segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Este Papa



Duzentos e sessenta e seis papas é muito tempo, muita História e muitas histórias, são muitos milhares de padres e milhões de baptismos, são dois mil anos!

Como poderiam o Papa São Pedro e o Papa Francisco ter ideias semelhantes? Os tempos são outros, também os costumes, a cultura, o desenvolvimento, a técnica, enfim, o conhecimento e o progresso. Todavia, talvez possam haja mais parecenças entre os dois do que se poderia pensar.

Os fiéis olham em direcção ao Vaticano e sentem-se mais perto deste papa, pescador e pastor, Francisco, do que outros fiéis se sentiram de papas anteriores, de famílias aristocratas que viverem fidalgamente. Francisco parece mais um homem rude e simples do povo que um membro da nobreza.

Agradando a uns mais que a outros, idolatrado por muitos – que nem sempre são católicos! – e maldito para alguns, o Papa Francisco marca uma fractura na linha do tempo da Igreja.

Uns e outros, notando a diferença entre o Papa Francisco e as atitudes habituais dos seus antecessores mais próximos, referem-se-lhe muitas vezes como Este Papa.

Aqueles que reconhecem no Papa Francisco um elo e uma continuação do mandato instituído por Jesus na pessoa de Pedro, referem a expressão Este Papa com ternura, querendo simbolizar que lhe reconhecem a autoridade evangélica que caracterizava Jesus, como é citado em Mateus 7,29.

Outros falam de Este Papa, com desprezo, significando que Francisco não é verdadeiramente papa mas antes obra do diabo, algo que está a complicar a engrenagem da Igreja, alguém que quer limpar da Igreja o pecado com uma intensidade que, embora venha na continuação do fizeram os papas mais recentes, incomoda muitos interesses instalados.

O papa que chegou da Argentina é hoje papa foram outros santos papas que o antecederam; os fiéis, todos nós baptizados e membros da Igreja, devemos tratá-lo com a mesma atitude com que tratámos o Beato Paulo VI ou São João Paulo II, por exemplo. Deixemos de colocar em primeiro lugar a sua diferença ou semelhança com outros papas e tratemo-lo com a dignidade devida: apenas por Papa Francisco. Ele ama esta simplicidade e nós fazemos-lhe maior justiça designando-o pelo que é, e não pelos seus atributos.

Papa Francisco! Nem mais nem menos. Nem este papa nem aquele papa, apenas o pastor que Deus concedeu à sua Igreja, ao seu povo.

Para o bem maior da Igreja, pela unidade tão querida a Deus, falemos apenas do Papa Francisco e nunca mais de “este papa”. Uma encíclica é do papa, da Igreja, não deste papa.

Deus abençoe a sua Igreja e o seu povo e seja louvado pelo grande dom que nos concedeu, o Papa Francisco.



Orlando de Carvalho


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