse acreditado na revelação de Deus e tivesse rejeitado a sua mulher que sem terem vivido maritalmente, estava grávida, Maria teria sido amaldiçoada pela sociedade, vizinhos, amigos, familiares, chefes religiosos. Não fosse José, como teria o Menino Deus, na sua frágil humanidade, sido salvo da ira do Rei Herodes, corrupto, invejoso, não temente e desobediente a Deus, pronto a transgredir a lei e a matar para conquistar e manter o poder temporal? Sabemos que José foi amparo de Maria e do Menino na recepção aos pastores e aos magos, na apresentação no Templo, naquela “fuga” de Jesus, aos doze anos de idade, mas recordamos sempre que ele foi o amparo material daquela família de Deus? Que juntamente com Maria foi o catequista do Filho de Deus?

A Igreja é o Corpo de Cristo e Deus Pai confiou a José a guarda de Jesus, logo da Igreja, que viria a nascer. S. José é nosso guardião na medida em que somos Igreja, cada um de nós é parte da Igreja e, por essa razão, Corpo de Cristo. São José não ostenta o título de Protector da Igreja porque algum teólogo ou algum Papa entendeu que esse seria um bonito título: Foi Deus Pai que lhe conferiu tal nomeação. E Jesus, Deus Filho, acatou-a:

- Jesus desceu então com seus pais (Maria e José) para Nazaré e obedecia-lhes. (Lucas 2,51)

 

Quem são os demónios, quem é o Diabo? Em primeiro lugar são a ausência de Deus. Só a ausência de Deus permite o pecado, porque onde está Deus não pode haver pecado. Os demónios, somos nós, muitas vezes. Cada um é provavelmente o seu maior demónio. Quando mentimos, roubamos, transgredimos a lei de Deus, quando não socorremos uma pessoa aflita, um irmão frágil e fraco, sempre que tapamos os ouvidos à voz do Espírito Santo que nos diz no mais íntimo do nosso ser para não seguirmos certo caminho ou certo procedimento, e fazemos como nos agrada mais à carne, ao instinto que se opõe à vontade do Senhor, chutamos Deus para fora do nosso coração, da nossa vida. E ficamos abandonados. Como náufragos, precisamos de um salva-vidas, temos sempre disponível uma bóia especial: São José. O venerável S. José é o terror dos demónios: estes querem afastar-nos da proximidade de Jesus, enfraquecendo-O; Ora, S. José aproxima-nos de Jesus, despedaça as conjecturas dos demónios e os próprios demónios sucumbem. Não desperdicemos a bóia, não vá acontecer afogarmo-nos no abismo imenso, e ficarmos privados da visão de Deus e da sua misericórdia.

 

Orlando de Carvalho