quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Árabes, Judeus, Palestinianos, todos irmãos biológicos

 


 

 

 

SEMITAS

 

A palavra semita tem origem no relato bíblico da descendência de Noé, onde se afirma que gerou três filhos: Sem, Cã e Jafet. Semitas biologicamente seriam os descendentes de Sem. Ainda de acordo com o Livro do Génesis, que enumera diversas gerações na descendência de Sem, encontramos Abraão.

Para os linguistas a palavra semita refere-se a um conjunto de línguas e aos povos que as falavam e que são de um modo genérico, mas não exaustivo hebreus, árabes, fenícios, sírios, caldeus, que se estende a línguas faladas por povos do Magrebe, do Corno de África e ao aramaico, a língua falada por Jesus.

Estudos recentes indicam que judeus e árabes partilham o mesmo ADN.

Sem grande aprofundamento científico, entendemos que todas as guerras do Médio Oriente, entre xiitas e sunitas, entre judeus e árabes, entre todos aqueles povos, são guerras fratricidas. Eles são irmãos, biblicamente falando, linguisticamente falam ramos da mesma língua original comum e biologicamente também.

A existência de Abraão personagem bíblica, não tem, até hoje, qualquer fundamento científico. Acredita-se na existência de Abraão por uma questão de fé. Calcula-se que terá vivido entre 2 000 e 2 500 anos A. C.

Podemos retroceder a Abraão para tentar encontrar uma razão para as guerras entre os povos semitas do Médio Oriente.

O relato bíblico refere que Abraão teve dois filhos de duas mulheres, primeiro Ismael da escrava Agar e depois Isaac da esposa Sara. Posteriormente terá tido outros filhos. As mulheres, Agar e Sara, tiveram ciúmes entre si que projectaram nos seus filhos. Sara, a esposa legítima, fez com que Abraão expulsasse Agar e o seu filho para o deserto. Abraão acedeu, pois Deus lhe prometeu cuidar da mãe e do filho e a Bíblia refere que de Ismael descem os povos do deserto, os nómadas.

Isaac teve dois filhos Esaú e Jacob, este mais tarde chamado Israel. Jacob enganou seu pai e seu irmão, com a ajuda da mãe, Raquel, para ganhar a herança plena só para si. É este Israel, neto de Abraão, que dá o nome ao país e ao povo hebreu.

Sempre com ciúmes, invejas, fraudes, mentiras, este povo foi seguindo o seu caminho, sempre fiel na adoração ao Deus que se revelara a Abraão, o Deus único. É este o relato bíblico.

Os muçulmanos, a partir de Maomet, consideram-se herdeiros legítimos de Ismael. Na descendência de Israel, viria a nascer Jesus Cristo. As três religiões monoteístas encontram-se todas num ascendente comum, Abraão, e são legitimamente irmãs e os seus seguidores são irmãos e filhos do mesmo Pai, o Deus de Abraão.

Os hebreus esperam por um Messias enviado por Deus, mas quando Jesus chega e Se revela o Messias, por milagres, testemunhos e palavras, os hebreus matam-no, dando continuidade à história de ciúmes, crimes, mentiras, sempre em nome de Deus, que misericordiosamente lhes irá perdoando todos os pecados.

Após o homicídio de Jesus, os judeus continuam belicosos e os seus guerreiros realizam várias revoltas contra os invasores romanos. Estes finalmente submetem os judeus na sequência da maior revolta contra o Império, cerca do ano 70 a 74 e exterminam-nos. Quase. Uns judeus são escravizados, outros mortos, alguns continuaram na Judeia, grande parte emigrou, distribuindo-se por quase todo o mundo, realizando a Diáspora do povo judeu, porém uma parte muito significativa, e que são glorificados até hoje pelo povo judeu, suicida-se para não serem vencidos e subjugados pelos romanos, usando a mesma técnica que com que matavam ovinos e caprinos, o corte da jugular. Estes suicidas pertenciam essencialmente a um grupo guerreiro, os sicários. Seguem-se quase 2 000 anos em que a religião, entretanto fundada por Maomet se expande no Médio Oriente, os Cristãos se propagam por todo o mundo e os Judeus, em muito menor número, também se expandem por todo o mundo, embora sofrendo vários tipos de perseguição, desde a Inquisição até ao III Reich. Depois, as nações vencedoras da II Guerra Mundial decidem criar condições para os judeus voltarem à sua terra de origem da Diáspora, Israel. Ora, nem todos os judeus tinham partido, muitos ficaram sobrevivendo, sob o Império Romano, primeiro, e depois sob os vários povos que dominaram a Terra Santa, a que os romanos chamaram Palestina. Quando os judeus de todo o mundo começam a voltar à sua terra de partida, encontram lá os seus irmãos que tinham ficado e a quem os romanos tinham chamado palestinianos, nome que deriva de filisteus (da Filistina). Todavia, palestinianos e judeus não se quiseram reunir. Os palestinianos não queriam ceder as terras que ocupavam e os recém-chegados judeus, com o apoio principalmente de franceses e ingleses, tentavam desocupar essas terras para as ocuparem eles. Os povos em redor, genericamente denominados árabes, mas que não eram todos árabes, mas uma miscelânea essencialmente semita, também se sentiram ameaçados pela instalação dos recém-chegados da Europa, da América, de África, tudo gente rica, com grandes conhecimentos académicos, em comparação com os que habitavam o Médio Oriente, tudo gente pobre e pouco ou nada alfabetizada.

Em 14 de Maio de 1948 é declarada a independência do estado de Israel. Menos de 24 horas depois, o jovem Estado é invadido pelas forças armadas de Egipto, Síria, Iraque, Líbano e Jordânia. Israel conseguiu resistir e a ONU restabeleceu a paz. Uma paz precária, porque os ataques de guerrilheiros dos países vizinhos eram constantes. Em 1956 os países árabes expulsam as forças da Paz da ONU e preparam um ataque a Israel. Numa guerra que durou oito dias, os israelitas expulsaram os invasores, tomaram o Sinai e a Faixa de Gaza e obtiveram diversas vantagens logísticas.

Em Maio de 1967, os egípcios voltam a mandar retirar as forças da ONU e concentraram forças, juntamente com os jordanos e os sírios em torno de Israel. Perante o cenário, Israel lança um grande ataque de surpresa e destrói a força aérea destes países ainda no solo e ao fim de 6 dias, foi a Guerra dos Seis Dias, tinham conquistado vasto território aos seus vizinhos, que se renderam incondicionalmente e humilhados.

É então que se coloca a sério a questão dos palestinianos. Entre os judeus que retornaram a Israel estão os judeus ortodoxos, aqueles homens de tranças que, quem não visitou Israel já viu no cinema ou na televisão. Estes são os herdeiros dos fariseus do tempo de Jesus, que seguem os escritos bíblicos formalmente, se consideram santos e têm tido diversos privilégios, por exemplo em relação ao cumprimento do serviço militar.

A ONU, logo em 1947 aprova a constituição de dois Estados na Terra Santa, um judeu (Israel) e outro árabe (Palestina), sendo que os palestinianos professavam livremente a religião judaica, uns, outros, o Islão e ainda outros eram cristãos. Muitas resoluções da ONU (centenas) confirmam o reconhecimento de dois Estados, mas Israel nunca reconheceu nem permitiu que tal acontecesse.

Pelo contrário, nos territórios onde vivem os palestinianos, continuamente o Estado de Israel expulsa-os das suas casas, das suas terras, para lá colocar judeus que continuam a chegar de todo o mundo em busca de uma terra e uma casa, à custa da expulsão pela força de quem lá vive.

O Presidente Donald Trump ao assumir inopinadamente resoluções a favor de Israel exacerbou ainda mais os ânimos.

Sem expectativas de vida, os palestinianos revoltam-se tomam atitudes terroristas, com o apoio dos países e organizações árabes que também querem expulsar os judeus.

Os países em redor apertam o cerco a Israel, Israel confina cada vez mais os palestinianos e trata-os como se não fossem humanos. Os vizinhos também tratam os judeus da mesma forma.

Quem é pai ou mãe sabe que é normal os filhos brigarem, normalmente continuam amigos, outras vezes tornam-se inimigos.

Temos o caso da Península Ibérica, onde se desenrolaram várias guerras ao longo de séculos, mas onde existe uma esperança contínua de harmonia e amizade.

No caso da Terra Santa não existem indícios de que haja desejo das partes em viver em harmonia. Como vimos inicialmente, são irmãos em todos os sentidos. O principal obstáculo à paz tem sido a existência de vários grupos, que ardilosamente apelam e incitam à guerra, inventando falsos argumentos. Eles são irmãos.

Deus de Abraão estende um longo manto de paz sobre estes incontáveis filhos de Abraão, mais que as estrelas do céu, mais que os grãos de areia, conforme a tua promessa ao nosso pai comum na fé.

 

 Orlando de Carvalho

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