Parece estar cada vez mais na moda o desrespeito pelo modo
como se comunga, que aparentemente é o mesmo que dizer a falta de respeito por
Nosso Senhor.
Outra moda cada vez mais recorrente são os conselhos acerca
da maneira de comungar sempre com alusões à influência diabólica que leva a que
o comungante faça sangrar o Corpo de Cristo, o espezinhe e humilhe, enfim que
se comporte como verdadeiro diabrete infligindo torturas na humanidade do Filho
de Deus.
Sem nos alongarmos neste primeiro artigo de uma série que
publicaremos sobre este tema, salientamos na generalidade estes dois aspectos
que deviam afligir todos os crentes.
A Igreja estabeleceu, com o decorrer do tempo, e à medida
que melhor compreendia o Mistério da Eucaristia, regras para comungar. Posteriormente,
a experiência veio ajudar a mesma Igreja a modificar e melhorar tais regras,
eliminar algumas, e a completá-las. Estas normas não podem ter outra finalidade
para além de ajudar o fiel a tirar o maior partido da comunhão. Jesus deixou-nos
a comunhão para o nosso bem, não para o bem de Deus, para que possamos ser mais
felizes. A proximidade da Eucaristia enche de alegria os corações dos fiéis.
Então, percebemos que quem comunga sem respeito, não pode
estar concentrado no que está a acontecer, na união que se está a estabelecer
entre si e Jesus, na união dos dois corações e das duas almas. É como quem olha
para o céu e não vê o sol nem as nuvens, porque está entre arranha-céus que lhe
tapam a visão; é como quem escuta o correr de um ribeiro, sem nada aproveitar
porque tem auscultadores com música ruidosa a encher-lhe os ouvidos; é como
quem atravessa um campo de alfazema ou de hortelã, mas sofre de alergias e tem
o nariz entupido e não sente qualquer odor.
Os preceitos sobre a comunhão só fazem sentido se ensinarem
e ajudarem as pessoas a usufruir deste maravilhoso e extraordinário Dom que
Jesus nos deixou.
Sobre os prejuízos causados à pessoa de Nosso Senhor, aos
gritos que alguns dizem escutar quando alguém pisa uma migalha de pão
concentrado, às gotas de sangue derramado no chão da igreja, que outros dizem
ver, como se fosse no Calvário pingando do corpo adorável do Senhor, devemos
aplicar o mesmo raciocínio. Jesus humilhou-se ao ponto de encarnar do seio de
sua Mãe Santíssima, sabendo o fim que o esperava e que Ele abraçou por amor a
nós, não recuando no seu intento para evitar o sofrimento na Cruz. Agora quem O
pregou ou mandou pregar na cruz, esses terão tido grande surpresa ao chegarem
depois da morte junto do Criador e percebendo o mal que tinham cometido. Com que
consequências!
Os menores pedacinhos de pão consagrado, verdadeiro Corpo do
Senhor, merecem o nosso respeito, amor e adoração. A catequese que é preciso e
urgente fazer refere-se ao enorme bem que tais migalhas são para o conforto, bem-estar
e felicidade, de nós mesmos e não ao medo do castigo que está reservado a quem
não lhes der a devida atenção, comparando-o aos algozes de Jerusalém.
De que sentimentos necessita quem desejar comungar?
Em primeiro lugar, caridade.
Depois, amor a Deus.
Finalmente, amor ao próximo.
E ainda uma compreensão, que lhe venha do anúncio do
Evangelho, sobre o significado da comunhão, e que resulte também da abertura do
coração e da mente ao ensinamento inspirado pelo Espírito Santo acerca da
comunhão.
Tudo o que é importante sobre este sacramento deriva daqui e
se resume a isto.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, fruto do ventre
sagrado da Virgem puríssima Santa Maria.
Orlando de Carvalho
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