segunda-feira, 20 de abril de 2015

Migração de morte

A migração foi sempre uma atitude de aventura e de risco. Abraão foi 'premiado' por Deus por ter tido a coragem de deixar a sua terra e partir em busca de uma terra onde 'talvez' corresse o leite e o mel, onde 'talvez' conseguisse chegar depois de uma viagem que ele não sabia se ia ser fácil ou difícil, breve ou demorada.
Antes de Abraão, a História da Humanidade fez-se de migrações dos primeiros humanos que percorreram todo o planeta, cruzando continentes, montanhas, pântanos, mares e oceanos, em busca de algum lugar onde corresse 'leite e mel', ou tranquilidade e bom clima.
Os hebreus foram perseguidos pelos egípcios, na sua fuga à escravidão, mesmo através do deserto, até serem salvos pelos acontecimentos do Mar Vermelho. O mundo que hoje conhecemos é fruto de migrações, em especial as mais recentes. Estamos a pensar no continente americano, na Oceania, em Israel e na Europa da União Europeia edificada sobre o trabalho migrante de portugueses, espanhóis, italianos, depois turcos e mais recentemente europeus de leste e toda a espécie de muçulmanos das mais variadas origens.
Os emigrantes foram sempre descriminados. Livros antigos da Sagrada Escritura ordenam aos fiéis que tratem com compaixão os estrangeiros, referindo-se aos emigrantes, com a mesma compaixão que ordena que sejam tratados os órfãos e as viúvas. A insistência nesta recomendação faz-nos pensar que, os judeus, mal recordados de como tinham sido tratados pelos egípcios, não respeitariam a dignidade humana dos estrangeiros que chegavam ao seu país.
A Europa acolheu a emigração, de modo especial na segunda metade do século XX. Os valores cristãos e a ênfase que lhes deu a Revolução Francesa e a revolução cultural que a acompanhou, valores humanos que foram todos bebidos na Bíblia Sagrada, levou à criação de um respeito pelos estrangeiros que chegavam, à concessão de direitos laborais e sociais idênticos aos dos europeus de origem, ao respeito pelas culturas de origem.
Mas sabemos que muitos filhos daquela Revolução Francesa tentaram apoderar-se dos tais valores bíblicos como se fossem invenção sua e mesmo antítese dos ensinamentos evangélicos. Usaram então uma inversão perversa dos factos e quiseram dar mais valor às culturas que chegavam que à cultura europeia. Surgem deste modo governos e autarquias, por toda a Europa, a colocar o Islão acima da Igreja. Estupidez masoquista!
A vida sem dignidade imposta nos países africanos e do Médio Oriente, onde o povo é escravizado, sempre que necessário com a invocação da autoridade religiosa e a corrupção dos dirigentes políticos e governantes provoca um dos maiores movimentos migratórios da História. O Paraíso, o Éden, o El Dorado, são a Europa. A Europa não tem lotação para tanto imigrante e o recurso é a entrada ilegal e forçada. Barcos atravessam o Mediterrâneo com passageiros em número muitas vezes superior ao recomendado e permitido pela segurança. Milhares de estrangeiros chegam à Europa, muitos milhares morrem afogados no Mediterrâneo. O Papa Francisco ergue a sua voz em defesa destes filhos de Deus que se sujeitam à morte e que morrem na procura de uma dignidade de vida que não lhes é permitida na Europa.
A BBC relata como a maldade acompanha alguns destes migrantes que se esquecem da sua condição e atacam e matam os companheiros de viagem que são cristãos, afogando-os no mar. Pedem encarecidamente aos cristãos europeus que os recebam, mas pelo caminho vão matando os cristãos que percorrem com eles um caminho em busca de uma salvação.
Confiamos sempre na misericórdia de Deus para com os pecadores, mas temos também de esperar justiça exemplar das autoridades europeias, porque estes casos não podem continuar.

Orlando de Carvalho







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