segunda-feira, 31 de julho de 2017

Coisas que eu comemoro com Deus e contigo



As pessoas comemoram o aniversário natalício. Recordam também o aniversário da morte de familiares e amigos.
Nos momentos difíceis, todos pedimos a protecção divina. Os que conhecem Deus invocam-nO pelo seu nome, outros suplicam aos Céus ou invocam a Sorte, falam mesmo de uma Fé, não se sabe em quê ou em quem, mas como existe apenas um Senhor e Criador, todos nos dirigimos intimamente, com maior ou menor consciência, ao mesmo e único Deus.
Passada a dificuldade, curada a doença ou afastada a suspeita, quando tudo se resolve, é normal agradecer a Deus a graça recebida, mas também é frequente esquecer-se o Obrigado, como aconteceu quando Jesus curou 10 leprosos e apenas um voltou para agradecer, tendo os restantes nove sumido.
Passado um ano sobre a cirurgia, a única coisa que me ocorreu foi comemorar a graça da cura recebida. Assim tem acontecido ao longo destes 23 anos. Alegramo-nos, comemoramos e damos graças.
Como é possível perder tempo no aniversário da morte de alguém e deixar cair no esquecimento a efeméride de uma graça recebida.
Em nossa casa comemoramos esta data em que recebemos de Deus a graça de uma cura. Sugiro a todas as pessoas que recebem grandes graças que as agradeçam, logo na hora, e que as comemorarem ao longo dos anos vindouros. Para que Deus se lembre que não O esquecemos, que nos lembramos sempre do amor com que o Senhor nos presenteou.
Graças, Te dou, Senhor, meu Deus, por nesta data teres conservado a vida da mãe das minhas filhas, há muitos anos atrás. Graças!

Orlando de Carvalho

domingo, 30 de julho de 2017

Andreia no caminho do Ministro



A simplicidade da Andreia desarma. Pergunta sem vergonha, esclarece sem denotar qualquer tom professoral ou esclarecido, enfim, a jovem abre a sua vida com tal ingenuidade que chega a parecer ousadia.
Na ala de psiquiatria onde se encontra internada, Andreia é bem conhecida pelos cuidadores, devido à sua maneira de ser e de estar. Nem parece doente mental, a não ser talvez pela inocência com que se apresenta.
Antes que surja a vontade de perguntar a que se deve a sua estadia naquele lugar, a jovem explica sucintamente a história da sua vida.
Interrompeu o percurso escolar já na fase universitária em consequência de mais um ataque de bullying de que foi vítima. Os anteriores já tinham motivado várias consultas e cuidados no âmbito psiquiátrico.
Andreia contactou pouco com o mundo exterior à família, mas isso não impediu que tivesse tido a oportunidade de experimentar grandes sofrimentos, especialmente do foro psicológico e espiritual.
A separação dos pais, por causa da amante do pai, como enfatiza no seu relato, não foi uma situação normal, como tantas outras, mas traumatizante para a menina.
Ela esteve perto dos avós, acompanhando-os até morrerem quase centenários, passando por todas as situações inerentes a tão avançada idade.
Em relação à mãe, a morte deixou uma marca ainda mais saliente. Andreia consegue relatar com aparente insensibilidade os sinais clínicos da falência da mãe, incluindo os últimos minutos e segundos.
E sabe uma série de nomes de doenças mentais que lhe estão diagnosticadas ou de que padeceu anteriormente. O seu problema actual parece ser uma espécie de dificuldade em se integrar em qualquer ambiente de trabalho com medo de ser atingida por práticas de bullying. O único trabalho remunerado que refere são serviços de limpeza em casa de um irmão.
Foi educada na Igreja, o que sabemos porque a nossa presença ali é para lhe levar a comunhão, a seu pedido.
Quando na breve celebração nos preparamos para escutar a leitura do capítulo 3 do primeiro livro dos Reis, em que é relatado o sonho de Salomão e o pedido que o rei fez a Deus e fazemos uma também breve admonição sobre a Sabedoria, Andreia interrompe-nos e pede que lhe ditemos todos os sete dons do Espírito Santo, que ela escreve numa folha que tinha em cima da cama, anotando também a explicação do significado de cada um deles. Para alguns dos dons, ela mesma antecipa definições, umas mais acertadas que outras. E vai agradecendo todos os ensinamentos. No final da Leitura, antes que façamos algum comentário, ela interrompe:
- Não entendi bem essas palavras. Pode explicar?
Gostou de uma estampa de Nossa Senhora da Encarnação, com a oração do Ângelus, que usávamos como marcador no missal, e, sem a pedir, impõe que lha ofereçamos.

Muitos fiéis não entenderam ainda a mensagem evangélica, inspirada pelo Espírito Santo e que está contida nas conclusões emanadas do Concílio Vaticano II.
Embora a quase totalidade dos fiéis compreendam a função do Ministro Extraordinário da Comunhão na celebração eucarística comunitária, há alguns que ainda sentem dificuldade em o aceitar, nomeadamente em aceitar a comunhão das mãos deste leigo.
Quem já presenciou o serviço destes irmãos na assistência a doentes internados ou acamados ou por qualquer outra razão retidos ou impedidos de participar na missa, na igreja, entende melhor para que serve o Ministro Extraordinário da Comunhão. Não se trata de pessoas que se mostram, que se evidenciam nas missas, mas de irmãos que dispõem de si e do seu tempo para, no segredo dos bastidores, visitarem e levarem Nosso Senhor Eucarístico aos irmãos necessitados.
Infelizmente, em algumas comunidades este serviço eclesial não é bem aceite pelos próprios sacerdotes; noutras, o responsável prefere nomear certas pessoas pelo seu estatuto social e não pela sua participação na vida paroquial e da Igreja, pela piedade (a aparente, que a verdadeira só Deus conhece).

O Ministro Extraordinário da Comunhão, o Leitor, o Acólito, também o Diácono e ainda outros, são agentes de serviços que brotaram ou foram recuperados ou nobilitados pelo Concílio, serviços que são evangélicos e que são dom de Deus ao seu Povo. Aceitemo-los, esforcemo-nos por os compreender e tomemos parte do desígnio do Espírito Santo, divulgando e ensinando aos irmãos, especialmente aos mais necessitados, quanto à utilidade destes ministérios.

Orlando de Carvalho

terça-feira, 25 de julho de 2017

Portugal é católico, o Estado é ateu e analfabeto

D. Manuel António dos Santos. Em fundo a escola abandonada pelo Estado português.
 
Baralhados, deparámo-nos com um apelo, antes com um lamento desesperado do bispo de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António dos Santos, natural de Viseu.
O bispo criou há anos atrás um Instituto Diocesano de Formação, através do qual chegava ao povo santomense cultura e a língua portuguesa.
Na impossibilidade de a diocese manter a escola, o leite para as crianças tem prioridade nos possíveis destinos do dinheiro de que a diocese dispõe, entregou-a ao Estado Português. Que, ao contrário do que fazem os outros estados europeus de cultura ocidental, abandona agora a escola.
O lamento do prelado:

É triste que se procure ajudar a divulgar a cultura de um povo; se crie uma escola de currículo português que deu as bases educativas para centenas de quadros que, hoje, colocam os seus conhecimentos ao serviço do próprio país e mesmo noutras nações, com um apoio mínimo do governo português. Depois de mais de vinte anos como um centro cultural de alma portuguesa, o IDF não pôde continuar. Não querendo privar São Tomé de uma Escola de referência e de um pólo que dignificava a cultura do país que me viu nascer, entreguei ao Estado Português a Escola. Estou arrependido, bem arrependido, valia mais tê-la alugado aos libaneses! Portugal não merece que se trabalhe pela sua cultura, ou pelo menos tem gente que não quer saber disso para nada...
Desculpem o desabafo!


Não peça desculpa, D. Manuel António dos Santos. Este Estado, estes governos que vamos tendo são quem deve pedir desculpa, a si e a todos nós.

Orlando de Carvalho

quinta-feira, 20 de julho de 2017

A Santíssima Trindade através do fidget spinner.




A Igreja recomenda desde há muitos séculos muita prudência na utilização de comparações e representações para explicar a Santíssima Trindade.
Um homem idoso cabeludo e barbudo junto a um crucifixo e a uma pomba têm sido usados para representar o Pai, o Filho, Jesus Cristo e o Espírito Santo, isto é, no seu conjunto, a Santíssima Trindade. Mas é abusivo dar a entender que Deus Pai é um velho de barbas brancas. Também o Espírito Santo desceu no Baptismo de Jesus, como uma pomba e não com a forma de pomba. O Espírito Santo não é certamente uma ave.
O triângulo equilátero que também tem sido usado por artistas para a representação da natureza trinitária de Deus insuficiente. Os três lados iguais podem transmitir o aspecto trinitário de Deus, mas não a diversidade de cada uma das pessoas trinitárias.
Ainda assim, este mistério da nossa fé é tão insondável que existe uma necessidade real de nos socorrermos de algo visível e compreensível para transmitir a alguém, ainda que só aproximadamente, o significado de três Pessoas distintas num Deus único. O discernimento da insondabilidade de Deus feito apenas pela oratória é na maior partes das vezes infrutífero, para mais quando sabemos que ninguém o entenderá plenamente antes de receber aquela graça que nos está reservada para depois da morte. Por isso, o anunciador da fé, o catequista ou o missionário necessitam de alegorias. De facto, as representações da Santíssima Trindade não são mais que alegorias, na medida em que não são, não podem ser, retratos nem diagramas credíveis, por ninguém ter acesso à fonte.
Podemos recordar São Patrício, que foi elevado a patrono da Irlanda por ser considerado o evangelizador que converteu os habitantes desta ilha. Para explicar o Mistério da 
Santíssima Trindade aos celtas, São Patrício utilizou a alegoria do trevo: três folhas distintas, perfeitamente separadas e identificadas numa mesma planta.
Já o padre José Cruz, no programa Você na TV!, na TVI, mostrava três pés de cereja ainda juntos para fazer a metáfora da Santíssima Trindade. Tal como qualquer outra parábola, uma representação que provavelmente nada tem a ver com a realidade da Trindade, mas que pode ser útil para transmitir a fé neste Mistério.

Actualmente está a ganhar uma projecção grande, entre a população mais jovem de todo o mundo, um jogo que consiste num disco formado apenas por três palas que giram, dando a impressão de um disco compacto, ao atingirem uma velocidade elevada. Trata-se do fidget spinner (que podemos traduzir por pião nervoso), também chamado finger spinner (pião no dedo) que é também algumas poucas vezes chamado hand spinner (pião de mão).


Terá havido padres que utilizaram esta imagem tão próxima das crianças e jovens, especialmente, para projectar uma imagem da Santíssima Trindade. E tê-lo-ão feito durante homilias, indignando muitas pessoas.
Aprofundar este Mistério e dá-lo a conhecer implica ir ao encontro. No tempo de São Patrício, lá pelo século V, o trevo era bastante acessível e evidente para os celtas irlandeses, provavelmente tanto como este jogo para as camadas mais jovens da população neste ano da graça de 2017.
Bem-vindo fidget spinner, se através de ti, algumas pessoas conseguirem sentir-se mais perto da intimidade de Deus.

Orlando de Carvalho

terça-feira, 18 de julho de 2017

Não desculpem Gentil Martins



Estamos a ler muitos comentários erróneos acerca do Prof. Gentil Martins e que não servem a dignidade deste homem, nem a verdade.
Gentil Martins foi corajoso. Não o transformemos num cobarde.
Argumentam muitos que ele é bom médico e por isso deve ser desculpado.
Nada de mais errado.
O Prof. Gentil Martins, não obstante os seus 87 anos, está bom da cabeça e sabe o que diz.
Disse que a homossexualidade é um distúrbio. E foi isso que quis dizer. E quem for fascista ou comunista ou ditador suficiente para o querer enjaular por causa de ele falar deve transferir-se para a Coreia do Norte ou alguma coisa do género.
Disse que o Cristiano Ronaldo era um estupor moral por causa do que está a fazer aos filhos e que a culpa era da mãe dele que não lhe tinha dado educação. Não venham com argumentos falaciosos desculpar o Prof. Gentil Martins. Ele disse isso mesmo e eu subscrevo. Amo o futebolista CR7, sigo os seus jogos sempre que posso e torço por ele e irritam-me os comentadores estúpidos que estão sempre contra ele e, quantas vezes, ao mesmo tempo contra Portugal. Para mais, CR7 tem uma ligação umbilical com o Sporting!
Mas é isso mesmo: um estupor moral. E que dizer da sua mãe? E se o Prof. Gentil Martins disser que Sócrates também o é por causa da legislação que promoveu? Também vão desculpar o Prof. Gentil Martins por ser bom médico em vez de discutir o assunto?
Ele teve a coragem de afirmar, mas alguns que estão de acordo com ele, surgem cobardemente como que a querer dizer que ele não disse bem assim. Graças a Deus que disse. É um bom teste aos democratas da treta que são incapazes de viver em democracia e de escutar opiniões diferentes.

Orlando de Carvalho

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Miguel, meu querido neto



Miguel, meu querido neto,

Esta carta é para ti especialmente.
Quero bastante que entendas, desde muito cedo, que a vida, a vida de todos e a tua vida, a vida está repleta de agruras e doçuras, mas será sempre mais nivelada, sem canseiras nem tropeços se nós não a complicarmos nem nos deixarmos enredar nas complicações que outros criam para nós e por nós.

Apenas a Palavra de Deus nos pode ajudar a entender o significado verdadeiro dos gestos e atitudes com que nos deparamos no quotidiano, feitos por nós ou pelos outros.
Muito do que dizemos e fazemos parece ser por intuição, sem que o consigamos explicar e quando tentamos, a explicação ainda nos atrapalha mais. Da mesma maneira, quando julgamos os outros – e passamos a vida a julgar, às vezes a elogiar, mas normalmente a condenar – a maior parte das vezes erramos, porque em vez de usarmos como termo de comparação a Palavra de Deus, sempre tolerante e misericordiosa, usamo-nos a nós mesmos, exigindo aos outros que sejam como nós idealizamos que deviam ser. Mas nós somos pouco mais que barro, terra, húmus, enfim, lama, estrume. Por essa razão, quando os cemitérios deixaram de ser ao lado das igrejas, e lá se instalaram hortas, elas eram tão férteis. Os nossos antepassados eram o grande segredo, os seus corpos eram o melhor fertilizante.
A Palavra de Deus chega-nos através da Sagrada Escritura, mas também nos chega por diversos outros meios. Um deles é, sem dúvida, a aceitação da realidade da Natureza e do bom senso. Sem aprofundar a questão do bom senso, toma nota que o bom senso não é aquilo que me parece ou que por qualquer razão em qualquer momento vai na minha cabeça. Vou agora falar-te de antepassados teus.

Antes de morrer, mas vislumbrando o fim que se aproximava inexorável, Aurora fez um pedido grave ao marido exigindo-lhe que prometesse não voltar a casar. Parecia, naquele tempo, uma história de grande amor, quais Romeu e Julieta.
A realidade foi bastante diferente de um manto de ternura, foi mesmo bastante dolorosa. João, o esposo viúvo, ficou com uma criança bebé a seu cargo. Um dia tomou-se de amores por Laura mas manteve-se fiel ao juramento que fizera a Aurora na hora da morte. Laura dormia umas noites em sua casa, outras em casa de João, vivia na obscuridade perante os vizinhos que a viam entrar e sair. Nunca conseguiu aceitar Maria, o fruto do amor entre Aurora e João e sempre lhe fez a vida negra, contribuindo e criando um mau ambiente entre pai e filha. João nem sequer foi ao casamento da filha. E manteve a relação amorosa até à hora da morte como se de uma vergonha que precisasse esconder se tratasse.
Maria aprendera bem a lição de que não é lícito deixar em testamento desejos íntimos que obriguem os que ficam a viver situações dolorosas e fúteis. Ela deixou bem explícito que, caso morresse antes do seu marido e seu grande amor, Amadeu, era sua opinião e desejo que ele voltasse a casar e tivesse um lar estável. Assim aconteceu. Amadeu tomou Margarida como sua segunda esposa. Não foi fácil aos filhos Ana e Luís aceitarem esta decisão do pai, mas além de preceder do desejo expresso pela mãe, era também a vontade do pai. E a família teve um tempo de alguma tranquilidade que sucedeu ao luto.
Mais tarde, muitos anos depois, venenos de escorpiões e de serpentes lançaram conflito dentro da família. Familiares próximos de Amadeu induziram Ana contra o pai alegando que ao tomar Margarida como esposa estava a trair a memória de Maria. Ana deixou de falar ao pai e ao irmão Luís. A guerra realizada olhos nos olhos e através de mensagens de correio electrónico, pois alguns projécteis bélicos vieram do outro lado do mundo lançar ódios dentro das famílias parou quando Luís recordou a herança da mãe, o desejo, formulado décadas antes de adoecer, e morrer, que o marido deveria casar, se enviuvasse, para estabilidade familiar. Mas Ana, mercê dos tais venenos de escorpiões e serpentes, não mais falou com o pai nem com o irmão.
Luís também gerou filhos. Entre estes, Aurora, assim chamada como a bisavó, que enviuvou logo após casar. Miguel, tu amavas muito o teu tio que partiu tão cedo para junto de Deus e não entendes bem que ele possa ser substituído.
Ouve bem, Miguel, meu neto. O teu tio, lá em cima, no Céu, tem a possibilidade de olhar para nós. Ele olhou para a tua tia viúva e ficou angustiado. Depois de tanto amor que partilharam, ele vê agora aquela que foi a sua esposa cheia de amor para dar, mas só, uma pessoa sempre a ajudar todos, mas sem alguém a seu lado para a proteger, cuidar e amar. O teu tio, como todos no Céu, deseja mais que tudo paz e amor. Ele quer que a tua tia case de novo com a pessoa a quem ela possa amar agora e que a possa fazer feliz.
Nunca fui ao Céu, mas Jesus explicou muito bem como estas coisas se processam. Abre o teu coração e a tua mente, querido neto Miguel, e escuta as palavras do Evangelho e como Jesus, Nosso Senhor, explica com simplicidade estas coisas tão difíceis para as pessoas complicadas.

Certo dia, os saduceus, que afirmam que não existe ressurreição, aproximaram-se de Jesus e propuseram-Lhe este caso:
- Mestre, Moisés disse: "Se alguém morrer sem ter filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva a fim de que possam ter filhos em nome do irmão que morreu". Pois bem, havia entre nós sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem ter filhos, deixando a mulher para o seu irmão. Do mesmo modo, aconteceu com o segundo e o terceiro e assim com os sete. Depois de todos eles, morreu também a mulher. Na ressurreição, de qual dos sete ela será mulher? De facto, todos a tiveram».
Jesus respondeu:
- Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus. De facto, na ressurreição, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do Céu. E, quanto à ressurreição, será que não lestes o que Deus vos disse: "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob"? Ora, Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos».
Ouvindo isto, as multidões ficaram impressionadas com o ensinamento de Jesus. (Mateus 22,23-33)

Como entendes agora, meu neto, no Céu não seremos mais avô e neto, seremos apenas como anjos, irmãos, filhos do mesmo pai, que é Deus. Do mesmo modo eu, o meu pai, a minha mãe e a segunda esposa do meu pai, depois de ele enviuvar, viveremos todos em torno de Deus, como anjos, louvando e dando graças a Deus nosso Pai comum por tudo o que Ele criou, por nós mesmos e pelo amor que Deus reparte continuamente connosco. Deus dá-nos gratuitamente o seu amor para que nós o demos também gratuitamente uns aos outros sem rancores, nem ódios, nem invejas, mas como Deus o dá, com misericórdia, humildade e beleza.
Louva a Deus, todos os dias da tua vida, meu neto Miguel, ama a todos com o mesmo amor que recebes de Deus, e viverás eternamente na companhia de Deus e de todos nós a quem tu amas, se também procedermos como te peço que procedas.
Ámen. 

Teu avô Orlando