Os aniversários são momentos de
celebração ou comemoração, mas não substituem a realidade do aniversariante.
A quê ou a quem serve a
fraternidade e a partilha no Natal se elas não existirem durante todo o
restante ano? Pode, claro, servir para dar algum conforto aos beneficiados, mas
não para lhes melhorar significativamente a vida, para os fazer mais feliz. Apercebendo
do facto, até dizem que Natal é quando um
homem quiser. Quer dizer que podemos oferecer a felicidade do tempo de
Natal às pessoas durante umas horas, um dia, uns dias ou o ano inteiro.
O mesmo se passa com as
flores oferecidas para um… que já morreu. Em vida, se todos os que oferecem
flores lhe tivessem oferecido o dinheiro gasto nisso talvez ele pudesse ter
passado melhor, quem sabe mesmo fazer algum tratamento que lhe tivesse
prolongado a vida.
A Igreja celebrou o Grande
Jubileu do Ano 2000, o Ano do Rosário e tantos outros. Estes festejos costumam
durar um ano, com abertura e clausura solenes e depois… acabou e ficamos à
espera de outro. O Jubileu do ano 2000 teve alguma continuidade com a
realização do Congresso Internacional para a Nova Evangelização que ocorreu nas
dioceses de Viena, Paris, Lisboa, Bruxelas e Budapeste. E depois… Em Lisboa o
ICNE teve alguma continuidade, realizando-se uma missão anual na Vigararia de
Loures-Odivelas. Todavia é pouco, muito pouco. Em termos de evangelização não
conta praticamente. As igrejas de portas abertas em todas as capitais em que se
realizou o ICNE e que constituiu provavelmente o aspecto mais elogiado pelos
participantes, mas não só por eles, acabaram-se com o fim do ICNE. Já vi
pessoas, não me canso de o repetir, a rezar diante de uma montra de uma agência
funerária, cheia de santinhos, em localidade em que a igreja está quase sempre…
fechada!
No dia 20 de Novembro de 2016
o Papa encerrou o Ano Jubilar da Misericórdia. Encerrou definitivamente. Acabou!
Para que serviu? Sim, para que serviu? Para os operadores turísticos ganharem
algum dinheiro com as peregrinações a Roma e a onde havia portas santas? Algumas
paróquias e algumas dioceses até conseguiram continuar o ram-ram habitual, sem
ondas, sem celebrar qualquer jubileu nem organizar qualquer peregrinação. Logo quando
o Papa pede insistentemente para os cristãos saírem de si e outro Papa pedia
para os cristãos se fazerem ao largo!
Não deixemos que a
Misericórdia de Deus seja calada, nem sequer pela ineficácia das pastorais. Que
mais resta aos cristãos se emudecem a Misericórdia de Deus? A Misericórdia!
O Jubileu da Misericórdia não
serviu de nada se tiver acabado. Façamos jubileu da Misericórdia todos os dias,
ou corremos o grave risco de não parecermos cristãos.
Na paróquia do Bairro Padre
Cruz, em Lisboa, e em Guerreiros, paróquia de Loures, talvez também noutros
lugares que desconhecemos, após o encerramento do Jubileu, foi celebrado a
Abertura do “E depois… do Jubileu da Misericórdia”.
Porque celebrar a
Misericórdia é celebrar e louvar Deus, Nosso Senhor, ser misericordioso é ser
parecido com Deus, a Misericórdia Infinita.
Memorial da Misericórdia na Paróquia do Bairro Padre Cruz |
A proposta que apresentamos
pode servir para ajudar a perpetuar, tanto quanto humanamente esta palavra tem
significado, a Misericórdia na praxis pastoral e catequética.
CATEQUESE: A seguir ao Jubileu da Misericórdia
As crianças são convidadas a
levarem para a catequese um pacote de leite vazio, lavado por dentro e
embrulhado em papel liso, branco ou de cor clara para se poder escrever, para
se construir a Torre da Misericórdia, durante três semanas.
Na primeira semana
fala-se-lhes sobre a Misericórdia e pede-se a cada um que escreva no seu
pacote, que passa a ser TIJOLO, um acto de misericórdia de que tenha sentido
ter sido alvo.
Na segunda semana, pede-se-lhes
que escrevam um acto de misericórdia que pensem ter realizado.
Estas actividades não devem
substituir nem empatar a catequese normal.
Na terceira semana, ao
chegarem à catequese, já os tijolos foram usados para construir uma torre,
pelos catequistas, que está colocada no presbitério da igreja.
Cada criança escolherá um sinónimo
de Misericórdia.
Exemplos:
Outras palavras menos
evidentes mas consoante a sensibilidade das crianças serão aceites.
Cada uma escreve o seu
sinónimo num tijolo.
Noutro tijolo, todas as
crianças escrevem o seu nome e os catequistas também escrevem o seu.
Pode ainda haver um tijolo à
entrada da igreja onde todos os fiéis que vão participar nesta missa são
convidados a escrever o nome.
O padre que vai presidir à
missa assina outro tijolo.
Ao início da missa, depois da
saudação inicial, cada criança vai ao microfone ou à frente do presbitério e
mostra o seu tijolo, dizendo clara e pausadamente a palavra que lá está
escrita, virada de frente para a assembleia.
Depois leva o tijolo junto à
Torre da Misericórdia, onde os catequistas colam o tijolo, sobre os que já lá
estão, aumentando o tamanho da Torre.
Por fim são colocados no topo
da Torre o tijolo com as assinaturas da catequese, com as da comunidade
presente e com a do padre presidente da celebração.
Torre da Misericórdia |
Catequista: Ao longo deste
ano que terminou e em que a Igreja celebrou o dom da Misericórdia de Deus,
tentámos fazer as crianças da catequese entranharem quanto possível esta
maneira de viver cristã, pedindo e recebendo a misericórdia de Deus e dando-nos
e recebendo uns aos outros a misericórdia, o amor e o perdão.
Catequista: Tendo sido
encerrado o Jubileu da Misericórdia, propomo-nos continuar a ensinar a
misericórdia às crianças e pedimos a toda a comunidade que o faça também,
procurando viver o amor de Deus, amando até os inimigos.
Catequista: O tijolo assinado
por toda a assembleia que colocámos na Torre da Misericórdia significa este
pedido dos catequistas a todos vós. Oxalá seja também o vosso compromisso.
Catequista: Finalmente o
tijolo assinado pelo padre N… é o nosso pedido para que transmita a todos nós
continuamente a Misericórdia pela pregação da Palavra de Deus e pela dedicação
aos mais frágeis de nós.
A missa segue com o Kírie.
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