quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Férias: tempo para descobrir Jesus



Cada encontro de catequese é uma porção da Igreja que se reúne. Assembleia convocada em nome de Cristo, por mandato de Cristo, em união com Cristo e com a presença real de Cristo, Cabeça da Igreja, que está, de facto, presente onde catequista e catequizandos se reúnem, em Seu nome, para realizar o mandato que, antes de ascender para o Pai, Jesus legou aos discípulos.

A escola, tal como a catequese, é um auxiliar da família na preparação das crianças e adolescentes para que cresçam em estatura e graça. A escola está mais vocacionada para a estatura e a catequese para a graça, embora não sejam compartimentos estanques.

A família é o lugar onde as crianças verdadeiramente crescem. Ou devia ser. A família tem uma missão quase divina: cuidar dos mais pequenos e frágeis filhos de Deus. A honestidade, a disponibilidade, o espírito de ajuda ao próximo, a educação, a gentileza, o trato com ternura, o calor humano, o desejo de aprender cada vez mais e ser cada vez melhor pessoa, aprende-se na família.

As férias escolares não podem ser um tempo de afastamento tão grande que tudo esteja esquecido no recomeço das aulas. Os pais devem providenciar, durante as férias, actividades educativas e formativas. Não aquelas que são delegadas em campos de férias e similares, mas sugeridas, orientadas e guiadas pelas famílias.

As férias da catequese revestem-se das mesmas características das escolares, mas vão muito mais além. Fazer férias de Deus, da missa, da oração, é renegar a Fé. Como ensino na catequese, e aos catequistas em formação, a missa é mais importante que a catequese. Ora, ir para férias e deixar a divina piedade dos sacramentos, da oração, da espiritualidade e do exercício da caridade é quase renegar Deus.

Providenciem as famílias, durante as férias, tempos de repouso e de silêncio, tempos de interiorização. As orações da manhã, da noite, às refeições, as missas, que durante o ano não podem, tantas vezes, ser feitas em família, que o sejam no tempo de férias.

Que se peregrine. A Fátima ou a qualquer outro santuário ou lugar de peregrinação, mas não se fiquem as famílias por passar, ir até à Capelinha das Aparições, comprar uma recordação para dar às crianças ou para levar aos amigos, almoçar e “toca a andar que já vamos atrasados”. Permanecei um dia inteiro em Fátima, ou dois. O alojamento hoteleiro em Fátima não é certamente mais caro que no Algarve ou em Maiorca, pelo contrário.

Aproveitar as férias para ler diariamente a Bíblia, que coisa tão fecunda e agradável!

Quem não tiver então tempo para descobrir e se embrenhar na intimidade de Deus, quando o irá fazer?

Deus não critica nem impede a praia, a serra, as viagens… Mas fica agradado se, naquela cidade onde se passa, que se vai visitar, onde se vai almoçar, nós, seus filhos, visitarmos a igreja local, desfrutando da beleza que sempre se encontra nesses locais e gastarmos dois minutos – apenas dois minutos – rezando em família, louvando a Deus, entrando na igreja como católicos, como filhos amados de Deus e não como turistas anónimos sem religião, como se entrássemos num zoo, num museu ou qualquer jardim.



Orlando de Carvalho


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