segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A pensar nas Jornadas Mundiais da Juventude de 2022

A propósito das Jornadas Mundiais da Juventude 2022 veio-me à memória aquela história do homem que todas as semanas ia à Igreja e chorava porque não lhe tinha saído o prémio da lotaria e rogava para que lhe saísse na semana seguinte. Isto sucedia todas as semanas, até que um dia ouviu uma voz troar forte sob a abóboda:

- Por que deixas todo o trabalho para Mim? Não achas que devias, ao menos, comprar uma cautela?



Como católico e como português desejo ardorosamente que todo o processo JMJ Lisboa 2022 seja bem planeado e executado, com muito fruto para todos os participantes.

Mas assomem tantas coisas à minha memória, tantas oportunidades perdidas. As intenções que não passaram disso. As empresas são um presente, mas devem projectar um futuro. O missionário que morreu quando o barco naufragou ao sair a barra do Tejo não realizou missão alguma, mas está justificado. Ao contrário do que andou muitos anos em terras de missão, sem projecto, sem alma, sem ânimo, sem confiança, sem trabalho e voltou revoltado com a inocuidade da sua estadia nas terras de missão.



Surge da minha memória o Congresso Internacional para a Nova Evangelização que começou muito mal porque sendo organizado pelos cardeais de Viena, Lisboa, Paris, Bruxelas e posteriormente Budapeste, para decorrer nas suas dioceses, privilegiando os fiéis locais, adoptou como sigla a tradução para inglês ICNE - International Congress for the New Evangelization.

Foram momentos importantes e de fé, para os participantes, a presença nos trabalhos em cada cidade, o convívio e o diálogo privado em que puderam trocar impressões acerca das suas realidades, mas quando acabou, acabou mesmo, quase completamente, não obstante algum resquício ali ou acolá.

Desde Viena que se tinha percebido a ansiedade dos fiéis por igrejas abertas. O que se confirmou nas sessões que se seguiram nas outras cidades. Mas nestes dias que vivemos, onde há igrejas abertas? Onde há quem acolha, dentro das igrejas a qualquer hora. Quando as portas não estão sistematicamente fechadas, certamente não se deve a tratar-se de local de culto, mas de peregrinação de turistas em busca de obras de arte e de fotografias. E neste caso, quantas igrejas vedam a entrada a fiéis classificados como suspeitos de serem turistas? Ainda que o fossem, como impor-lhes, para ir rezar dentro da igreja, pagarem bilhete de entrada? Não é só em Portugal, infelizmente é caso frequente por essa Europa dita Cristã.



Penso no insucesso da Expo 92, em Sevilha, que atingiu os objectivos enquanto feira, mas se guindou num desastre financeiro e na sequência se transformou num cemitério de ferro, plástico e madeira. Aprendendo com os erros dos espanhóis, a Expo 98, em Lisboa, foi um sucesso, no antes, no durante e no depois. O investimento para a erecção do projecto foi amplamente recompensado com a edificação no Parque das Nações, no local e com os meios que tinham permitido a Exposição Mundial.



Resumindo, constatamos que o ICNE foi uma Expo 92 e ansiamos que as JMJ 2022 sejam uma Expo 98. Que dê fruto e que esse fruto se eleve como nuvens de incenso.

Orlando de Carvalho 

A imagem é uma montagem do autor do texto com fotografias da Internet

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