Ano de São José e da Alegria na Família
Ressoam continuamente as palavras que ao longo dos milhões de anos desde a Criação, mais directamente nos são dirigidas
Deus disse:
- Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.
Deus criou o homem à sua imagem;
à imagem de Deus Ele o criou;
e criou-os homem e mulher. (Gén 1, 26-27)
Afinal que imagem e semelhança existe entre Deus que é Bondade, Caridade, Omnipotência, Omnipresença, Misericórdia e nós, pessoas humanas, que não conseguimos ser nada disso e se e quando o somos é excepcionalmente, porque por qualquer razão dentro dos nossos corações parece existir uma semente que os endurece e se alimenta de sangue e vingança?
Jesus pediu-nos e ordenou-nos que fôssemos perfeitos como o é o Pai do Céu. E continuamente falhamos.
Qual a diferença entre ser imagem e ser semelhança de Deus?
Deus vive, Ele é a vida, mas nunca esteve sozinho porque tem uma relação com a sua Palavra, Jesus Cristo Palavra de Deus, que é uma relação de Amor e essa relação de Amor entre Deus Pai e a sua Palavra, seu Filho, é uma terceira pessoa que existe em Deus, o Espírito Santo.
É desta comunidade divina, Pai, Filho e Espírito Santo que nós somos imagem, porque também fomos criados comunidade “criou-os homem e mulher”. Ninguém vive sozinho, ninguém ama ou se ama sozinho. O amor entre Pai, Filho e Espírito Santo projecta-se no amor entre homem e mulher. E como Deus manda depois “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei e submetei a terra” (Gén 1,28), esse amor perspectiva-se no amor dentro da família, que devia ser semelhante ao amor entre as pessoas da Santíssima Trindade.
Falhámos!
Deus enviou profetas e continuámos a falhar.
Finalmente uma pessoa da Trindade Santíssima, a Palavra de Deus, ou Verbo, fez-Se carne e osso com uma anatomia e fisiologia idênticas às nossas e veio estabelecer morada entre as pessoas. Falando a nossa linguagem, deveria ser mais fácil entendermos o Projecto de Deus. O nosso falhanço parece ter sido ainda maior que anteriormente, pois amordaçámos a Palavra e assassinámos o Filho de Deus.
Voltemos atrás. Para vir até nós, Deus precisou de um homem. De certo modo, o único homem com quem consigo imaginar uma relação de gratidão da parte de Deus: José. Este carpinteiro pôs em causa toda a sua vida para cumprir o que Deus lhe pedia, a vida, a honra, o bom nome, sem saber o que fazia, nem para que o fazia. Aceitou como esposa uma mulher grávida, com quem não tivera relações, abandonou a sua terra, família, haveres e partiu para o desconhecido com a esposa e o filho dela, acolhendo-os como sua família.
É verdade que como diz uma canção, Deus precisa de todos nós, muito mais do que poderíamos imaginar, mas sem um José que aceitasse sem questionar as palavras de Deus que se chegavam de modo misterioso, em sonhos, que estivesse disposto a rebaixar-se tanto, a história da Encarnação de Jesus poderia ser diferente.
Ao longo dos séculos, a família humana como instituição sofreu muitas mudanças. Falamos muitas vezes das famílias como eram antigamente, mas estamos a referir-nos apenas há 50 ou 100 anos atrás. Certo é que a família constitui a célula base do tecido social humano, onde as pessoas começam, se desenvolvem e se tornam membros plenos da sociedade.
Porém a sobrevivência da família nada tem de fácil porque são incontáveis os ataques contra ela e os seus membros. Sem nos substituirmos ao Velho do Restelo, podemos evocar a televisão, os meios de comunicação, a publicidade sempre enganosa, a maldade que põe em causa as crianças, os pais e as mães: prostituição, adultério, estupefacientes, álcool, cobiça e inveja, preguiça.
A Igreja e a sociedade em geral tem lidado com estes ataques muito mal nas últimas décadas.
Nós cristãos católicos sempre soubemos que o nosso advogado principal nesta causa é São José, esposo de Maria e pai putativo de Jesus, homem a quem Deus confiou a guarda da sua família. Que melhor pessoa, então, para guardiã das famílias do nosso tempo.
Nessa certeza, o Papa Francisco dedicou 2021 a São José e estabeleceu um Ano da Família Amoris Laetitia com início na Festa de S. José, 19 de Março de 2021 e termo a 26 de Junho de 2022. Também remodelou os termos da celebração da Festa dos Avós, de modo a permitir que um maior número de fiéis a possa celebrar em Eucaristia.
Encabeçados pelo nosso Papa, marchemos de cabeça erguida porque a família não morreu nem morrerá nunca. Basta que todos nos empenhemos com ardor nesta causa. E o ponto de partida até poderá ser o clássico adágio “Família que reza unida, permanece unida”.
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TENTEMOS SER PEDRAS VIVAS DA IGREJA
Orlando de Carvalho