terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Assédio e honra




Numa escola da região da Grande Lisboa, uma adolescente foi alvo de um tipo particular de segregação:
– Freira! Freira! És uma freira! – divertiam-se alguns colegas, em tom acusatório, que desta forma exprimiam a sua contrariedade pela forma de agir da menina visada.
Não chamavam “freira” num gesto simpático, nem de um elogio, mas numa tentativa de vexar. Pretendiam desta forma humilhar, não pelos defeitos da jovem, mas pelas virtudes que eles se esforçavam por demonstrar que eram defeitos, limitações, anormalidades. A anormalidade que tanto espanto causava consistia na relutância da menina em se integrar nas conversas e noutras acções dos colegas que chocavam com valores que ela tinha adquirido na família. Naquele lugar, onde a promiscuidade e o ordinário eram a regra, quem não alinhava só podia ser freira, que na interpretação daqueles adolescentes era uma pessoa estranha que não se interessava por “curtir”. Eles não eram capazes de distinguir entre felicidade e prazer. É este, infelizmente, o exemplo que os jovens e as crianças recebem da nossa sociedade adulta. Olham para a televisão, nos horários mais acessíveis aos pequenitos e aos jovens em idade escolar e aprendem que virgindade e castidade é vergonha, quer se trate de um rapaz ou de uma rapariga, de um homem ou de uma mulher, solteiros, casados ou viúvos. É sinal de fraqueza, de limitação e incapacidade.
A igualdade na dignidade entre os sexos, em vez de edificar os homens, aviltou as mulheres. Os sexos foram nivelados, na sua honra e dignidade, pela medida mais baixa. Não interessa com quem, ou em que condições, a sociedade ensina que é fundamental ter relações sexuais, não interessa com quem. Mais, é importante mostrar a maturidade, integrando-se em conversas fúteis, muitas vezes ordinárias, e quantas vezes directamente ofensivas à glória de Deus!
Mas desengane-se quem pensar que este caso é característico da região da Grande Lisboa. Desengane-se quem pensar que isto é fruto dos nossos tempos!
O mesmo aconteceu com o jovem Marcelo Callo, um mártir da II Guerra
Mundial, elevado aos altares por João Paulo II. Entre os colegas, no trabalho, na escola, chamavam-lhe o “Cristo” ou o “Jesus-Cristo”, em tom pejorativo, porque ele não alinhava nas conversas ordinárias, nas anedotas fúteis e baratas, nas visitas a bordéis e nas diversões noutros lugares perigosos para a saúde da alma.
A grande necessidade que a Igreja tinha de um Papa como João Paulo II era precisamente esta. Sabia-o o Espírito Santo e sabemo-lo nós agora a posteriori.
A Igreja não é um quadro muito bonito de um qualquer pintor que fica igual a si mesmo ao longo dos séculos e vale enquanto não for danificado, enquanto não mudar. A Igreja não é para se ver. A Igreja não é uma história que aconteceu.
A Igreja está viva e só será Igreja enquanto estiver viva. Esta comunidade dos que peregrinam na Terra e dos que já partiram para a eternidade, todos reunidos em torno da pessoa de Jesus Cristo, é mesmo um espaço de comunicação e de comunhão entre todos os seus membros.
In Orlando de Carvalho, Os Santos de João Paulo II, Lusodidacta, 2004

A mãe tinha ensinado à Leonor a importância de manter a integridade dos valores em que acreditava, ainda que isso lhe custasse caro e parecesse prejudicar a sua vida. Chegada à fase do percurso académico em que devia fazer opções, Leonor teve excelentes propostas financeiras para trabalhar em laboratórios de manipulação genética, onde trabalharia com partes de crianças abortadas. Provavelmente não teria de observar partes anatomicamente identificáveis, mas saberia que estava a trabalhar com tecidos humanos que tinham sido alvo de aborto. A jovem sempre se manteve firme. Que custos teve isso na sua vida? Leonor nunca pensou em entregar-se a essas contas. Tinha sido bem educada.

Bernardino estava a fazer o curso para Diácono Permanente. Ele realizava já na sua paróquia muitas tarefas. Entre outros serviços, era ministro extraordinário da. A meio do curso, teve um conflito com o pároco. Este pretendia que ele despachasse com maior rapidez a purificação dos vasos, depois da comunhão, descurando as regras estabelecidas e o respeito devido a Nosso Senhor. O pároco queria rapidez e fazia um entendimento diferente da dignidade da Eucaristia. Belarmino viu o seu percurso para Diácono Permanente interrompido como retaliação do pároco e de quem dirigia o curso, e só retomado dois anos mais tarde. Ficou magoado, mas não arrependido. Estava de consciência tranquila.

Maria ensinou os seus meninos, desde muito pequenos, que desejava que quando se tornassem adultos fosse, pessoas honestas. Por vezes surgiam as questões:
- Que queres ser quando fores grande?
- Que gostavas que os teus filhos fossem quando crescessem?
A senhora manifestava sempre a mesma opinião. Importava-se apenas com a honestidade dos filhos. Antes fossem varredores de ruas e honestos que pessoas ricas e desonestas.
Maria devia ser o exemplo a seguir por muitos pais e mães, ou mesmo por todos, e o mundo seria bem melhor. Infelizmente, os pais e mães desejam muitas vezes, para os seus filhos, a riqueza, a fim de que possam morrer descansados sabendo os filhos sem problemas na vida. Como estão enganados!

Diferentes das histórias anteriores são as que ilustram a novíssima moda das denúncias de assédio e abuso sexual acontecidos há vários anos.
Recordamos, em primeiro lugar, o caso da secretária Monica Lewinsky e do presidente Clinton (na imagem). Sempre foi claro que Bill Clinton não usou de violência para obrigar a secretária ao sexo. Sempre foi claro que onde uma pessoa lambe também pode morder. Sempre foi claro que uma mulher honrada (que é isso? - perguntam alguns) pode optar por gritar por socorro e recusar a luxúria, mas não foi essa a opção da secretária. Que pensa uma mulher envolvida com o denominado homem mais poderoso do mundo? Desconhecemos, por isso cada um pode imaginar o que quiser. Mas coitadinha…
Depois é a pressão de tantos lobbies. Querem criminalizar o piropo, legalizar a pedofilia, abolir os sexos, liberalizar ainda mais o sexo, enfim, descontrolar a família, os jovens, as crianças, a sociedade. Acabar com o casamento, expressão máxima da burguesia e liberalizar totalmente o sexo e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com crianças ou com animais.
Todos os dias, mesmo todos, as notícias dão conta de mais duas ou três pessoas contra quem foram apresentadas queixas por supostos violados, violadas, abusados, abusadas ou assediados sexuais.
Uma mulher queixa-se que um famoso político, há vinte anos, subia com ela no elevador e lhe apalpou as mamas. Ela, honradamente esperou vinte anos, ao fim dos quais perdeu a vergonha e veio denunciar o caso e acusar publicamente a pessoa. Vinte anos depois!
Uma mulher queixa-se que há vinte e cinco anos foi vítima. Quando foi contratada para participar num filme em que se despia e representava cenas libidinosas de sexo, o homem que a contratou abusou dela. Coitadinha!

Não nos parece que julgar a História e condená-la, do modo que está em curso, seja maneira de construir uma sociedade mais justa e mais solidária e onde a dignidade da mulher, da criança e da pessoa humana em geral, seja devidamente considerada. Onde os homossexuais tenham direito a defender a homossexualidade e os heterossexuais sejam acusados de homofobia se defenderem a heterossexualidade.
Os direitos humanos não podem ser fruto de uma caça a bruxas que fizeram feitiços há décadas atrás.
Decerto é mais importante preparar as pessoas de hoje para educarem os seus filhos de modo a saberem defender-se de qualquer tipo de abusadores, sejam familiares, vizinhos, professores, colegas ou superiores, mais tarde, nos empregos em adultos. Mas continuam pais e educadores a não acreditar quando uma criança se queixa, directa ou indirectamente, dos avanços de alguém tido como pessoa importante e considerada.
É preciso deter quem hoje incomoda mulheres, crianças, ou seja quem for. E não será a perseguir quem errou ou mesmo cometeu crimes há décadas que tal será conseguido.






Sobre a imagem:
O Thérèse Dreaming, de Balthus, pintado em 1938, está exposto no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque.
Um dos lobbies a que anteriormente nos referimos pretende que o quadro seja considerado ofensa por poder induzir em pedofilia e anda a recolher assinaturas em apoio da sua causa contra a exposição do quadro com quase um século.
No mesmo sentido podemos considerar aqueles que acusam hoje Maomet de pedófilo, como se não fossem normais, antes como agora, casamentos com crianças. Pensemos no que se passava com a realeza que governou Portugal, por exemplo. Acusa-se o que fizeram pessoas de outras épocas e defende-se que com os conhecimentos e meios que hoje existem se devem incentivar as relações sexuais entre crianças. Mundo estranho!

Orlando de Carvalho
 

6 comentários:

  1. "E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas." (Mt 5,41), já encontrei o que referiu como «perfil» e já está actualizado, estarei agora nas condições de dialogar?

    Aqui refere um ponto muito importante, concordo consigo. Lamento a tentativa de se possibilitar o acesso aos sacramentos aos divorciados "recasados", isso é seguir a lógica do mundo onde a sexualidade é mais importante do que o contexto. Actualmente já existe acesso aos sacramentos vivendo-se como irmãos, colocando de lado esse ponto seguimos o mundo, diminuindo a importância do matrimónio e da Eucaristia e valorizando a sexualidade.

    Para os jovens bem é necessário transmitir a ideia que oferece nesta postagem, infelizmente no documento de preparação do próximo sinodo dos jovens não parece vir essa mensagem, alertando-os para os perigos do mundo e da hiper-sexualização.
    Mostrar aos jovens a Caridade é dizer-lhes que o namoro não é só diversão, é também encontrar com quem viver a vida na vocação do matrimónio, é indicar que é errado morarem juntos antes de casar porque o outro não é algo para ser exprimentado a ver se resulta e serve e tantas outras coisas.

    Os pais que infelizmente muitas vezes não estão alerta para estes problemas bem precisam de uma ajuda pastoral que os ajude a formar uma família cristã e a reflectir nos perigos e problemas. É muito fácil viver adormecido e indiferente para os valores cristãos, anestesiado e seduzido pelo mundo, precisam de quem os chame e acorde.

    Na catequese, e aqui pedia-lhe se podia reflectir e ver que opinião pode dar para ajudar, podia-se ser mais directo na exposição da Verdade revelada por Deus.
    Por exemplo como indica aqui: http://diesdomini8.blogspot.pt/2017/10/uma-catequese-comecar-1.html
    Em vez de falar em "Saboreamos Jesus ao comer o pão da missa" porque não dizer logo que comungamos a Hóstia Sagrada? Podem não compreender mas ficam a saber a Verdade para a qual vão caminhar.
    Em vez de «Quem é Jesus? Filho de Maria e José», «Quem é Jesus? Filho de Deus, nascido de Maria, Sua mãe. José é pai adoptivo de Jesus, ajudou Maria a criar Jesus, tomando Jesus como seu filho».
    Depois ao longo das catequeses/anos não esquecer de explicar bem o que é a Fé, a Esperança e a Caridade, o que é o Caminho, a Verdade e a Vida, o que Deus pede a cada um de nós e qual é o sentido e o destino da vida e sobretudo que lugar e sentido têm os sacramentos e principalmente a Santa Missa na nossa vida.
    Basta pensar no pedido do Concilio Vaticano II na sacrossantum concilio 48 para os fiéis aprenderem a oferecerem-se no Santo Sacrifício da Missa, quem os ensina e quem aprende?
    Vejo muita gente apenas com esperança num mundo melhor e indiferente ao destino, crianças e pais que não vêem necessidade de ir à Santa Missa. «Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais» mas elas não vão nem as levam, não vêem necessidade nem motivo.

    Quanto ao comentário na outra postagem, pode responder agora que já tenho «perfil» actualizado? Gostava de saber a sua opinião sobre a celebração voltado para o Oriente Litúrgico.



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    1. Viva Francisco.
      1) (não por qualquer ordem lógica)Uma catequese a começar é isso mesmo, a começar. É Jesus que afirma que há coisas que não conseguimos ainda suportar. Concebo duas formas principais, não exclusivas, de começar a catequese com crianças: a Criação e o Presépio. Mas de modo a que entendam. Aliás, ao longo do artigo é referido que se propõe para esta catequese tudo ligeiro. Ainda assim falo em "hóstia", mas que interessa "Hóstia Sagrada" se nem sabem o que é sagrado? Trata-se de método catequético e não teológico.

      A resposta tem de ser dividida em partes para ser aceite pelo blogue

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    2. 2) Sobre a missa e a posição de quem preside, parece ajudar este texto do Cónego Abílio de Vasconcelos, além naturalmente da definição conciliar do cristocentrismo da Igreja.
      Olhe para os olhos deste menino!
      Não pense que ele está vendo de fora para dentro!
      Repare bem! Ele está vendo de dentro para fora!
      ATé podia fechar os olhos...os ouvidos ... que continuaria vendo, ouvindo e sentindo o que de veras está!
      É o espírito dele que se expressa pelos olhos e pelos seus movimentos!
      Aprenda... que ainda está em tempo.

      Durante várias décadas me enfiaram pelos olhos e pelos ouvidos muitas coisas existentes neste mundo e, não satisfeitos, querem ainda enfiar mais medos... mas não vou deixar. Chega de São Tomás e outros que andaram e andam por aí a pregar o que vêem e o que escutam, repetindo frases feitas que nenhuma lhes pertence, com boas ou más intenções.

      Deus está mostrando que chegou a hora de nos voltarmos para dentro!

      Visitei uma igreja em que os fiéis, após receberem a comunhão eucarística, se retiravam para a capela do santíssimo situada do lado direito. Perguntei o que foram lá fazer?! Responderam que foram agradecer a Jesus que estava lá no sacrário!
      Gente velha, caindo de madura, que continua vendo apenas o que está fora! Culpa de quem? Dos pastores que os ensinaram a estar atentos às coisas exteriores onde o demónio ruge, como um leão, pronto para devorar suas almas!

      Olhe para dentro. Feche seus olhos, seus ouvidos...seus sentidos! Você é o sacrário!

      Volte-se para dentro. Valorize o seu espírito. Lembre-se que muito mais valor, que o seu corpo, tem o seu espírito! Tanto que o Criador do seu corpo foi o mesmo que criou o seu espírito, mas repare o que o Criador faz com o seu corpo e com o seu espírito. Cumprida a missão do espírito com esse seu corpo, este mesmo corpo voltará ao que era: pó, terra, matéria. Nada perdido porque o espírito continua vivo. Quem realmente tem valor?

      Quando aprendemos a ver para dentro, encontramos o nosso espírito e passamos a ver com o nosso espírito ... e o mundo muda de figura!
      O espírito vê muito além dos olhos; tem um domínio total sobre o nosso corpo, a ponto de em segundos o tornar totalmente insensível, ou o enrijecer como aço; tem comunicação com outros espíritos e com tudo o que é vivo ... além de um entendimento perfeito de Deus.

      Técnicas de interiorização já existem muitas, entre elas a meditação bem feita que conduz ao encontro do seu espírito, e não tenta seduzi-lo com pacotes de informações preestabelecidos no exterior.

      Nenhum bom orientador espiritual conhece o caminho que você tem a percorrer, porque você é único... basta conferir suas digitais. O bom orientador mostra-lhes as técnicas que o levarão a encontrar o seu caminho e anima-o a cumprir bem a sua missão, que também é só sua e de mais ninguém!

      A lei de Deus está escrita dentro de você. Confira e verá que muitas coisas que você faz, faz porque lhe mandaram fazer, mas não batem com o que está em você ! Nem sempre é você que está errado!

      Use uma parte de cada dia para olhar o mundo que está dentro de si. Não tenha medo... os medos estão todos fora de si !

      Não se deixe escravizar por quem sabe menos do que você!
      Não pense que o padre ou o pastor, em quatro ou cinco anos de estudo, aprendeu a ciência do universo e sabe tudo em teoria e prática que deve ser dosado a cada um? As doenças de cada um são diferentes, uma vez que não tem dois portadores iguais.

      Comece a hoje a dirigir seus passos guiado pelo seu espírito e não pelo seu corpo.
      Pense, você que dedica a maior parte de seus dias a cuidar do corpo: se seu corpo fosse tão valioso quanto você o trata, Deus de certeza que o reaproveitaria!
      Abilio De Vasconcelos

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    3. 3) Comer, saborear...
      Muitas pessoas consideram ofensivo ou desrespeitoso o "comer". Há muitas opiniões, mas fiquemos com as palavras de Jesus: Tomai e comei.
      Estamos já muito habituados a comungar, comer, tomar a hóstia. Mas isso só vale de verdade se formos capazes de saborear. Saborear o que comungamos, comemos, tomamos.
      Não se trata do sentido do paladar, claro. Embora, na minha opinião seja quase pecado distribuir ao povo hóstias velhas que já estão moles e que sabem a bafio. E isto acontece com frequência.
      Trata-se de saborear verdadeiramente o essencial do pão eucarístico. Em silêncio e interioridade. Não com a língua, mas com o coração. Provavelmente poderá encontrar (não espero que vá procurar, eu também não sei agora onde) muitos artigos meus, conferências proferidas e formações para catequistas, onde refiro "o saborear Nosso Senhor eucarístico" precisamente com o sentido que acabei de citar. É muito mais difícil saborear que comungar. Comungam, voltam para o lugar e... "já está". Mas se ficarem no silêncio interior a saborear o bem que acabam de receber, como que alcançam o Céu já na terra.
      4) Sobre o namoro, escrevi um artigo há vários anos, para um jornal juvenil, que tenho procurado. Talvez o venha a encontrar.

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  2. 1) indico "Hóstia Sagrada" porque é a verdade e as crianças necessitam de ter contacto e saber qual é a Verdade para que no futuro em vez de indicarem apenas que Jesus é «um amigo» possam indicar que é «O Cristo, o Filho do Deus Vivo».

    2) o texto do Cónego Abílio de Vasconcelos parece interessante para quem tem Fé, experiência e bastante tempo de entrega e dedicação à Igreja, para as pessoas comuns parece-me demasiado optimista.
    Como indica, o Concilio dá importância ao cristocentrismo da Igreja e não a um antropocentrismo que possa levar em graus extremos ao culto do Homem.
    Como digo parece-me demasiado optimista, onde está a humildade e piedade ao abandonar-se São Tomás? E a «gente velha» não terá algo para nos ensinar, ainda que possam não estar certos em tudo?
    O interior é fundamental mas não pode ter o Homem como início e fim, tem de ser uma entrega e abertura a Deus. Parece aqui haver o erro da «imanência vital».
    Este crescer interior terá de vir do contacto com a Verdade porque senão poderá levar ao subjectivismo, cada um criando um Deus à sua maneira, o Caminho Verdade e Vida é um só: Jesus Cristo, não pode depender de um sentimento, a Fé não é um sentimento, é a adesão à Verdade revelada por Deus.
    Em última instância para as pessoas comuns o caminho da «imanência vital» e do subjectivismo irá levar à indiferença, relativização da Fé, da perda de importância da Santa Missa e dos Sacramentos, a Verdade desaparece e é esquecida e vamos para o agnosticismo ou ateísmo.

    3) aqui sobre o «saborear» também concordo consigo, era esse o sentido a que também me referia e que devia de ser incentivado a todos. Pessoalmente sinto que é curto o tempo que temos após a comunhão para estarmos em recolhimento. O «comungar» que indicava era também neste sentido do «saborear» em que nos unimos a Cristo.

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    1. Finalmente descobrimos um ponto de concordância que pode considerar-se de sobreposição. O seu Ponto 3.
      Quanto ao seu Ponto 1, é Jesus que chama a atenção para aquilo que estamos ou não preparados para escutar e entender. Di-lo extensivamente aos discípulos: ainda não estais preparados para escutar, entender, aceitar, mas o Espírito Santo virá. Falo para as crianças o que elas entendem. E elas entendem tudo, se eu souber escolher as palavras. Mas na medida da sua capacidade.
      O texto do Cónego Abílio de Vasconcelos destina-se a quem tem fé e capacidade intelectual para o entender. Ao contrário de outros que estão destinados a crianças ou iniciados ou com menos capacidade académica ou intelectual.

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