segunda-feira, 11 de junho de 2018

Papel dos Pais na Catequese



 A imagem está propositadamente desfocada

Realizámos um inquérito ao desempenho dos pais no processo catequético. A amostragem não é significativa para conclusões científicas, mas é um contributo válido para um dos principais temas que preocupam todos os agentes da evangelização sistematizada de crianças e adolescentes.
Optámos por um encontro com pais e mães do 6º ano de catequese, precisamente quando o assunto era já a Profissão de Fé, quase no final do ano catequético.
Entreguei aos pais e mães presentes a folha a seguir reproduzida.
Os participantes na reunião correspondiam a 50% das crianças do catecismo. Este é logo um factor a ter em consideração. No final de seis anos de catequese, e para tratar de um assunto tão relevante como a Profissão de Fé, apenas metade das famílias se fez representar.
Sabemos que há casos de pais e mães a trabalhar por turnos e outras situações óbvias que, no total, não são 50% da população em causa. Com o inquérito que levámos a cabo não é possível afirmar se este desinteresse apriorístico dos pais e mães que registámos deriva directamente da atitude eclesial ou didáctica deles mesmos, se do comportamento dos catequistas e outros responsáveis, se da comunidade olhada de modo global. Certamente de todos, mas seria interessante saber o grau em que influiu cada interveniente. Todavia essa questão tem uma abrangência diferente da que colocamos.
Em Portugal e nos últimos vinte anos, a catequese foi relativizada, como adiante teremos oportunidade de perceber. Há duas décadas, quando se marcava uma reunião de preparação para a Comunhão, não faltava ninguém, salvo, nesses casos sim, por razões de força maior. Todas as famílias tinham uma veneração, digamos mesmo, por este sacramento. E a Profissão de Fé surgia logo em segundo lugar no interesse despertado. Teremos sido nós, clero e agentes de evangelização, a provocar algum relativismo, ao explicar mal que as roupas brancas ou claras não eram obrigatórias, mas mero costume que não fazia sentido? Ou com as opções tomadas em relação ao jejum eucarístico, ao sacramento da reconciliação, à penitência? A situação sacramental dos pais e mães, por via das novas relações familiares multipessoais? O valor das respostas a estas interrogações não reside em encontrar os culpados, mas em descobrir soluções para as falhas que nos afligem.

Este foi o inquérito que entregámos aos pais e mães.

Este questionário tem o objectivo de melhorar o que fazemos com as crianças do 6º catecismo. Pedimos a colaboração de mães e pais. As respostas serão tratadas estatisticamente. Não é necessário identificar-se.

1.    O seu filho ou filha prepara-se para fazer a Profissão de Fé. Sabe o que é isso? É capaz de o explicar em menos de uma dúzia de palavras?
2.    Costuma conversar com a sua filha ou filho sobre o que se passa na catequese?
3.    Já conversaram sobre o significado da Profissão de Fé? Já perguntou se ele/ela quer fazer a Profissão de Fé?
4.    Costuma incentivar o seu filho/filha a participar na missa, mesmo que com dificuldades, ou diz-lhe algumas vezes que se não for, não faz mal, vai na semana seguinte?
5.    Daqui a uns meses, estaremos à espera de si e do seu adolescente para frequentar a catequese, no 7º ano. Será uma catequese diferente, já não dirigida a crianças, como até agora. Os catequistas estarão aqui para continuar a anunciar a mensagem de Jesus Cristo. Esta mensagem é importante para si? Vai esforçar-se para que o crescimento espiritual do seu adolescente continue lado-a-lado com a escola e os outros saberes?

Obrigado.
Os catequistas.
Nota: Estas respostas serão tratadas anónima e estatisticamente.

Metodologia

Os inquéritos foram distribuídos no início da reunião e preenchidos em larga maioria antes de se iniciarem os trabalhos. Em determinado momento, gerou-se uma discussão, em torno do último quesito, envolvida em grande polémica e mesmo algum confronto de pais entre si.
Usaremos a palavra pai, daqui em diante com o significado de ‘pai ou mãe’.
Um pai começou por fazer uma intervenção em que afirmou que dava mais valor à formação espiritual que à escolar; disse que a vida era possível, ou podia valer a pena, sem formação escolar, mas não sem a espiritual. E continuou informando que quando havia festas de aniversário de outros garotos, já se sabia lá em casa, que a brincadeira não podia interferir com a missa, e que se faziam conciliações, de modo a poder ir a uma e outra.
Outro pai reagiu, algo irritado e explicou que o filho praticava futebol e que quando havia treino ou jogo, isso era mais importante que a missa e esta ficava para trás. Nem concebia outra interpretação. E esgrimiram-se argumentos.
Outro pai explicou que lá em casa era fácil. Uma semana iam à missa, na outra iam à festa de aniversário, rejeitando a hipótese de conciliação de horários, partilhada pelo primeiro pai, uma vez que “as crianças têm que ter tempo para ser crianças”. Outro defendeu que temos que ceder nalgumas coisas, não podemos “obrigar” sempre a ir à missa. Que se o filho se queixa que a missa ou a catequese são uma seca, não o pode obrigar a ir. Têm tempo quando forem mais crescidos…

Análise aos inquéritos

Na pergunta 1) pedia-se uma identificação da Profissão de Fé, a festa para a qual as crianças se estavam a preparar, bem como as famílias, razão de ser da reunião.
Em 33% das respostas, indicaram que servia para aprofundar a fé ou para confirmar a fé.
Em 42% dos casos, foram capazes de estabelecer uma relação correcta entre o Baptismo e a Profissão de Fé.
Os restantes 25% responderam que os filhos sabiam o que isso era.
Analisando, 33% dos pais fizeram uma dedução pela lógica do sentido das palavras, 25% esquivaram-se a responder por eles mesmo. Enfim, quase metade dos pais sabia que se tratava de uma renovação dos votos baptismais já anteriormente realizados por pais e padrinhos. Não estiveram presentes na reunião os pais de crianças baptizadas tardiamente e que tivessem proferido elas próprias o compromisso.

Embora nós catequistas saibamos que há uma larga taxa de pais com quem não existe habitualmente diálogo das crianças sobre o que acontece na catequese, nem na escola, nem nas outras actividades, 100% dos pais respondeu à pergunta 2) que conversa regularmente com os filhos sobre o que se passou no tempo da catequese. Pretendíamos uma ideia do fenómeno nesta população, em ordem a avaliar as medidas que se podiam tomar para incrementar este diálogo, mas somos levados a concluir que, qualquer que seja a percentagem, os que não dialogam não estão abertos a mudar, uma vez que nem reconhecem o seu comportamento.

O resultado da pergunta 3) pode não reflectir a realidade na perspectiva que tínhamos em mente. Apenas um pai respondeu que não tinha conversado com o filho sobre o significado da Profissão de Fé. Pretendíamos saber se existira um diálogo e uma troca de ideias sobre o assunto. Na quantidade de “sins” estarão certamente englobados muitos casos em que se falou em Profissão de Fé mas não acerca da Profissão de Fé.
A outra parte da pergunta referia-se à tomada de consciência por parte da criança do que ia fazer. Neste tempo pós-conciliar, não pretendemos mais que alguém faça a Profissão de Fé ou receba qualquer sacramento para fazer a vontade à família, mas contrariada, nem por tradição, ou para completar uma etapa da vida (social), ou para atingir um objectivo, porque pareceria mal não ter esse registo no seu currículo.
Não perguntaram aos filhos se queriam fazer a Profissão de Fé 17% dos pais.
Foram evasivas 17% das respostas, o que deixa transparecer que também não colocaram a pergunta aos filhos.
Afirmaram categoricamente que tinham conversado com os filhos sobre eles quererem ou não fazer a Profissão de Fé os restantes 66% dos pais. Não os terão certamente confrontado com a decisão:
- E tu, por ti, queres ou não assumir este compromisso?
Mas terão mantido um diálogo onde terá sido expresso que era essa a vontade dos filhos.

Neste grupo, estava representada uma percentagem anormalmente elevada de crianças que frequentam a missa porque são membros do Coro ou porque são Escuteiros. À primeira parte da pergunta 4), 100% dos pais responderam que incentivam os filhos à participação na missa. Houve quem admitisse que os filhos tinham que ir à missa porque faz parte da norma escutista. Já no que se refere à segunda parte, apenas 2/3 confirmam uma participação regular na missa. Os restantes 33% assumem na resposta ausências devido compromissos como prática de futebol, saídas da família, e culpas diversas assumidas pelos pais.

A concluir, à pergunta 5), todos os pais referiram que era importante a mensagem de Jesus Cristo e saber que os seus filhos eram aguardados pelos catequistas no ano seguinte. Também 100% declararam consideraram importante para o crescimento espiritual dos seus filhos.

Ao longo da reunião, tive oportunidade de contrapor algumas afirmações que foram feitas.
Alguém admitiu que não podia obrigar o filho a ir à catequese ou à missa contra a sua vontade, se ele se queixava que era uma seca, porque não tinha autoridade para tal.
Ora, Jesus respondeu a Pilatos que o poder que ele tinha para o condenar ou o inocentar, provinha de Deus (Jo 19,10-11). Facilmente deduzimos a proveniência divina do poder paternal, é Deus que deseja que os pais exerçam o poder para educar e formar os seus filhos, é mesmo um encargo que recebem de Deus.
A respeito da seca que a missa ou a catequese possam ser (embora não seja de todo conveniente que isso aconteça), convém notar que para uma proporção elevada de crianças as aulas de Matemática são uma seca, mas tal não costuma ser razão para os pais concordarem em que os seus filhos deixam de as frequentar.

Encontramos boas razões para acreditar que uma boa parte destas crianças, entretanto adolescentes, receberá o Crisma no 10º ano de catequese, em consonância com o crescimento espiritual na Fé. Outras chegarão lá um pouco coxas, mas S. Paulo transmite-nos uma Fé imensa na graça divina que se sobreporá a todo o mal (Rom 5,20) e não será de admirar que esses que nos parecem coxos atinjam ainda maior perfeição que os outros. Para isso, os catequistas continuarão a servir o melhor que forem capazes implorando e acatando a orientação do Espírito Santo.

Orlando de Carvalho

17 comentários:

  1. Felicito-vos pela iniciativa, nada fácil mas bem necessária.
    Lendo tudo o que nos indica parece-me que o problema geral é de Fé e falta de conversão.

    A relativização que indica no início e surge nos acontecimentos apresentados parece-me ser esta: a Fé está a ser apresentada e/ou recebida como algo espiritual que completa a pessoa.
    A Fé em vez de partir da consciência/(re)conhecimento de que Deus existe e esta é a Verdade, eu acredito em Jesus e então converto-me e passa a ser Deus e a Verdade o fundamento da minha vida, está a ser apresentada e/ou recebida partindo da consciência de que «Eu» existo e quero ser feliz, é este o fundamento da minha vida e a partir daí na melhor das hipóteses vou ver/receber o que Jesus tem para mim.

    A primeira é o Evangelho, a segunda não é. É a segunda o que transparece no 50% de pais que não foram, nas discussões dos pais e na ideia de crescimento espiritual que é dado na análise.
    Acho que a Fé ou se tem ou não se tem, ou se acredita ou não, o crescimento que pode haver é de vida cristã, da Caridade e do conhecimento/edificação da vida em Cristo. Por isso a Profissão de Fé será dar esse sim eu acredito, então Deus e a Verdade serão o fundamento da minha vida, e nesse caso nem se coloca a questão de ir ou não à missa (entre outras coisas), passam a ser a minha vida (tendo sempre a consideração do Bem e da misericórdia para que sejam feitas não apenas por obrigação, mas com o sentido do dever e do amor).

    Assim parece-me que para os diferentes intervenientes desta situação a Fé/conversão estará na segunda hipótese (Eu existo e quero ser feliz). Estarão a precisar de ouvir novamente o «convertei-vos e acreditai no Evangelho, quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado».

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  2. Se me permite, acrescento algumas questões que há dias coloquei como reflexão sobre a catequese e que pode ser que ajudem para que daqui surjam algumas ideias.
    Tinha colocado aqui: http://enxertadosnacruzdecristo.blogspot.com/2018/05/reflexao-sobre-catequese.html

    São estas, tenho de dividir em duas respostas:

    Algumas questões que colocam Deus no centro, o amar a Deus sobre todas as coisas como fonte e centro da vida cristã para podermos praticar bem o amar o próximo, para ajudar à reflexão sobre a catequese:

    - as crianças e jovens (e respectivas familias) cresceram na prática de vida cristã? (participação na missa, oração habitual, etc.)

    - as crianças e jovens aumentaram a consciência da existência do Deus único e verdadeiro? Cresceram no conhecimento da Verdade que Deus nos revelou?

    - cresceram na Fé tendo consciência da diferença entre crença religiosa e Fé? (crença é acredital em algo que não se sabe bem o quê ou ter a religião como um complemento espiritual da vida enquanto que a Fé é acreditar na existência do Deus vivo e naquilo que nos revelou em Jesus até à morte do último Apóstolo)

    - cresceram na relação com a salvação que nos é concedida, tendo consciência do pecado original e que a salvação é a vida eterna e não uma salvação terrena de felicidade e paraiso na terra? Cresceram na reflexão e conhecimento do que é necessário para a alcançar?

    - cresceram na Esperança, tendo-a como a esperança da vida eterna no Céu e da partilha da vida na Graça de Deus e de que Deus os ajuda a alcançar?

    - cresceram na Caridade de forma que já não seja apenas a solidariedade e fraternidade do mundo mas o viver o amor divino e levá-lo e partilhá-lo com o próximo?

    - cresceram no sentido, origem e destino da vida em que fomos criados por Deus para O conhecermos, amarmos e servirmos, estando a nossa verdadeira felicidade quando repousamos nos braços de Deus?

    - cresceram na vivência e conhecimento de que a vida que Deus nos quer dar é a vida na Graça de Deus?

    - cresceram no temor de Deus vendo-O como Senhor e eles como servos bons e fieis, quer no pouco quer no muito, que aplicam bem os seus talentos e o dom da vida que receberam?

    - cresceram no temor de Deus vendo-O como Pai que os ama, quer que se salvem e quer que partilhem da Sua vida? Reconhecendo a ofença do pecado, do amor que se pratica guardando os Seus mandamentos?

    - cresceram na sabedoria de Deus vendo o mundo e os outros com o olhar de Deus, com amor, justiça, misericórdia e santidade?

    - cresceram na santidade que é abandonar a vida mundana e viver em Deus e para Deus? (aqui encontra-se também o sentido do viver no mundo sem ser do mundo, estamos na mesma no mundo, junto dos pecadores, de quem é diferente e pensa diferente, mas já não temos a mesma lógica mundana, temos a lógica de Deus, de santificação do mundo)

    - os jovens cresceram na edificação da sua vida na rocha verdadeira que é Cristo, único Caminho, Verdade e Vida?

    - os jovens cresceram na noção de que todos somos chamados por Deus a uma vocação de santidade? Esta pode ser seguida no sacerdócio, vida religiosa, matrimónio ou leigo consagrado, devendo cada um avaliar, rezar e discernir segundo o chamamento e vocação/aptidões que tem.

    - os jovens foram ajudados na valorização da vida que Deus lhes deu ensinando-os o caminho do namoro como o caminho da procura da pessoa com quem vão passar a sua vida, auxiliando-se mutuamente na busca da santidade e da Graça de Deus, gerando novos filhos para serem também filhos de Deus? (namoro como preparação para o matrimónio)

    - os jovens reflectiram e foram alertados para os perigos do materialismo, utilitarismo, consumismo e modernismo?

    - os jovens reflectiram e foram alertados para a diferença entre ser cristão e ser humanista cristão?

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  3. - os jovens foram ajudados a compreender a moral natural, a doutrina e preceitos da Igreja como sabedoria de Deus e não como imposições farisiacas?

    - os jovens foram ajudados a compreender que os fariseus impunham regras para além dos mandamentos, limitavam o acesso a Deus e manipulavam a Lei conforme os seus desejos e proveitos e de que Cristo veio aproximar-nos de Deus, na vida que é vivida nos mandamentos, no amor de Deus sobre todas as coisas e no amor ao próximo? Foram também ajudados a compreender o perigo do relativismo e do comodismo que falsifica o amor de Deus como sendo simplesmente a felicidade do Homem, à sua maneira, de forma que como os fariseus escolhe se guarda ou não os mandamentos, tornando-os apenas um ideal?

    - sobre os mandamentos foram ajudados a reflectir e viver os 3 primeiros que se refem a Deus? No amor e dever que é praticado procurando conhecê-Lo e adorá-Lo?

    - cresceram na vivência e noção de que o amor de Deus e a Fé cristã não é uma espiritualidade que escolhemos para enriquecer a nossa vida, da mesma forma que podíamos escolher outra forma espiritual, mas sim a relação com o Deus único e verdadeiro, é abrir os olhos para a realidade do mundo e da vida e a partir do Deus criador de todas as coisas e do Seu Filho edificarmos a nossa vida em Cristo?

    - aos jovens foram dados os intrumentos para crescerem na sabedoria e vida cristã, pelo menos tendo a noção do que existe, e onde podem procurar e edificar-se? (principios da filosofia escolástica, demonstração da existência de Deus, apologética cristã, enciclicas e outros textos da Igreja,etc.)

    - os jovens cresceram e reflectiram na visão escatológica da vida, dos fins últimos do Homem?

    - os jovens reflectiram de que existe um caminho do Bem, da vida, do amor e da paz que é o caminho de Cristo e de que fora d'Ele começa o caminho do Mal, da indiferença e do ódio?

    - cresceram no reconhecimento de que Cristo é Rei, a quem foi dado todo o poder no Céu e na Terra, Senhor do universo, única fonte da paz? Sendo não apenas Rei dos corações mas Rei a partir do qual se edifica a sociedade e a vida? Que devemos restaurar e edificar todas as coisas em Cristo?

    - as crianças e jovens foram ajudados a crescer na oração, no silêncio, meditação e contemplação?

    - as crianças e jovens sabem e sentem que o pároco é como Cristo, doa a vida para a nossa santificação e salvação, não é apenas animador de uma comunidade?

    - as crianças e jovens sentem e vivem a missa como oração para honrar e glorificar a Santissima Trindade, como agradecimento a Deus por todas as graças recebidas, como satisfação da justiça de Deus pelos pecados dos Homens e como fonte de todas as graças e bençãos para nós, para os pecadores e para os que partiram a caminho do Pai?

    - as crianças e jovens reconhecem, sentem e vivem Cristo presente na Hóstia Sagrada, presente em Corpo, Alma e Divindade?

    - as crianças e jovens na missa foram ajudados a colocarem a atenção em Cristo, a abrirem-se ao silêncio e a unirem-se intimamente a Cristo recebido na Hóstia Sagrada?

    - aos catequistas aplicando a si mesmos as questões acima, onde está Deus para mim e onde está a fonte e centro da minha vida cristã?

    - aos catequistas, a minha entrega e missão está edificada no levar o Evangelho a toda a parte, ajudando e ensinado as crianças e jovens a viver a vida cristã, a edificarem-se em Cristo, crescerem na Fé e na Verdade conhendo melhor Deus e o que nos revelou?


    Espero que possa ajudar.

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  4. Pode-me, por favor, responder a uma questão que ainda não consegui compreender e que pode ser que ajude a perceber o que se pode fazer?
    Na análise indica-nos o que neste tempo pós-conciliar não se pretende ter como motivo e modo de fazer a Profissão de Fé ou a receber outros sacramentos.

    Actualmente qual é o motivo e modo pelo qual se pretende que se faça a Profissão de Fé e receba outros sacramentos?

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  5. A resposta a quase todos os seus comentários e interrogações nos três primeiros comentários é a descristianização que vem assolando a Cristandade. É uma afirmação simplista mas que expressa o que penso.
    Neste tempo pós-conciliar, e sem fazer comentários ao tempo pré-conciliar, porque o factor descristianização que referi é "omnipresente" e está a influenciar todo o processo, o importante é as pessoas terem consciência dos compromissos (e os sacramentos são também compromissos) que assumem, e fazerem-no de livre vontade.
    Dou o exemplo simplista do casamento. Se as pessoas tivessem consciência do sacramento e o recebessem apenas se estivessem dispostas a cumprir, as coisas seriam diferentes.
    A sociedade "cristã-judaica", e não só, claro, concedia aos homens a liberdade da infidelidade no casamento, ao mesmo tempo que exigia às mulheres fidelidade (ser e parecer) e as punia em caso de infidelidade ou suspeita, muitas vezes com a morte.
    Nestes tempos, uma proporção grande de pessoas entende que os direitos têm que ser iguais para homens e mulheres. Transpor isto para a realidade do casamento devia ser a consciencialização dos homens da sua dignidade, da da mulher e do casal, vivendo ambos em fidelidade conjugal. Aconteceu o contrário, nivelou-se por baixo: se ele tem relações extra-conjugais, então ela tem direito a tê-las também. O mesmo se passou com o tabaco, cujo consumo entre as mulheres aumentou drasticamente. A opção da maioria não foi os homens deixarem de fumar (embora nos homens o consumo esteja a diminuir), mas as mulheres fumarem com a mesma "liberdade" que os homens.
    Transponha para a Profissão de Fé e outros sacramentos.

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    1. Obrigado por responder, "terem consciência dos compromissos (e os sacramentos são também compromissos) que assumem, e fazerem-no de livre vontade" também me parece ser um bom motivo e modo para se aceder aos sacramentos. Os exemplos que dá ilustram bem o problema.

      A descristianização penso vir a ocorrer desde a Renascença, existe a sedução da liberdade sem Igreja, sem Cristo e sem Deus, culminando numa liberdade, igualdade e fraternidade com valores humanistas alternativos a Deus.
      Contudo a oposição do mundo a Cristo vem indicada nos Evangelhos, temos de contar com ela, é normal que o mundo não ajude e nos nossos tempos para além de não ajudar, e se opor, seduz com valores, distrações e salvações alternativas a Deus.

      Tendo pensado sobre isto e vendo o que ocorre aqui na minha paróquia e em outras, penso que será um problema geral, parece-me que nós na Igreja em vez de transmitirmos a Fé e ajudarmos à conversão estamos apenas a dar uma opção/forma de vida.

      Mas, Jesus no Evangelho quer que acreditemos no Deus único e verdadeiro e na Verdade que nos revelou, Deus criou-nos para o conhecermos, amarmos e servirmos, no mundo sem Jesus já estávamos condenados e a lógica e valores do mundo são contrários à lógica e valores de Deus. Isto é fundamental, sem acreditar e sem conversão temos apenas uma ilusão. Sem uma vida cristã guardando os mandamentos, amando a Deus sobre todas as coisas e sem Caridade não temos nada, reduzimos Jesus e a salvação apenas a esta vida, a um complemento opcional, que até pode ser extraordinário mas opcional. Quem acreditar será salvo e quem não acreditar será condenado, sem Jesus já estava condenado. Não é apenas algo opcional como complemento à nossa vida, é fundamental, ou temos a Vida ou não.

      O que tenho visto que transmitimos é:
      - A Esperança de um mundo melhor e que Jesus nos ajuda nesta vida, contudo o catecismo e o Evangelho indicam que a Esperança é na vida eterna, no Céu, de fazermos parte do Seu Reino e de que Deus nos ajuda a o alcançar.
      - Jesus é apresentado como um grande amigo e/ou o melhor amigo que podemos ter, contudo o que Jesus nos pede é para nos convertermos e pelo baptismo tornarmo-nos Filhos de Deus, é completamente diferente. No primeiro caso a vida é minha e Jesus vem a melhorar, no segundo a vida já não é apenas minha, é de Deus que me criou e quer que me salve, tem um propósito que vai além da existência neste mundo, já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim, como indica São Paulo.
      - Na festa da Vida damos novamente a entender que Jesus nos vem dar uma vida plena e realizada, quando na verdade o que nos vem dar é a possibilidade de vivermos na Graça de Deus e de alcançarmos um dia essa plenitude e realização no Céu.

      Na discussão que indica dos pais aparece claramente a parábola do grande banquete (Lc 14, 15,23) onde os convidados se vão esquivando de comparecer por várias razões, alguém lhes falou que o que estão a fazer é colocar em causa a salvação? Jesus diz que quem o ama guarda os Seus mandamentos, nos 3 primeiros está o dever de transmitir a Fé aos filhos e os educar na Fé e vida cristã, sem conversão de vida é tudo uma ilusão. João Baptista no episódio dos fariseus que vinham se baptizar mas não mudavam de vida indica que é tudo uma ilusão se não houver conversão (Mt 3, 7,12).

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    2. Isto pode parecer duro mas é o Evangelho, o Concilio Vaticano II indica o mesmo na Lumen Gentium 14:
      "[Os fiéis católicos] não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar....Não se salva, porém, embora incorporado à Igreja, quem não persevera na caridade: permanecendo na Igreja pelo «corpo», não está nela com o coração (26). Lembrem-se, porém, todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida aos méritos pessoais, mas sim à especial graça de Cristo; se a ela não corresponderem com os pensamentos, palavras e acções, bem longe de se salvarem, serão antes mais severamente julgados (27)".
      A nota de rodapé 27 refere a importância de uma conversão, mudança de vida, não é apenas algo que complementa ou torna a nossa vida no mundo melhor, inclui referências a (Lc. 12, 48), (Mt 5, 19-20), (Mt 7, 21-22), (Mt 25, 41-46), (Tg. 2,14).

      No Concilio Vaticano II na Lumen Gentium 16 aparece uma salvação mais lata mas para quem não tem mesmo hipotese de conhecer a Igreja nem o Evangelho, o que não é o nosso caso.

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  6. É pena não haver mais comentários, principalmente de quem tem dificuldade de seguir ou compreender o compromisso. Era importante partilharem as dúvidas e dificuldades, a Igreja existe para ajudar.

    Deixe-me só acrescentar o exemplo daqui, que tenho reparado também acontecer noutros locais.
    Aqui tivemos a festa da Esperança, do 5º ano, em que toda a festa se resumiu a uma esperança para a nossa vida aqui, para a comunidade e para o mundo, não houve nada que falasse às crianças sobre o Céu, a eternidade. Pareciamos pagãos que apenas acreditam em algo mas não sabem bem o quê.
    Na festa da Vida, do 8º ano, aconteceu o mesmo, a única referência à vida foi sobre a vida na terra, uma vida plena e realizada, onde nem se referiu ao menos o viver na graça de Deus, muito menos se referiu a vida do mundo que há-de vir quando o Senhor restaurar o Seu Reino, do Céu e do que fazer para o alcançar.
    Na festa da Profissão de Fé, aconteceu o mesmo, o sacerdote indicava que as crianças estavam ali para agradecer aos pais pelo baptismo pelo qual os pais pretendem que as crianças tenham um grande amigo que é Jesus. Tirando o texto oficial da profissão de Fé durante a festa não houve nenhuma referência a Deus, à Fé, à Verdade, conversão e compromisso. Em relação a Deus ficou-se por Jesus e este apenas como um bom amigo, ao menos indicando que é um verdadeiro amigo porque também é exigente, sabe dizer não. Tudo na festa era pagão, palmas, louvores e agradecimentos aos pais, catequistas, padre, para Deus e sobre Deus nada. Nem se concluiu a oração após a comunhão depois de comungarmos, colocando-se antes dela os tais paganismos de adoração comunitária.
    Festa das bem-aventuranças, do 7º ano, novamente tudo se resume a um mundo melhor, nenhuma referência da relação entre as bem-aventuranças e o cumprir a vontade de Deus, o sentido do dever, de praticar o Bem e fazer o que é correcto, não, pratica-se porque queremos um mundo melhor.
    Festa do envio, apenas uma ideia genérica sobre levar o amor de Deus ao mundo, que é tão genérico e sem base de Fé nenhuma que traduz-se por uma fraternidade entre os Homens. Nenhuma referência sobre a transmissão da Fé, vocações, sobre a diferença entre o mundo e Jesus.

    Sobre as outras festas não sei mas vendo que o catecismo do 1º ano começa logo por nos mostrar Jesus como o nosso amigo fico com pena das crianças e dos seus pais.

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  7. Um achega para a discussão: http://www.familiasdecana.pt/blog/da-nascente/em-cana-da-galileia/e-se-algumas-propostas-para-a-catequese-em-portugal/

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    1. Obrigado Helena Barros por partilhar, deixei lá um comentário.
      Tem algumas ideias boas, mas continua a ser necessário transmitir a Fé aos pais. É uma geração que não a recebeu.
      Falta-lhes receber a Fé e a Verdade, ajudar a acreditar e a converterem-se. A terem o olhar a partir de Deus porque é isso o justo e verdadeiro a fazer e não apenas porque é bom para mim.

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  8. Diz o catecismo:143. Pela fé, o homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura chama «obediência da fé» a esta resposta do homem a Deus revelador.

    Onde aprendemos essa «obediência da fé»? O problema é a descristianização de nós mesmos, na igreja.

    Enquanto explicamos que as roupas brancas ou claras não eram obrigatórias, mas mero costume que não fazia sentido o mundo indicou que até para a festa do último ano do infantário usam cartola, capa e bengala. Onde aprendemos essa «obediência da fé»? Só aprendemos a obediência à humanidade.

    Esquecemo-nos de Deus e de fazer a Sua vontade, de aprender com Ele, de sermos como Cristo. Estamos demasiado centrados em nós. Queremos ser o centro da atenção, temos a tentação de colocar o Homem no lugar de Deus. O mundo é assim, é normal, mas nós não podemos ser.

    Onde está a «obediência da fé» na missa quando a queremos tornar uma festa em vez de ser o Calvário, o oferecimento que Cristo oferece ao Pai na unidade do Espirito Santo?
    Felizes os simples e humildes que iam assistir à missa oferecida a Deus e pobres de nós orgulhosos que queremos uma festa da comunidade. Felizes os simples e humildes que iam assistir à missa oferecida a Deus para unirem-se a Deus, perdir perdão pelos pecados e pobres de nós orgulhosos que queremos unir-nos numa comunidade de irmãos. Grande ilusão que coloca de fora a maioria dos católicos.

    Do catecismo:
    161. Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n'Aquele que O enviou para nos salvar. «Porque "sem a fé não é possível agradar a Deus" (Heb 11, 6) e chegar a partilhar a condição de filhos seus; ninguém jamais pode justificar-se sem ela e ninguém que não "persevere nela até ao fim" (Mt 10, 22; 24, 13) poderá alcançar a vida eterna».

    Quando vamos ensinar a «obediência da fé»?

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  9. Acredito que o problema acontece por causa do relativismo, que leva ao indiferentismo. Muitos católicos estão na Igreja Católica por hábito apenas, acham que qualquer crença em Jesus salva, ou qualquer coisa salva. Uma geração que pensa assim não transmite bem a fé a seus filhos, porque não se importa o suficiente, e esse comportamento em poucas gerações leva ao secularismo. Possivelmente é motivado também pelo costume de deixar a educação dos filhos nas mãos dos outros.

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  10. Viva a todos e obrigado por participarem.
    Tenho estado algo ausente daqui, e continuo, mas espero estar mais presente a partir de Agosto (ou Setembro). Incluindo nesta conversa.
    Deixo já algumas notas.
    Nºs 56, 57 e 58 do Directório Geral da Catequese. Aqui em versão brasileira: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con_ccatheduc_doc_17041998_directory-for-catechesis_po.html

    Quanto aos católicos na Igreja por hábito, trata-se de um fenómeno que felizmente por uns motivos e infelizmente por outros é cada vez mais raro. Cada vez mais as pessoas têm consciência das implicações (ou mesmo apenas uma ideia) e se afastam para não assumir compromissos. Outros aproximam-se precisamente por desvendarem na Igreja Fonte de Salvação.

    Claro que a fonte dos problemas é a descristianização. No passado partia-se em missão para as terras longínquas e hoje a ausência de Cristo e da Cruz começa ao nosso lado e tende a expandir-se.

    Quanto às festas da Catequese e seu significado, vivência e aproveitamento.
    Temos um ponto de partida no Directório Geral da Catequese. Não estou em casa e o que encontro no site do Vaticano é versão brasileira e tenho dificuldade em procurar algumas coisas. Sim. Ele explica que mesmo quando as crianças (isto não se aplica aos adultos) chegam à catequese pelas más razões (fazer a primeira comunhão, fazer a profissão de fé, receber o baptismo, para fazer a família feliz, ou receber o Crisma para ser padrinho, ou qualquer destas etapas para progredir dentro da organização escutista), cabe à equipa de catequese (pároco, sacerdotes, catequistas) utilizar a presença dessas crianças de modo a quem entrem em contacto com Jesus (e apresentá-lO como amigo é um bom começo), se entusiasmem com o processo catequético e fiquem para além da coisa corriqueira que procuravam. E isto até acontece às vezes simultaneamente com o facto de os pais não permitirem a continuidade na catequese.

    Estarei ausente algum tempo.

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  11. Também respondi no blogue citado pela Helena Barros

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    1. Coloco também aqui a minha resposta à questão "Que é acreditar em Deus?"

      É acreditar no Deus único e verdadeiro que Jesus nos revelou.
      Aqui inclui-se acreditar na Vida que vai para além do mundo, onde Deus nos amou ainda antes de existirmos e que quer que alcancemos essa Vida plena no Seu Reino.
      Inclui-se acreditar na Verdade que nos indica que no mundo somos peregrinos para a nossa verdadeira casa que é o Céu e que no mundo estamos presos ao pecado e à morte eterna, cuja libertação obtemos pela Graça de Deus. Que fomos criados por Deus para O conhecermos, amarmos e servirmos.
      Inclui-se acreditar no Caminho que é o próprio Jesus, Verbo de Deus, nosso Pastor e Guia que nos conduz na Graça de Deus para alcançarmos o Seu Reino, cumprindo a vontade de Deus. Caminho que mais do que nos humanizar e ajudar a formar uma comunidade de irmãos nos inscreve no Livro da Vida.
      Inclui-se compreender o abismo que nos separava de Deus e que só com o Seu auxilio conseguimos alcançar a Salvação, que devemos perserverar na Fé e nas boas obras, permanecer na Igreja por Ele fundada, que é o Corpo Místico de Cristo, começo e semente do Seu Reino na Terra.
      Inclui-se compreender que o pecado para além de nos desumanizar e afastar dos irmãos nos afasta da Graça de Deus e da Salvação.

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  12. O problema não é gramatical. É saber como se acredita na prática, como se reliza isso.

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    1. Realiza-se da seguinte forma:
      A Fé é acreditar em Deus e no que nos revelou.
      Perante a transmissão do depósito da Fé (o que indiquei na outra resposta) o Homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, dá assentimento a Deus revelador, auxiliado pela Graça de Deus.
      Mas para ser movido a acreditar e procurar a Fé é necessário primeiro ser movido pela Graça de Deus, o Homem sozinho não o consegue fazer.
      Porque então alguns não acreditam e não procuram, Deus não lhes dá essa Graça?
      Pelo contrário, dá e deu-lhes possívelmente várias vezes, mas o Homem se estiver ocupado e distraído em obras que não são boas não repara na Graça e afasta-a:
      "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus." (Jo 3, 18-21)

      Assim na prática são necessárias duas coisas:
      - Transmitir a Verdade, o depósito da Fé completo e não apenas as coisas boas e humanamente bonitas
      - Proporcionar às pessoas momentos onde a Graça possa agir e elas se possam abrir e descobrir a Graça que lhes está a ser dada para se moverem a caminho da Fé

      Por isso para o primeiro ponto é importante não reduzirmos Jesus a um bom amigo, à alegria do Evangelho, ao amor, esquecendo que somos chamados a ser Filhos de Deus, falar da salvação e do pecado de forma clara, temos de falar do Caminho, da Verdade e da Vida e não apenas numa espécie de salvação no mundo, numa vida melhor, temos de falar na vida na Graça de Deus. Tudo não porque é bom para nós mas porque é o justo e verdadeiro.

      Por isso para o segundo ponto é tão importante não se reduzir a missa a convivio comunitário, celebração da alegria e da fraternidade entre os irmãos mas dar espaço ao oferecimento, ao silêncio, aprender a rezar intimamente, ver o Calvário no Altar, dar espaço à devoção e à piedade, aprender a simplesmente estar na casa de Deus e não estar sempre ocupado num levanta/senta/canta/responde.

      Por isso para o segundo ponto é tão importante aprendermos a fazer as coisas para Deus sem termos de colocar-nos sempre no centro das atenções, a área do santuário da igreja é um bom exemplo onde em vez de se tornar sagradamente um espaço onde tudo é dedicado a Deus como quem abre uma janela para o Céu não faltam ali elementos humanos como faixas com palavras, adornos como se fosse um palco a falar da nossa vida no mundo, onde se retiraram os santos e a beleza, onde se retirou o sacrário, onde o padre se torna o centro da atenção, tudo coisas que tapam a vista da janela para o Céu.

      Por isso para o segundo ponto é tão importante termos igrejas belas onde se entra e se respira logo uma atmosfera diferente. Precisamos de tornar o nosso agir e as nossas comunidades em espaço de devoção e piedade.

      Transformamos tudo de forma a ser humanamente enriquecedor, onde se celebra a alegria e o amor, isto para quem acredita até pode ser bom mas esquecemo-nos dos que não acreditam, colocamo-nos entre eles e a Graça que lhes estava a ser dada. Estamos a dizer-lhes vê-de como é belo acreditar mas eles sem a Graça inicial não vão perceber.

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